O TEMPO É AGORA. ADAPTAÇÃO DAS CIDADES LITORÂNEAS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.


The time is now. Adaptation of Coastal Cites to climate changes.

É preciso ação para conter a erosão costeira nas áreas urbanizadas


Os acontecimentos climáticos nas zonas costeiras nos últimos anos, é um sinal de alerta de que é preciso ação para aumentar nossa capacidade de resiliência nas praias urbanizadas. A resiliência é baseada em dois aspectos fundamentais: a continuidade e a recuperação de um sistema frente a uma mudança.

É visível a urgência em se adotar medidas mitigadoras, com ações bem projetadas para garantir mecanismos melhores para toda comunidade litorânea, cujo objetivo seja adaptação a mudança radical das circunstâncias no ambiente costeiro.

Retrospectiva de ocorrências recentes

Moçambique

Em maio de 2018 a cidade de Beira precisava de U$ 600 milhões para conter a erosão costeira.

Erosão na Praia Nova
Em abril de 2018 a erosão na Praia Nova na cidade de Beira, Moçambique. Foto: Site Voa Português  

No início março de 2019, o Ciclone Idai atingiu a costa de Moçambique com ventos de 175 km/h, causando erosão costeira e inundações, provocando a morte de 700 pessoas e afetando milhares de famílias. O custo para controlar a erosão costeira aumentou consideravelmente após o ciclone.



Pessoas amontoaram-se em cima de telhados e no que restou dos edifícios arrasados pelos efeitos do ciclone Idai

© Instituto Nacional de Gestão de Calamidades


Brasil

Em Abril de 2019, a revista EXAME publicou uma matéria “Elevação do nível do mar exigirá obras de até R$ 1,5 Bi em SP, diz estudo”.

Pesquisas mostram que, para conter o avanço do nível do mar no litoral brasileiro, serão necessárias políticas de longo prazo.                                    FONTE: EXAME

No final de junho de 2019, ventos de quase 100km/h atingiram o litoral de Santos provocando ruas alagadas e muretas quebradas por conta da força das ondas, comprometendo a eficácia do projeto piloto para conter a erosão costeira e minimizar os efeitos da ressaca na cidade.

Ressaca destruiu parte da mureta da orla de Santos, na madrugada de domingo  — Foto: Reprodução/TV Tribuna
Ressaca destruiu parte da mureta da orla de Santos, na madrugada de domingo — Foto: Reprodução/TV Tribuna

De acordo com a engenheira civil Alexandra Sampaio, coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas na Unisanta (NPH-Unisanta), as bags podem ter atenuado um pouco da energia das ondas, mas não foi suficiente devido à conjugação de ondas com a altura da maré muito elevada, fazendo com que a propagação das ondas se dessem em uma altura da maré favorável a atravessar as estruturas, disse ela em ao G1 Santos.

Urgência para adaptação das cidades litorâneas


No livro e “Recuperação de praias e dunas”, Nordstrom (2010), aponta a necessidade de se buscar uma maior eficácia nas ações para encontrar soluções que tragam benefícios ambientais no controle da erosão costeira. É preciso atingir metas de recuperação de praias com a utilização de um novo conceito de naturalidade, buscando nas soluções de engenharia a reconstrução da paisagem natural.

Na Revista Gestão Costeira Integrada - RGCI no seu volume 11(4), foi publicada uma Nota Técnica (Souza,2011) sobre “Recuperação de Praias”, que indica que após a instalação de uma estrutura dissipativa numa praia com forte processo erosivo, o sistema interage de maneira que promove a deposição de sedimentos no local aumentando o atrito na camada de fundo. 

Um bom exemplo de contenção da erosão costeira foi utilizado recentemente na praia de Ipioca em Maceió, em frente ao Hibiscus Beach Club, utilizando de forma pioneira no Brasil o Dissipador de Energia Sandbag, cujo resultado inicial foi surpreendente.

No local intervencionado, onde o mar tinha avançado mais de 14 metros entre os anos de 2017 e 2018, após a construção da obra o mar recuou mais de 15 metros e o perfil de praia está em recuperação. No trecho com extensão de 230 metros, ocorreu um acúmulo de areia de mais de 5.000 m³ em 60 dias, e já ocorreram 5 marés de sizígias no período. O monitoramento da obra continua.

Areia de boa granulometria continua se depositando na praia após construção do Sandbag.

O tempo não para. É preciso ação para conter a erosão em áreas urbanizadas, as emergências batem à porta. O tempo é agora!

FONTE: MARCO LYRA



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