Novo desbarrancamento é registrado no Bairro Triângulo, em Porto Velho (RO)

Em janeiro, 175 famílias precisaram sair de suas casas devido fenômeno.
Seca do Rio Madeira pode ter favorecido a queda do muro de proteção.


Barranco as margens do Rio Madeira está cedendo (Foto: Suelen Corsino/G1 RO)
Famílias que moravam no Bairro Triângulo, à margem do Rio Madeira, em Porto Velho, estão com medo de voltar para suas casas. Desde sábado, parte do enrocamento, técnica utilizada para conter desbarrancamento, está cedendo. Em janeiro deste ano, a força das ondas do rio aumentada pela construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, derrubou algumas casas. Desde então, a Santo Antônio Energia, responsável pela usina, transferiu as 175 famílias da área para hotéis da cidade.

A fenda que começou a se abrir há uma semana, segundo o morador Amilton Tenório da Silva, se estende por quase todo o perímetro em que as pedras foram colocadas, desde a captação de água da Companhia de Águas e Esgosto de Rondônia (Caerd), na Estrada de Santo Antônio, até a foz do Igarapé Santa Bárbara, no Cai n’Água, um total de 5,6 quilômetros.

O construtor de barcos Francisco Batista de Souza conta que nos 20 anos em que morou no local, nunca tinha visto fendas tão grandes. “Todo ano, quando o rio começa a baixar o nível, a terra cede um pouco, mas há sete meses, desde quando começou o problema por causa do vertedouro da usina, isso virou um caos. Agora, por causa do peso desse monte de pedras que colocaram aqui, as fendas no chão estão gigantes”, diz.
A fenda que se abriu na área de
contenção do Bairro Triângulo
indigna os moradores
(Foto: Larissa Matarésio/G1 RO)
Assustado, o barqueiro comenta que tem medo de voltar a morar no local. "Não tem condições, é muito perigoso. Todo mundo pode se machucar em uma pedra dessas", comenta Francisco.

Uma área que abrange os fundos da Fábrica de Gelo Rondônia, em funcionamento há mais de 30 anos, chegou a ser interditada no domingo (29) por volta das 17h pela Defesa Civil, para que a Santo Antônio Energia iniciasse o trabalho de enrocamento no local.

O morador do local há 36 anos, Eliomar Lopes da Silva, conta que todas as noites acorda assustado com os estrondos que as pedras fazem ao cair no rio.

O chefe da Divisão de Minimização de Desastre da Defesa Civil, Natanael Castro Moura, diz que o esforço do órgão é para que os antigos moradores não voltem a morar no local, tanto pelo perigo quanto pela área ser de preservação ambiental.

"Essa é uma questão antiga em Porto Velho que vem se arrastando, mas a nossa luta é para que os moradores não voltem para este lugar", fala Natanael. Ele também disse que há um ano a Defesa Civil tem feito vistorias diárias no bairro para fiscalizar a situação dos moradores.

Fenômeno estava previsto

Em nota, a Santo Antônio Energia afirma que os movimentos de terra e pedras verificados na margem direita, na região do Bairro Triângulo, já estavam previstos para esta época de baixa do Rio Madeira. Trata-se de uma acomodação do solo, visto que o muro de enrocamento foi realizado no período de cheia.

Segundo a empresa, o fenômeno já constava no relatório técnico apresentado aos órgãos competentes à época do desbarrancamento.

De acordo com a nota, ao longo do fim de semana, uma equipe de especialistas da Santo Antônio Energia iniciou o levantamento e diagnóstico das áreas afetadas.

Desde a manhã desta segunda-feira (30), uma equipe contratada pela empresa está no local cuidando da acomodação das pedras. As áreas que apresentaram o movimento de pedras e terra não acarretam riscos à nenhuma edificação.
"Essa é uma questão antiga em Porto Velho que vem se arrastando, mas a nossa luta é para que os moradores não voltem para este lugar."  ____  Natanael Castro Moura, Defesa Civil
A Defesa Civil municipal e Delegacia Fluvial isolaram a área afetada foi isolada. Os flutuantes que estavam atracados na região foram autorizados pela Marinha a ancorar em novo local, garantindo preventivamente a seguranças das pessoas que trabalham nas embarcações.
 
Fonte: g1.com


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