Atafona, perto do fim (RJ)

Por Rogério Travassos

Atafona é considerada um pacato distrito de São João da Barra, município localizado no norte-fluminense, a 314 quilômetros do Rio de Janeiro. Possui aproximadamente 30 mil moradores, incluindo São João da Barra, tendo um território de 432 quilômetros quadrados, possuindo como principal atividade econômica a pesca. Também conhecida como a "praia do apocalipse, Atafona vem há quase quatro décadas sendo destruída pelo mar que avança em direção à cidade num ritmo considerado acelerado, chegando a dez metros por ano. Quase vinte quarteirões já foram engolidos pelas águas, um saldo aproximado de quinze ruas e quinhentas casas destruídas, devido a uma erosão costeira que vem redesenhando a paisagem no local desde a década de 60. Esse ritmo, segundo especialistas, também pode ter relação com a estiagem que assola o Rio Paraíba do Sul no Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com o oceanógrafo David Zee, o rio funciona como um espigão hídrico enfrentando as ondas. Quando sua vazão diminui, o equilíbrio de força com o mar acaba. Ele explica que o litoral tem muitos sedimentos de areia e argila. Com o rio baixo, o carregamento desses detritos diminui e, com isso, há um menor aporte de água doce. “Todo o material se acumula na embocadura do Paraíba do Sul. O mar, então, passa a atuar com mais intensidade. O equilíbrio de forças que existia antes está acabando. O ciclo hídrico está todo desbalanceado.”, afirma o oceanógrafo. Segundo a Assessoria de Planejamento da Prefeitura de São João da Barra, o distrito possui características peculiares que fazem com que ali sejam sentidas essas transformações mais drásticas. “A forte dinâmica das correntes marinhas, a formação geológica e por ser o ponto de tensão dos ventos vindos do nordeste, além da construção irregular nas faixas do rio e do mar, fazem com que Atafona viva este problema com tanta intensidade”, enumerou a assessoria de Gestão Ambiental de São João da Barra. Também segundo especialistas, este fenômeno é considerado normal e as dunas são uma barreira própria criada pelo mar para que ele não avance tanto. A cidade tem diversas casas que já foram notificadas pela Defesa Civil, tendo a parceria do Ministério Público Estadual, Corpo de Bombeiros, Prefeitura e a própria Defesa Civil permitindo que se agisse com eficiência no ano de 2008.

O avanço do mar não é o único problema enfrentado pela população de Atafona. A região sofre também com a invasão das dunas de areia que soterraram 14 quarteirões. As dunas se deslocam rapidamente para as regiões urbanas e estão enterrando literalmente muitas dezenas de construções entre comércios e residências. Ruínas vêm se tornando ponto turístico.

A Avenida Atlântica que vai do litoral de Grussaí até Atafona, considerada o melhor caminho para chegar a Atafona, está tomada por dunas e o asfalto já cedeu em diversos pontos. Há locais em que já não é possível a passagem. Nos últimos anos, várias soluções têm sido discutidas para tentar conter o avanço do mar, como quebra-mares e muros, soluções de alto custo e possível ineficiência a longo prazo. Enquanto não existe solução, vários moradores deixam suas casas e outros até tentam oferecer suas casas por valores muito baixos, porém, sem sucesso. A natureza é implacável, deter os seus avanços é ainda solução de difícil solução humana. “A NATUREZA PODE SUPRIR TODAS AS NECESSIDADES DO HOMEM, MENOS A SUA GANÂNCIA.” (MAHATMA GANDHI).

Preserve o meio ambiente!

ROGÉRIO TRAVASSOS – Advogado, especialista em Direito Privado e Direito Ambiental. Professor Universitário com dedicação exclusiva a Universidade Salgado de Oliveira. Sócio e Advogado da Empresa de Consultoria AMBIENTE E TAL, morador da cidade de Maricá, em colaboração com as alunas, MONIQUE PORTELLA (10ºperíodo), JUCIANAN REIS ROCHA (4º período), MARIA LÚCIACARDOSO TRAVASSOS (7º período) estudantes do Curso de Direito, da Universidade Salgado de Oliveira, PROJETO DE PESQUISA - PESQUISANDO E FALANDO DE MEIO AMBIENTE.

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