Efeitos da maré alta e movimento das dunas reduzem faixa de areia da praia de Ingleses, na Capital (Florianópolis - SC)

Celesc instala poste de fibra para reduzir risco de acidentes na rede elétrica soterrada, enquanto intendência organiza mutirão em APP

Luiz Evangelista/ND
Turista argentina Cecília Nuñes ficou frustada por não conseguir caminhar na areia da praia dos Ingleses
O avanço natural das dunas e as construções irregulares na orla acentuam os efeitos da ressaca no canto direito de Ingleses, um dos mais belos pontos da praia. A situação é mais crítica em trecho de aproximadamente 200 metros, onde é impossível caminhar em dias de maré alta. E, com o fim do verão, preocupa principalmente a colônia de pescadores artesanais da comunidade, a pouco mais de um mês do início da próxima safra da tainha – 15 de maio.

“Do jeito que está, até é possível para sair com a embarcação, mas não daria para enxugar uma rede de arrasto. Não tem mais praia”, diz o pescador Dinalto dos Santos, 69 anos, que já prepara as redes de caça de malha para enfrentar o mar a partir da segunda quinzena de maio, mas não está muito otimista. “No passado já foi um desastre, e, por enquanto, nem corvina estamos matando”, diz.

Dinalto e os colegas que mantêm seus apetrechos nos ranchos erguidos no canto direito esperam que pelo menos os entulhos arrastados pelas recentes ressacas sejam retirados da faixa de areia. São cabeças de pedra, restos de concreto e ferros retorcidos, que impedem a travessia e a chegada de pedestres e ciclistas pelo deque construído na frente da igreja da paróquia do Sagrado Coração de Jesus.

O próprio deque foi construído sobre os escombros do muro arrastado pelo mar, o que intrigou o casal de argentinos Francisco e Cecília, de Santa Fé, que ficaram frustrados. “Queríamos caminhar e conhecer melhor a praia, mas está muito difícil descer nas pedras. E a praia desapareceu”, disse Cecília. Eles ficam até o fim de semana em Florianópolis.

Praia estreita prejudica turismo e pesca
Apesar de ainda não existir nem estudo de impactos ambientais, segundo o intendente Adriano Flor, 38, a dragagem para alargamento da praia é uma necessidade urgente, não só para facilitar a atividade pesqueira. “No verão, em dias de maré cheia, foi impossível colocar a cadeira em alguns pontos da praia. E na próxima temporada, o problema com certeza vai se repetir”, reconhece.

Indicado pela atual administração municipal, Flor está no cargo desde janeiro, mas conhece bem a realidade de Ingleses – hoje com cerca de 50 mil moradores. Ele explica que está se inteirando da real situação do bairro, mas aponta o canto direito da praia como prioridade. “É um lugar lindo, mas está muito bagunçado, com denúncias de novas construções irregulares e entulhos”, conta. A primeira ação no local, em parceria com a Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital), recolheu parte do lixo espalhado pelas dunas. “Mas, a atuação da intendência é limitada, e precisamos fazer um mutirão naquele canto”, diz.

A idéia é mobilizar outros setores da prefeitura, como a própria Comcap e a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente) e Celesc, para recuperação da área degradada. “Do jeito que está, parece uma favela”, acrescenta.

Celesc instala poste de fibra para evitar acidentes nas dunas


Técnicos da Celesc devem concluir até sexta-feira a instalação de poste de fibra sobre as dunas do canto direito de Ingleses, onde parte da rede elétrica está soterrada, e a fiação ao alcance até de crianças. A informação foi dada ontem pelo engenheiro elétrico Adriano Luz, gerente técnico da regional da Celesc na Grande Florianópolis, após vistoria no local.

Segundo ele, trata-se de rede de baixa tensão, isolada. “Mas, há perigo de acidentes. Principalmente se houver rompimento de cabos ou alguém, inadvertidamente, se pendurar e arrebentar os fios”, reconhece.

Outro agravante apontado por luz é a proximidade com o mar, e a movimentação constante da areia. “No entanto, temos clientes que utilizam a energia regularmente, e não podemos desligar a rede. O único caminho para levar energia até eles Eé ecas dunas”, diz. O que deve ser questionado, segundo o engenheiro da Celesc, é como foram permitidas construções naquela APP (Área de Preservação Permanente).
 
Fonte:  http://ndonline.com.br/

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