Clima em fúria no Recife (PE)

Ventos fortes e ondas grandes devem castigar a capital de novo hoje. Ontem (17/07), ruas de Brasília Teimosa ficaram alagadas

Maria Bernadete Neves, 66, conta que não via cena igual há três décadas. Na madrugada de ontem, viu as águas do mar invadirem o terreno de sua casa na Rua Paru, como é conhecida a antiga Rua H, em Brasília Teimosa. Os moradores do bairro, que já presenciaram o drama dos habitantes das palafitas antes da urbanização da orla, tomaram um susto. Muitos foram à rua com medo das águas em plena madrugada. O filho de Bernadete, que mora atrás da casa dela, perdeu uma cômoda. O sofá molhado talvez não sirva mais. 

O episódio foi provocado pelo maior pico de maré deste ano no Recife, aliada ao anticiclone que ocorre de julho a setembro, que gera rajadas de vento e ondas altas. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o anticiclone está localizado na parte sul do Oceano Atlântico, onde fica em posição relativamente fixa. Ao variar para o norte, interage com os sistemas de vento da região Nordeste. Ontem, chegaram a 40 km/h. A previsão para hoje é de uma mínima de 20 km/h. O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) aponta, até as 21h, ondas muito fortes.

De acordo com a Marinha do Brasil, por volta das 4h28 de ontem a maré chegou aos 2,4 m, a mais alta do ano. Uma nova alta aconteceu às 16h53, medindo 2,2 metros, mas a água desta vez tomou apenas a faixa de areia, sem chegar à calçada. Na costa, as ondas chegaram a atingir três metros. Os reflexos não se restringiram às ruas alagadas de Brasília Teimosa. O calçadão de Boa Viagem ficou cheio de areia levada da beira-mar pelas águas. 

Socorro
A Capitania dos Portos emitiu, na última quarta-feira, um alerta de mau tempo para marinas, portos, agências marítimas e colônias de pescadores. O alerta vale até domingo. Navegantes podem ligar para a Capitania ou para o Salvamar Nordeste através do número 185.

As ondas fortes foram previstas para os trechos entre os municípios de Caravelas, na Bahia, e Touros, no Rio Grande do Norte. A Marinha orienta os navegantes a verificar todo o material de salvatagem, motores, casco, esgoto, além dos itens de segurança, como o rádio. A capitania também reforça que embarcações de pequeno porte não naveguem nesses dias.

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O Anticiclone
  • É um sistema climático semi permanente
  • Acontece no Oceano Atlântico Sul e se desloca pouco
  • O vento circula no sentido anti-horário
  • No inverno, pode se intensificar e se aproximar do continente devido às baixas temperaturas
  • 50km/h foi a velocidade máximo do vento na quinta-feira
  • 40km/h foi a velocidade máxima do vento na sexta-feira
  • Rajada é a mudança de velocidade do vento
Tabela de ventos

Velocidade Categoria/Nome Indicações visuais na superfície
1 km/h CALMA Folhas de árvores sem movimento. Fumaça sobe verticalmente.
1km/h a 5km/h ARAGEM Desvio da fumaça. Cataventos não são deslocados.
6km/h a 11km/h BRISA LEVE Ventos sentidos no rosto. Folhas de árvores farfalham. Catavento se move.
12km/h a 19km/h BRISA FRACA Bandeiras levemente agitadas. Folhas e galhos de árvores em movimento.
20km/h a 28km/h BRISA MODERADA Poeira e papeis soltos se elevam. Pequenos ramos são movimentados.
29km/h a 38km/h BRISA FORTE Árvores pequenas e folhagem oscilam. Ondas com cristas em lagos.
39km/h a 49km/h VENTO FRESCO Galhos grandes agitados. Assovio nos fios. Difícil usar guarda-chuvas.
50km/h a 61km/h VENTO FORTE Árvores inteiras em movimento. Difícil caminhar contra o vento.
62km/h a 74km/h VENTANIA Galhos de árvores são quebrados. Impossível andar.
75km/h a 88km/h VENTANIA FORTE Pequenos danos em edificações. Chaminés e telhas são arrancados.
89km/h a 102km/h TEMPESTADE Raro. Árvores são derrubadas. Danos consideráveis em edificações.
103km/h a 117km/h TEMPESTADE VIOLENTA Raríssimos. Grandes devastações. Derrubada de edificações, placas de sinalização etc.
118km/h FURACÃO/TORNADO

Fonte: DP

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