Mar avança em Paulista

Moradores tiveram um dia de tensão e muitos prejuízos. Convênio do Projeto Orla deve ser assinado hoje (31/08).

Na madrugada de ontem (30/08), a maré alta inundou casas e bares na orla de Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Com pico de 2,7m, as águas derrubaram paredes, árvores e postes. Por sorte, não houve uma tragédia. Foi a maré mais intensa do mês de agosto.

Os moradores não esquecem os momentos de tensão. O comerciante Reinaldo José Calazans Soares, 38, do Bar do Bão, estava no estabelecimento (onde também reside) com a mulher e com um amigo, quando, por volta das 4h, ouviu um estrondo e viu a parede do quarto rachar. “Quando olhei, só pensei em tirar minha esposa de lá. Foi a gente sair e tudo desabar. Foi por muito pouco mesmo. O que faremos agora?”, questionou. A previsão da Capitania dos Portos não é animadora. Por conta da Lua nova, os transtornos devem recomeçar às 5h08, com ondas de até 2,7 m, e às 17h32, com máxima de 2,5m. As consequências da preamar também foram sentidas na beira-mar de Olinda, principalmente no bairro do Varadouro.

O prefeito de Paulista, Yves Ribeiro, deverá assinar hoje, às 14h, o convênio de adesão ao Projeto Orla, do governo federal. A iniciativa visa disciplinar o uso e a ocupação da zona costeira da cidade. Segundo a Defesa Civil da cidade, o órgão não pode interferir na área até a adesão ao plano nacional, por recomendação do Ministério Público Federal. De acordo com a coordenadora Marli Santos, apenas uma moradora reside no local e ela já está recebendo auxílio moradia.

Sem constar nos registros da prefeitura, os moradores não esperaram pelas autoridades e aproveitaram o intervalo entre os picos de maré (as ondas gigantes se repetiram às 16h49) para evitar o pior. “Acordei para ajudar o meu vizinho. Quando dei por mim, uma árvore desabou na minha casa. Agora é assim, a gente vive esperando a desgraça, se protegendo como dá, fazendo umas barreiras na porta pra não deixar a água entrar, mas nada adianta mais. Se tivéssemos para onde ir, claro que já teríamos saído”, desabafou o aposentado Erick Cordeiro, 44. Pedras, lascas de madeira, areia e até mesmo os destroços do estabelecimento que desabou estão sendo utilizados pelos moradores no intuito de prevenir maiores transtornos.

Obras

Apesar dos programas de contenção do avanço do mar já terem sido apresentados pelo governo do estado, as obras ainda não começaram. Um estudo de impacto ambiental está sendo feito em paralelo ao projeto executivo que avaliará a quantidade e qualidade do material utilizado nas obras. O estudo deverá ser concluído no final de novembro, para então começar o processo licitatório das intervenções em Paulista, Olinda, Recife e Jaboatão. Entre elas está a engorda da praia e a construção de espigões e quebramares. O investimento é de R$ 280 milhões. (Adaíra Sene)

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/2011/08/31/vidaurbana2_0.asp

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