Mar avança e erosão tende a piorar (RN)

Estudos apontam há décadas que o problema da erosão na costa potiguar é sério e só tende a piorar. Além de Ponta Negra - que recebe projeto de enrocamento para contenção e proteção do calçadão, afetado pela força das águas, nos últimos anos, outras 16 praias do litoral têm situação crítica. A TRIBUNA DO NORTE visitou algumas dessas praias e mostra o cenário de destruição e as tentativas frustadas de impedir o avanço das águas. Especialistas afirmam que os processos erosivos afetam mais de 60% das praias potiguares e causam, além de tristeza e frustração, prejuízos econômicos aos moradores que assistem suas casas serem levadas pelas águas do mar. Em Ponta Negra, o mar avança, em média, até 1,8 metros por ano. Mas na Ponta do Tubarão, em Macau, esse avanço chega até 50 metros por ano.
Barra de Maxaranguape: erosão se agravou em 2002. Desde então, situação só se agravou. Na orla, vários prédios ruíram
Numa tentativa de conter o avanço sobre o calçadão e a Avenida Erivan França, em Ponta Negra a Prefeitura promove o enrocamento da praia, já praticamente finalizado. O geólogo Venerando Amaro, que liderou a equipe técnica que fez o estudo antes do serviço em questão, acredita que essa não é a opção mais indicada. Para o estudioso, a melhor alternativa seria o processo de engordamento da praia, que consiste em retirar areia do fundo do mar e depositar na própria praia.

Mar avança uma média de 1,8 metro/ano em Ponta Negra

Estudos recentes mostram que dos anos 70 até 2012, o avanço relativo do nível médio do mar de Ponta Negra avançou uma média de até 1,8 metros por ano. O comportamento do oceano é fácil de se perceber. Basta dar um passeio no calçadão de uma das praias mais famosas da cidade para se deparar com obras promovidas pela Prefeitura com o objetivo de conter as ondas. O problema não é exclusividade de Ponta Negra. Estudos recentes mostram que o avanço do mar pode ser percebido nos 17 estados banhados pelo Oceano Atlântico, no Brasil. No Estado, o mesmo pode ser visto em outras 16 praias, principalmente, mais ao norte, como em Muriu, pertencente ao município de Ceará mirim, Barra de Maxaranguape e, no extremo norte, Macau.

A costa potiguar é dividida em dois setores pelos cientistas. A faixa de terra limitada a leste pelo Cabo Calcanhar, município de Touros, e a oeste pela praia de Tibau, município de Tibau – divisa entre os estrados do RN e Ceará – é nominada pelos cientistas de litoral setentrional. A extensão de terra limitada ao sul pela praia do Sagi, município de Baía Formosa – divisa do RN com Paraíba – e ao norte pelo Cabo Calcanhar, município de Touros, é denominada litoral oriental.

“Existem medições recentes na praia da Ponta Negra que indicam recessão da linha de praia, que é o avanço relativo do nível médio do mar, entre 20 e 40 metros entre a década de 70 e o ano de 2012, algo entre 1,5 a 1,8 metros ao ano”, explicou o geólogo Venerando Eustáquio Amaro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), especialista quando o assunto é erosão marinha.
Em Maxaranguape, o avanço terminou por deixar em ruínas prédio onde funcionava convento
Em Maxaranguape, o avanço terminou por deixar em ruínas prédio onde funcionava convento
Numa tentativa de conter o avanço sobre o calçadão e a Avenida Erivan França, em Ponta Negra a Prefeitura promove o enrocamento da praia, já praticamente finalizado. O geólogo Venerando Amaro, que liderou a equipe técnica que fez o estudo antes do serviço em questão, acredita que essa não é a opção mais indicada. Para o estudioso, a melhor alternativa seria o processo de engordamento da praia, que consiste em retirar areia do fundo do mar e depositar na própria praia.

Ele afirma que tudo o que for feito na tentativa de parar o mar é uma medida paliativa, visto que o as águas marinhas sempre avançam. “O mar avança naturalmente, é cíclico. Alguns setores observamos uma avanço de alguns metros, e em outros verifica-se até 20 metros. Depende da região”, afirmou Amaro.

Fonte: Tribuna do Norte

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