Litoral sem solução a curto prazo (PE)

Ainda não há projetos para recuperação da erosão nas praias do Cabo, Ipojuca e Goiana
 
A Praia do Pilar, em Itamaracá, teve parte engolida. Governos federal, estadual e municipal têm projeto não executado (FOTOS: ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)
A Praia do Pilar, em Itamaracá, teve parte engolida. Governos federal, estadual e municipal têm projeto não executado
Os moradores dos litorais Norte e Sul do estado terão que esperar e, provavelmente, por meses para verem solucionados os problemas do avanço do mar. São raros os projetos voltados ao assunto e as discussões existentes dão os primeiros passos. Reportagem do Diario, publicada domingo, mostrou que a erosão marinha derrubou muros, calçadas, postes e coqueiros em praias como Maracaípe (Ipojuca) e Ponta de Pedras (Goiana). São praias que, ao contrário da orla de Jaboatão, Recife, Olinda e Paulista, não posssuem projetos sendo executados para conter a fúria do mar.

Enseada dos Corais, no Cabo, está entre as que mais sofrem com a erosão e não dispõe de projeto para amenizar a ação do mar. Com o agravamento da situação, Prefeitura do Cabo, CPRH e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) visitaram o local este mês. Decidiu-se acelerar o processo para intimar os proprietários dos imóveis à beira-mar a recuar. “Quase todas as casas avançaram sobre a área da marinha. Algumas, até 80 metros”, esclareceu o secretário municipal de Planejamento, Marcos Germano. Com o recuo, o município deve recuperar a vegetação da praia. Outra alternativa é a engorda da praia.

A solução para Maracaípe deve demorar. Com o acesso pela beira-mar destruído, o município negocia indenizações para viabilizar uma estrada por trás de casas, bares e pousadas. O acesso hoje é improvisado. Quando à erosão, a prefeitura, segundo a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Berenice de Andrade Lima, vai contratar estudos e buscar parcerias. “Maracaípe não pode ser entendida como uma questão isolada, mas parte de um problema maior”, argumentou.
A gravidade dos problemas no Cabo e em Ipojuca levou o estado a incluir os municípios nos debates sobre a recuperação da orla do Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão. “Buscaremos alternativas através do Projeto Orla”, adiantou o secretário executivo estadual de Meio Ambiente, Hélvio Polito. O Orla envolve municípios, estado e União e discute o ordenamento, o uso e a ocupação do litoral. Em sete municípios, a implantação do Orla foi concluída e em três está em fase de implantação. Em Itamaracá, ações foram definidas, porém ainda não executadas nas praias do Pilar e do Sossego.

“Muitos problemas da orla refletem a ocupação indevida”, reforçou Fabíola Nordato, responsável pelo Projeto Orla na SPU. Ao Sul, complementa o professor do programa de pós-graduação de Geociências da UFPE, Valdir Manso, parte dos problemas resultaram da construção de estruturas de contenção do avanço do mar sem critérios técnicos. É o que pode ser visto em Serrambi, Guadalupe e Toquinho. (Jailson da Paz) 

Fonte: DP

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