Avanço do mar leva Marechal Deodoro a decretar emergência
Maré alta destruiu estabelecimentos comerciais e tem invadido casas no povoado Barra Nova
Depois que o mar destruiu estabelecimentos comerciais e passou a invadir casas no povoado Barra Nova, na cidade de Marechal Deodoro, Litoral Sul de Alagoas, a coordenação da Defesa Civil do estado orientou para que o prefeito Cláudio Filho decretasse situação de emergência além de orientar os moradores a desocuparem a área. Nesta terça-feira (22) foi dado início a um trabalho paliativo de contenção a maré alta com a utilização de pedras na região onde houve erosão costeira.
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O coordenador da Defesa Civil Moisés Melo afirmou que o decreto de emergência deve ser feito nesta quarta-feira (23) e no mesmo dia o estado deve reconhecer a situação e enviar o pedido para o governo federal. Com a liberação de recursos será realizado um projeto a longo prazo para a contenção do avanço do mar. Moisés Melo explica ainda que já existe projeto para garantir a preservação da área.
Imóveis na faixa de praia
Há vários casos onde o avanço do mar causou prejuízos no litoral de Alagoas. Na Praia de Sauaçuhy, no Litoral Norte de Maceió, muitas casas tiveram que ser abandonadas por terem sido construídas na faixa de areia da praia e foram alcançadas pela maré alta. No Mirante da Sereia, bares foram condenados pela Defesa Civil depois que o mar avançou e destruiu as estruturas. Mesmo com todos os riscos iminentes, construtoras insistem em vender o “sonho de morar no paraíso com o pé na areia”, construindo prédios muito próximos do mar.
Apesar dos constantes esforços do Ministério Público Federal (MPF) de tentar embargar obras de torres de mais de 20 andares construídas muito próximas do mar de Guaxuma e Riacho Doce, no Litoral Norte de Maceió, o plano diretor de Maceió acaba deixando “brechas” para que as obras continuem.
Verticalização à beira-mar
Movimentos como o Abrace a Garça têm se engajado desde que o primeiro prédio começou a ser construído naquela região, mas as torres estão cada mais presentes na paisagem, antes tomada por coqueirais e casas dos moradores antigos. Eles alegam que a região não tem estrutura para receber novos imóveis, já que não existe saneamento básico nos bairros e com o aumento brusco do número de residências, as redes elétricas podem não dar conta da distribuição de energia.
O professor de biologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Gabriel Le Campion explica que o mar é imprevisível e construir tão perto da água pode trazer prejuízos como a condenação do imóvel. Para além das perdas financeiras, o especialista destaca os danos ambientais que podem ser irreversíveis.
Alguns dos impactos dessas construções são:
- Redução da incidência solar direta na areia;
- Desconforto térmico, pois a praia, que, anteriormente, era um local com sensação térmica agradável, condizente com o ambiente à beira mar, começa a apresentar a sensação de “frio”;
- Prejuízo à qualidade sanitária da areia, uma vez que a redução de incidência solar direta propicia a proliferação de fungos, possibilitando a maior transmissão de doenças de pele e respiratórias;
- Prejuízo sobre a beleza cênica da praia, já que o sombreamento interfere na paisagem, formando mosaicos de áreas sombreadas e iluminadas;
- Declínio da restinga, vegetação típica do litoral;
- Perda do atrativo turístico;
- Insatisfação por parte dos banhistas, pois o sombreamento promove uma redução do tempo de permanência na praia no período vespertino;
- Conflito de usos da areia da praia e alteração das atividades de recreação, alterando deste modo a relação dos usuários com o ambiente;
- Prejuízos sobre as atividades comerciais;
- Expulsão das comunidades tradicionais, como pescadores.
- Confira vídeo no link abaixo:
- https://www.op9.com.br/al/noticias/avanco-do-mar-leva-marechal-deodoro-a-decretar-situacao-de-emergencia/
FONTE: OP9
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