Obra para conter o avanço do mar cada vez mais próxima de iniciar | Grande Recife (PE)

Projeto pode começar em outubro e vai beneficiar o Recife, Jaboatão, Olinda e Paulista

A cada dia que a maré aumenta, as pessoas que moram próximo às orlas do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista temem as más consequências. O fato é que o mar vem avançando, visivelmente, e deixa marcas nada agradáveis. Não são raros os prédios cujos muros desabam, escadas que quebram e areia presente no meio da pista. Tudo causado devido à força das águas. No último fim de semana, por exemplo, a maré subiu e impressionou quem estava na praia de Boa Viagem.

De modo a evitar que esta situação se agrave, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) de Pernambuco já organizou o Projeto de Recomposição, o qual visa a contemplar os quatro municípios em situação crítica. A ideia, que está na fase dos últimos ajustes, é relocar bolsões de areia para tais orlas e, desta forma, substituir toda a área de pedra ainda existente. A previsão de início das obras é entre os meses de outubro deste ano e março de 2013.

“O que acontece é que as cidades estão avançando desordenadamente. As construções estão muito próximas do limite do mar. E como é muito mais difícil recuar a cidade inteira, a gente tem que trabalhar para conter o avanço do mar, já que ocorre uma junção da soma da maré natural adicionada aos ventos fortes e à elevação do nível do mar. Por isso, criamos um projeto que será feito de maneira integrada com as quatro cidades”, atestou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier.

De acordo com o gestor, serão retirados bolsões de areia do fundo do mar da praia do Cabo de Santo Agostinho e levados para os locais necessários. A alteração será feita em 48 quilômetros do litoral pernambucano, o equivalente a 25% de toda a zona costeira do Estado.

As obras foram orçadas em uma média de R$ 336 milhões. “A próxima etapa é conseguir uma licença, no final de outubro, da CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e, posteriormente, vamos começar as obras. A du­ração estimada é de dois anos, começando por Jaboatão, seguindo por Recife, Olinda e Paulista, já que o curso das marés segue nessa direção”, previu Xavier.

A comerciante Lia Maria das Dores, 62 anos, espera ansiosa o início do serviço. Há mais de 20 anos trabalhando na orla de Piedade, a idosa sabe bem a diferença de como era o mar, na década de 1980, para a força que as águas têm atualmente. “Naquela época, quando eu chegava, podia colocar as mesas lá embaixo, que não tinha problema de bater água. Hoje, os moradores não têm como ficar lá embaixo, depois das pedras. Tem que ser aqui em cima. Aí, acaba que vem pouquíssima gente”, afirmou.

O sentimento de preocupação é o mesmo da estudante Ketura Gomes, 18 anos. Moradora da avenida Boa Viagem, ela teme que o edifício em que mora seja atingido pelas águas. “Ontem (domingo) de manhã, tinha água batendo na ciclovia. E não vejo nada ser feito para conter isso. Já ouvi dizerem que vão colocar barreira no meio do mar, mas isso não adianta, porque o mar vai terminar avançando em outro canto”, comentou.
Fonte: Folha PE

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