Maré alta destrói engorda da Praia de Barra de Jangada (PE)

Ondas abriram um grande buraco na praia e destruíram rua

Diego Nigro/JC Imagem

Para conter erosão, prefeitura será obrigada a instalar espigão na orla

Menos de ano depois de o município de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, ter concluído uma obra de R$ 41 milhões para tentar estabilizar o mar e devolver a praia aos moradores, a maré alta, combinada com ventos fortes, destruiu quase um quilômetro da engorda feita em Barra de Jangada. O monitoramento da prefeitura também detectou perda de areia em Piedade. Para minimizar os estragos, espigões de pedra serão construídos na orla, contrariando o projeto original.

Os paredões em formato de “Y” e de meia lua vão permitir que a água do mar saia e a areia fique retida, evitando erosão, explica a geóloga oceanógrafa Núbia Chaves, que presta assessoria técnica ao município. Ela ressalta a dificuldade de fazer obra de engenharia em área de foz. “O regime do rio e o do mar são muito diferentes e precisam ser combinados”, explica. “A gente sabia que podia ter problemas nesse local por causa da complexidade do ecossistema, mas não nessa magnitude. O impacto foi mais forte do que calculamos.”

A água que sai do Rio Jaboatão funciona como um molhe hidráulico, segundo a oceanógrafa, mudando o sentido das correntes marinhas. “Quando a vazão do rio é maior, a energia das ondas não se dissipa normalmente na praia, aumentando o potencial erosivo”, diz. “Em caso assim, geralmente é preciso fazer uma obra de contenção, como um espigão, mas não foi recomendado no projeto original.”

De acordo com a geóloga, o fator determinante para a destruição da engorda no trecho foi uma maré de sizígia (a mais alta do mês) com 2,9 metros, em setembro, aliada a ventos muitos fortes e atípicos. A areia colocada em cerca de 1 km de orla foi arrastada para o mar, formando um grande banco, que fica visível quando a maré está baixa, e outro mais distante da praia. As ondas também destruíram a rua, deixando só a calçada para o trânsito de pedestres e veículos.

Morador do local há quase seis anos, o funcionário público federal Manoel de Santana está praticamente impedido de sair de casa de carro. “Por enquanto, ainda dá para passar por cima da calçada”, diz, apontando o imenso buraco aberto pela maré alta, que arrastou até um muro de pedras, improvisado por moradores. “O pessoal da prefeitura esteve aqui e prometeu tapar o buraco, mas colocou só umas pedras, que não resolvem o problema”, reclama. Com medo de ficar sem energia, ele escorou o poste em frente à casa onde mora com madeira e amarrou a rede elétrica. “Nessa área aqui não dá mais nem para navegar”, lamenta.

A secretária de Desenvolvimento Urbano de Jaboatão, Fátima Lacerda, informa que a construção dos espigões não precisa de licença ambiental porque já estava indicada caso o monitoramento, feito regularmente pelo município, apontasse a necessidade de intervenção. Depois de instalar o espigão em Barra de Jangada, a prefeitura vai “engordar” o trecho novamente. “Vamos remover a areia dos dois bancos formados no mar e aplicar novamente na praia”, adianta Núbia Chaves.

No trecho do Hotel Dorissol, em Piedade, o problema é menos complicado. Como a areia está fugindo por uma fenda natural na barreira de arrecifes, os técnicos vão soldar as duas partes para evitar a evasão. A engorda deixou a praia 45 metros mais larga, mas a previsão da prefeitura é de que o mar provoque um “emagrecimento” normal de até dez metros.

Fonte: jconline.ne10.uol.com.br

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