Metro quadrado no Icaraí tem alta de 220%

Casas e apartamentos do Icaraí experimentam uma super valorização, como reflexo de alguns fatores favoráveis
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Imóveis de diferentes padrões atendem à demanda variada que chega à praia, como reflexo das obras de construção do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante  | JOSÉ LEOMAR


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O Bagwall é a técnica utilizada na parede de concreto para conter as marés na faixa de praia 
VIVIANE PINHEIRO
Caucaia. A aproximação com o Porto do Pecém, os investimentos que vêm ocorrendo naquele Município e, por fim, as obras de contenção de marés, que devolveu a balneabilidade às praias do Icaraí, em Caucaia. Essas são as explicações dadas para o "boom" imobiliário, que a região vem experimentando no momento. Se em 2007 o valor do metro quadrado custava R$ 500,00, hoje está valendo R$ 1.600, o que representa um aumento de 220%.

O proprietário da Pereira Imobiliária, José Pereira Alves, disse que a movimentação do mercado foi como se experimentar "uma passagem do céu ao paraíso", compara.

Enquanto que os negócios a partir de 2006 começavam a decair, decorrentes do desencanto ocasionado pela erosão marinha no lugar e pelo desinteresse de moradias, houve, de repente, conforme ressalta, uma procura jamais vista por casas e apartamentos. Com isso, a valorização dos alugueis foi mais sentida.

"Boa parte da nossa demanda são pessoas de nível superior e médio que trabalham no Pecém. Eles preferem alugar apartamentos no Icaraí, uma vez que dispomos de melhor infraestrutura para os seus moradores", afirma Pereira.

Com 40 anos atuando como corretor de imóveis, Pereira destaca os trabalhadores do Pecém como principais interessados. Afinal, a distância entre o Icaraí e aquele Município fica em torno de 48 quilômetros, com acesso por uma estrada em boas condições de tráfego.

Infraestrutura
Enquanto isso, lembra que o Icaraí se equipou melhor do que as praias vizinhas, como o Cumbuco e a Tabuba, na oferta de supermercados, restaurantes e, inclusive, na criação de condomínios seguros para o consumidor de classe média.

Na sua opinião, o sucesso do lugar deve ser atribuído, particularmente, ao empreendedorismo visionário do Conde de Morais (homenagem concedida a Francisco Martins de Morais), fundador dos principais equipamentos urbanos, tais como calçamento, loteamento, condomínio, construção da antiga casa do governador na época, mansão da família Morais, atualmente mansão Bonamezza. Por sua iniciativa, foi criada a primeira linha de ônibus para atender a população local e das adjacências.

"Hoje, os proprietários de imóveis não querem mais vender, e sim alugar. Isso porque um apartamento que antes valia R$ 500,00 de aluguel, hoje está custando R$ 1.100,00 e com muita dificuldade para se encontrar uma unidade disponível", disse o corretor imobiliário.

Exemplo de interesse naquele trecho do Litoral Oeste do Ceará é o paraense Arlindo Ferreira Júnior, 26 anos, residente no Condomínio Alvorada. Ele divide o apartamento com mais cinco colegas de trabalho na empresa Qualitec, que vem atuando na usina termelétrica do Pecém. "Para nós, tem sido uma moradia agradável, tanto pela paz quanto pela aproximação do local de trabalho e da Capital", disse.

O apartamento possui três quartos e o condomínio, de frente para o mar, dispõe ainda de piscina. Pelo aluguel, a empresa paga R$ 1.100,00, conforme informou Pereira, que fez a transação do aluguel de 10 unidades para empresas diferentes que atuam no Complexo do Pecém.

"Aqui é muito tranquilo e não há história de violência. A nossa sorte ficou maior porque é alta estação para os estrangeiros e daí há sempre grande movimentação noturna no Cumbuco", afirma Arlindo.

Ele lembrou que todos os custos de manutenção da residência são pagos pela empresa, como aluguel, alimentação e os deslocamentos para o trabalho. "Para quem é solteiro, aqui é um paraíso. O incômodo maior é para os casados", ressalta o novo morador do Icaraí, com um ano de moradia.

Para os comerciantes, a nova safra de membros da comunidade também incrementa os bares, restaurantes e toda a rede de serviços daquele trecho do litoral, como afirmou José Paulo de Sousa.

"A maioria desses novos residentes é formada por gente de outros Estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pará. Eles não se importam tanto com o valor do aluguel, porque em seus Estados os valores são ainda mais elevados. Também o custo de vida não é tão elevado quanto naqueles centros", disse José Paulo.

MAIS INFORMAÇÕES 
Instituto do Meio Ambiente de Caucaia (Imac)
Rua Tobias Correia 714 - Centro
Telefone: (85) 3342.1062
TECNOLOGIA
Obras de contenção prosseguem na praia

Caucaia.
 Devolver a balneabilidade à Praia do Icaraí é forte motivo para acrescentar ao "boom" imobiliário do local. O secretário de Meio Ambiente de Caucaia, João Artur, lembra que as obras já são responsáveis por uma nova paisagem no lugar. Principalmente porque favorece os banhos, o que até pouco tempo não estava sendo possível na praia.

Para a obra, foram assegurados recursos para os 1.370 metros do projeto inicial, que contempla uma longa faixa da praia. O modelo de contenção de erosão implantado no Icaraí é exemplar e tem sido elogiado por engenheiros de diferentes centros do País. As obras foram iniciadas em setembro do ano passado. A técnica adotada é denominada "Bagwall", um dissipador de energia com cerca de 11 andares, que utiliza formas geotêxteis preenchidas com concreto em sua composição. As obras são feitas de acordo com as marés.

Para os serviços, foram assegurados recursos do Ministério da Integração Nacional, no valor de R$ 7,9 milhões, com contrapartida de 5% da Prefeitura de Caucaia. A administração também pretende requerer mais R$ 1 milhão para a construção de mais cerca de 400 metros de faixa de praia.

Para João Artur, a grande preocupação no Município passou a ser a construção de novos imóveis e que venham a infringir a lei de uso e ocupação de solo. Ele lembrou que as construções são licenciadas por lei de 2003, mas uma nova se encontra em fase de elaboração, para preservação dos recursos naturais do entorno do litoral.

Marcus Peixoto
Repórter

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