Um olhar sobre o mangue

Ecossistema, importante para manutenção da qualidade das águas estuarinas e costeiras, é assunto de campanha e chat na próxima semana.


Desde a semana passada está no ar a campanha Mangue Faz a Diferença, que conta com o apoio do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, uma coalizão formada por 163 organizações da sociedade civil brasileira, responsável pelo movimento “Floresta Faz a Diferença”. A ideia é mostrar a importância desse ecossistema para a manutenção da qualidade e fertilidade das águas estuarinas (encontro entre as águas do rio e mar) e costeiras, para a proteção contra erosão costeira e eventos climáticos extremos.

Além disso, a campanha quer alertar os brasileiros sobre os riscos que as mudanças no Código Florestal trazem para esse ecossistema, essencial para a vida marinha e atividades econômicas como a pesca. Na semana que vem, além de um bate-papo na quinta-feira, às 15h, estão previstas ações no Ceará, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal (confira as programações). Serão caminhadas, passeios de bicicleta, participações em blocos carnavalescos e festas regionais, ações com pescadores e extrativistas, mutirões de limpezas de praias e manguezais, entre outras atividades


Segundo Fabio Motta, coordenador do Programa Costa Atlântica, da SOS Mata Atlântica, os manguezais, em toda sua extensão, são berçários para muitas espécies de peixes e crustáceos com importância ecológica, econômica e social.

“Hoje, existem mais de 500 mil pescadores no Brasil. Se somados aos empregos indiretos, o número de pescadores ultrapassa 1 milhão, portanto, os mangues são uma fonte de renda para um número significativo de brasileiros. A defesa desses manguezais, além da participação dos pescadores, deve mobilizar toda a sociedade, pois são áreas fundamentais para a manutenção da vida marinha e para a economia do país”, disse.

E vale dizer: o texto do Código Florestal, aprovado no Senado, propõe a consolidação de ocupações irregulares em manguezais ocorridas até 2008, consolida ocupações urbanas nessas áreas e permite novas ocupações, sendo 35% em manguezais do bioma Mata Atlântica e 10% na Amazônia. “Como argumento, o projeto de lei defende a carcinicultura (criação de camarões), atividade que já é responsável por enormes passivos socioambientais no Nordeste do País”, explica Motta.
Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, destaca que os manguezais são áreas de uso comum da população e essenciais para a qualidade de vida das gerações atuais e futuras.

“O projeto de lei que altera o Código Florestal não tem coerência com o processo histórico do País, marcado por avanços na busca pelo desenvolvimento sustentável. Se aprovado, beneficiará um único setor econômico em detrimento do nosso capital natural e de nossas populações. A sociedade, representada em manifestações de empresários, representantes da agricultura familiar, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da juventude, dos sindicatos, de juristas e de tantos outros segmentos, já se posicionou contra o projeto de lei aprovado pelo Congresso e não pode ser desconsiderada”.


Tanto que em dezembro do ano passado, a presidente Dilma recebeu 1 milhão e meio de assinaturas de brasileiros contrários à aprovação do novo texto do Código Florestal. O projeto que altera o Código tem nova votação prevista para o início de março de 2012.
Bate-papo online

Na próxima quinta-feira (9/02), às 15 horas, acontece um bate-papo online sobre a campanha Mangue Faz a Diferença, que procurará desvendar os efeitos do novo Código Florestal para os ecossistemas de manguezais. Os convidados são Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, e Fabio Motta, coordenador do programa Costa Atlântica da Fundação. Ambos explicarão, entre outras coisas, a importância dos manguezais como berçários da vida marinha e fonte de renda, e sobre os riscos que eles correm com as alterações previstas na lei.

Para acompanhar, basta se cadastrar em www.conexaososma.org.br e acessar a rede no momento do evento. Você pode construir o conteúdo do bate-papo de forma colaborativa, enviando perguntas e comentários para os convidados antecipadamente neste fórum e também interagir pelo chat durante a entrevista.

Programação da campanha

• A partir de 8/2 – Rio Ceará e Praia de Iracema (CE); Coordenação: Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – AQUASIS.
• 11/2 – Santos (SP); Coordenação: Ecosurfi.
• 12/2 – Natal (RN); Coordenação: ONG Oceânica - Pesquisa, Educação e Conservação
• 12/2 – Vitória (ES); Coordenação: Associação Ambiental Voz da Natureza.
• 12/2 – Rio de Janeiro (RJ); Coordenação: Instituto Mar Adentro e Projeto Coral Vivo.
• A partir de 17/2 – Canavieiras (BA).
• 18/2 – Paraty (RJ); Coordenação: Associação de Monitores Ambientais de Paraty – AMAPA.
• Início de março: ações em Brasília (DF). Coordenação: Fundação SOS Mata Atlântica.
Fonte:  http://eptv.globo.com/terradagente

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