Associação ambientalista Oikos reivindica cartas de risco para o litoral (Portugal)

A associação ambientalista Oikos reivindica a elaboração de cartas de risco para o litoral de Portugal, que permitam «intervenções integradas» e o apoio à criação de «instrumentos de planeamento e ordenamento adequados».

Num comunicado hoje divulgado, a Oikos (Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria) defende, igualmente, a necessidade de «implementação da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, adotada em abril de 2010».

Impõe-se «parar com a construção de mais barragens», que, para além de «um elevado conjunto de outros impactes ambientais», agravarão «o défice sedimentar que já ocorre no litoral», adverte a associação.

É necessário «repensar a construção de obras pesadas», como esporões, enrocamentos e obras portuárias, apela a associação, sustentando que, «em muitos casos», este tipo de intervenções «têm vindo a agravar os problemas existentes» no litoral.

A deslocalização de pessoas e bens, das áreas de maior risco, «indemnizando-as de forma justa», é outra das medidas reclamadas pela Oikos para enfrentar «os graves problemas de erosão costeira, que afetam o nosso país, e aos quais, infelizmente, a região de Leiria não escapa».

Este ano, os efeitos da erosão costeira atingiram «consequências de maior dimensão, particularmente no Pedrógão», praia na qual a Câmara de Leiria, numa intervenção de urgência, depositou, durante o segundo fim de semana de janeiro, cerca de 15 mil metros cúbicos de areia, para travar novos danos decorrentes da agitação marítima, registada nos primeiros dias do ano.

O presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, exigiu, no dia 07 de janeiro, à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) «ação» no Pedrógão, acusando esta entidade de fazer «zero» para travar o avanço do mar na única praia do concelho.

O problema, que «não é novo», resulta de «anos e anos de políticas erradas no que concerne à ocupação do litoral» e que se tem vindo a agravar de «ano para ano», sustenta a Oikos.

A associação vem alertando para o problema da erosão costeira, «particularmente na região de Leiria», há «mais de duas décadas», criticando o «tipo de ocupação das áreas de risco, com diversos tipos de construções», e por outro lado, exigindo «uma mudança nas estratégias de ocupação do litoral».

Mas, «apesar dos alertas e das ocorrências catastróficas, nada parece estar a mudar», lamenta a Oikos, considerando que «a palavra de ordem dos responsáveis políticos continua, pois, a ser remediar em vez de planear, ordenar, e prevenir».

Mais uma vez, anunciam-se «verbas, no caso, 300 milhões de euros, para outras tantas obras, concretamente 311, para mais uma vez remediar os estragos», afirma a Oikos, considerando que «não só apenas se fala em remediar, como se continua com a opção política, quer do poder central, quer dos poderes locais, de permitir mais construção em áreas de risco».

O ministro do Ambiente, Moreira da Silva, anunciou, no dia 08 de janeiro, em Ílhavo, que o governo está a reavaliar a estratégia nacional de proteção do litoral, mas também a agir de imediato, com 313 intervenções, num esforço de 300 milhões de euros.
 
Fonte: Dinheiro Digital com Lusa

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