Praias do litoral paulista em risco

Mudanças climáticas e interferência humana nas praias da região foram debatidas em fórum sobre meio ambiente em Guarujá


Estudo apresentado pelo Instituto Geológico aponta riscos com erosão costeira em todo o Estado
Estudo apresentado pelo Instituto Geológico aponta riscos com erosão costeira em todo o Estado Foto: JCN



O 1º Fórum Permanente dos Secretários de Meio Ambiente do Litoral reuniu 13 secretários e diretores de Meio Ambiente do litoral norte e sul de São Paulo em Guarujá, para debater as mudanças climáticas. O encontro foi realizado na tarde de quarta-feira, 28, no auditório da Unaerp. Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Maurício Brusadin, o fórum nasceu da recuperação do programa Verão no Clima. "Dessa junção nasceu a interlocução entre os secretários, hoje eles lançam um novo modelo de organização", afirmou.

A erosão costeira foi tema de um estudo apresentado pela doutora, pesquisadora científica e geóloga Célia Regina de Gouveia Souza, do Instituto Geológico do Estado de São Paulo. Célia estuda a costa paulista desde 1992 e constatou uma crescente erosão costeira (ou praial), ou seja, falta areia na praia, em quase todas as praias do Estado. A pior situação encontrada pela pesquisadora foi na praia de Barra Seca, em Ubatuba, na qual a taxa de recuo é de 0,78 metros por ano. Neste caso a erosão é fruto de causas naturais, não existem construções no local.
Na Baixada Santista, a praia do Gonzaguinha, em São Vicente, é um preocupante caso de interferência humana. Entre as décadas de 1950 e 1960 foram construídos 'espigões' para proteger a praia das correntes paralelas e do assoreamento. "A deriva litorânea é responsável pelo transporte e depósito da areia. Esses espigões barram a deriva litorânea e acumulam sedimento, e retém a areia que deveria estar caminhando no sistema. Só piora a situação da erosão", afirmou a pesquisadora.
Já em Santos, a Ponta da Praia é o ponto mais grave. O muro de contenção criado para proteger os prédios e a avenida da praia das ressacas contribuiu para o desaparecimento da areia. "As obras de proteção costeira tentam proteger a avenida da praia, mas não protege a praia", pontuou Célia, que estima a inundação da costa da Ponta da Praia em 1,66 metros em 100 anos. Os danos físicos às construções contemplarão prejuízos de R$ 1.043.498.249,00 calculados em função do valor venal de cada imóvel. A prefeitura de Santos iniciou a implantação de uma  barreira de contenção com mais de 500 metros de comprimento para reduzir o impacto das ondas e evitar a erosão.
Os secretários de Meio Ambiente de Guarujá, Cubatão, Caraguatatuba, Mongaguá, Bertioga, Santos, São Vicente, Ilhabela, Praia Grande e Itanhaém; os diretores de Meio Ambiente de Ilha Comprida e Cananéia; além da chefe de Divisão de Projeto e Convênios de São Sebastião, expuseram os problemas e soluções de suas cidades e propuseram um novo debate em uma nova região, como o Vale do Ribeira, considerado mais afastado das demais regiões. 
O secretário estadual garantiu que as discussões serão levadas ao governador Geraldo Alckmin. "A região é uma variável ambiental que demanda uma atenção maior. Aqui está o nosso oceano, as questões de resíduos sólidos que precisam ser debatidas. Vamos olhar pra essa região com o olhar de zelo que a região merece", alegou.
Ambiente Móvel
No período da manhã, a Unaerp recebeu o Ambiente Móvel do Sistema Ambiental Paulista, uma iniciativa da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) com o objetivo de encaminhar e sanar as pendências ambientais da região visitada. Nas duas primeiras edições, o encontro era voltado exclusivamente para prefeitos e interlocutores integrados ao “Programa Município Verde Azul” (PMVA). Nesta terceira edição, os munícipes foram convidados a participar de palestras, oficinas e workshops, com temas direcionados, por exemplo, para guarda responsável de animais, reaproveitamento de resíduos, fiscalização e proteção das áreas marinhas e fiscalização das áreas invadidas na Baixada Santista. 
Brusadin afirmou que toda a equipe da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo se deslocou para ouvir as demandas da população civil. "A gente tentou resolver as equações, discutir as licenças locais, discutir o zoneamento econômico ecológico, os problemas dos resíduos sólidos. A ideia central é fazer a secretaria se deslocar para toda a região".
Fonte: Sistema Costa Norte Comunicação

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