Jaboatão e Paulista, em PE, buscam recompor orla com técnicas distintas

Na primeira, Prefeitura está engordando faixa com areia do fundo do mar.
Em Paulista, 'bagwall' vai criar espécie de arquibancada para atenuar ondas.


Duas obras de contenção do avanço do mar e de engorda de praias estão sendo feitas no litoral da Região Metropolitana do Recife. Quando estiverem prontas, até o início do ano que vem, elas vão devolver aos moradores e turistas de Jaboatão dos Guararapes e de Paulista a tranquilidade de um banho de mar, como mostra reportagem do NETV 2ª Edição desta terça-feira (10).

Em Jaboatão, está acontecendo uma espécie de transposição: a areia que sai do fundo do mar a dois quilômetros do litoral da Praia do Xaréu, no Cabo de Santo Agostinho, viaja, em uma draga, para reforçar as praias. São 45 mil toneladas por dia e, assim, Piedade, Candeias e Barra de Jangada vão engordando. A previsão é que os trabalhos sejam concluídos até o fim deste mês.

Quando estiver tudo pronto, essa engorda terá consumido areia suficiente para encher quatro campos de futebol, de acordo com a Prefeitura do município, e a paisagem será reforçada em mais de 35m de largura na faixa de areia.

Dos 700m da primeira etapa da obra, 200m já estavam concluídos quando, em um trecho em Barra de Jangada, houve o que os especialistas chamam de fuga de areia: a faixa de areia, que já estava com 40m de largura, encolheu para 16m, por um motivo que os técnicos ainda tentam descobrir. "Nós vamos reestudar o que está acontecendo com as ondas, as correntes e, com base nesses dados, vamos criar alternativas para que esse material não fuja mais", disse a geóloga e assessora técnica da Secretaria de Meio Ambiente de Jaboatão, Núbia Guerra.

De acordo com a geóloga, a fuga de areia não compromete o andamento do serviço. "Não atrapalha em nada, é um fato muito comum em obras com extensões como aqui, cinco quilômetros. Era até esperado que houvesse mais pontos de fuga, mas a gente está tendo sorte que a dinâmica está ajudando a areia a ficar no local", explicou.

Em Paulista, são duas obras na praia, uma no bairro do Janga e outra em Pau Amarelo. Diferentemente de Jaboatão, o trabalho não é de engorda, mas de contenção do avanço do mar. A técnica utilizada é conhecida como bagwall e já foi testada em Alagoas e no Ceará. Sacos feitos de um material que se desmancha com o tempo são preenchidos com um tipo específico de concreto e colocados em camadas na areia. Uma parte já está enterrada e vai dar sustentação ao restante da estrutura; a outra vai ficar acima do nível do mar. A contenção vai ficar com o formato de uma arquibancada e servir para atenuar a força das ondas.

O secretário de Meio Ambiente de Paulista, Fábio Barros, explicou o que motivou a escolha da bagwall. "Primeiro, pela eficiência já observada em outras praias e também, principalmente, por ser mais sustentável que o uso de pedras. Ao mesmo tempo dá uma melhor visão da praia, pois garante o paisagismo, não permite que vetores fiquem nesses ambientes, como baratas e ratos, e dá acessibilidade à praia."

O trecho de Pau Amarelo terá dois quilômetros de extensão; no Janga, deverá se estender por quinhentos metros de praia. De acordo com a Prefeitura, os dois deverão estar prontos até março do ano que vem.

O oceanógrafo Pedro Pereira, de Universidade Federal de Pernambuco, falou sobre a diferença das técnicas usadas em Jaboatão e em Paulista. "A tecnologia que está sendo usada em Jaboatão é consagrada, visa recuperar a praia, trazer areia da praia de volta ao ambiente praial, além de deixá-la com as características naturais antes de o processo erosivo se instalar e remover toda a areia. Já o método usado em Paulista, que a gente chama de engenharia rígida, não vem para reconstruir o meio ambiente, mas para estabilizar a linha de costa e conter essa erosão e a perda do patrimônio na retaguarda da praia".

Fonte: G1

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