Engenharia e as estratégias para alargamento sustentável de praias

No cenário de desenvolvimento urbano e crescimento populacional, a discussão sobre o alargamento da faixa de areia nas praias assume grande relevância. Essa prática, muitas vezes associada a intervenções para conter a erosão costeira, levanta questões ambientais, sociais e técnicas que demandam uma abordagem equilibrada e responsável.

Nesse sentido, o Confea ouviu alguns profissionais, entre eles o especialista em Obras de Defesa Costeira, eng. civ. Marco Lyra. Ele explica que o alargamento de faixa de praia ou engorda artificial de praia, tecnicamente conhecido como aterro artificial de praia, é uma obra de engenharia para proteção costeira, para evitar ou reduzir a erosão da linha de costa. A técnica consiste na colocação artificial de areia preferencialmente de mesmo tamanho, densidade e granulometria do material original da praia.

Especialista em Obras de Defesa Costeira, eng. civ. Marco Lyra

Segundo Lyra, a engorda natural exige novos conceitos na definição de obras de defesa costeira com o objetivo de promover a recuperação de praias. “No ambiente costeiro, os ventos desempenham um papel crucial, indo além da geração de ondas para influenciar as correntes litorâneas. Compreender essa interação é essencial para engenheiros especializados desenvolverem estratégias eficientes na preservação e restauração das zonas costeiras.”, defende Lyra.

Ao ser perguntado sobre a melhor técnica para proteção costeira, independente da solução técnica a ser adotada, ele numera cinco itens: custo de implantação; custo de manutenção; disponibilidade do material; impacto ambiental e durabilidade. “As experiências com obras tradicionais não estão aumentando a capacidade de resiliência da praia. É preciso mudar a concepção dos projetos de engenharia para proteção costeira".

Segundo Lyra, a engorda natural exige novos conceitos na definição de obras de defesa costeira com o objetivo de promover a recuperação de praias. “No ambiente costeiro, os ventos desempenham um papel crucial, indo além da geração de ondas para influenciar as correntes litorâneas. Compreender essa interação é essencial para engenheiros especializados desenvolverem estratégias eficientes na preservação e restauração das zonas costeiras.”, defende Lyra.

Ao ser perguntado sobre a melhor técnica para proteção costeira, independente da solução técnica a ser adotada, ele numera cinco itens: custo de implantação; custo de manutenção; disponibilidade do material; impacto ambiental e durabilidade. “As experiências com obras tradicionais não estão aumentando a capacidade de resiliência da praia. É preciso mudar a concepção dos projetos de engenharia para proteção costeira".

Engorda natural e artificial

O especialista acumula diversas realizações, como a bem-sucedida engorda natural na praia de Marceneiro (AL) após a instalação do dissipador de energia Sandbag. Esta estrutura, enterrada na areia da praia  e flexível, tem como objetivo impulsionar a recuperação do perfil praiano, preservando o contorno natural e não linear da costa. Segundo ele, "após a conclusão da obra, a praia emerge gradualmente, o mar recua ao longo do tempo, a berma natural se forma e a vegetação de restinga retorna, restituindo a beleza da paisagem local".

Recuperação da vegetação de restinga na Praia de Marceneiro (AL) 

Como exemplo mais famoso de engorda artificial Balneário Camboriú (SC) certamente é a cidade em que essas intervenções ganharam mais projeção devido à grandiosidade da obra. Foram nove meses de obra em 2021, que resultaram em 70 metros a largura da faixa de areia e a praia foi aumentada em toda extensão da orla, que é de 5,8 quilômetros.

De acordo com o engenheiro civil da Prefeitura de Camboriú (SC), Toni Fausto Frainer, foram feitas modelagens matemáticas e simulações, então o projeto é previsto para os próximos 100 anos.  "Paralelo a isso, é feito o monitoramento e toda obra é precedida de licença ambiental, que é fundamental para que ocorra tudo dentro da normalidade”. Ele ainda comparou o alargamento feito nos anos 70, em Copacabana (RJ), com o que foi feito em 2021 em Camboriú. “O volume de areia por dia que eles levaram 15 dias nós fizemos em três. A tecnologia evoluiu muito nessas décadas, possibilitando um alto volume de produção”, comparou. 

Registros da obra em Camboriú

De acordo com um levantamento recente da Folha de S. Paulo, entre 2018 e 2023, foram realizadas 24 intervenções de grande porte ou estão projetadas para os próximos anos. Além das engordas de praia, há a construção de espigões, estruturas rígidas perpendiculares à praia para retenção de areia. A demanda crescente por intervenções no litoral brasileiro projeta o uso equivalente a 12 Maracanãs de areia para o alargamento de praias.

Sobre a areia

Em 2022, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicou um relatório ressaltando a importância de reconhecer a areia como um recurso estratégico. Segundo o documento, a areia ocupa a posição de segundo recurso mais explorado do mundo, logo após a água, com uma demanda anual que ultrapassa 50 bilhões de toneladas. Diante desse cenário, torna-se crucial a administração sensata desse recurso, destacando a necessidade urgente de adotar melhores práticas em sua extração e gestão. 

Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação com informações da Folha de S. Paulo
Fotos: arquivo pessoal Marco Lyra e Toni Frainer

FONTE: CONFEA