'Esgotos lançados ao mar podem destruir a orla de Maceió', diz oceanógrafo (AL)
Segundo Gabriel Le Campion, efluentes sem tratamento levam detergentes letais ao mar
Gabriel Le Campion diz que fora o dano ambiental,
esgoto lançado ao mar provoca várias doenças na população
Foto: Adailson Calheiros / Arquivo
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Se o esgoto de Maceió continuar a ser jogado no mar – como já ocorre há algum tempo e no último dia 18 voltou a chamar a atenção da população – a orla da cidade pode ser destruída. Essa afirmação é do biólogo e oceanógrafo Gabriel Le Campion.
“O esgoto traz detergentes letais ao ambiente marinho, destruindo as larvas dos organismos bentônicos nos recifes. E são eles que protegem o avanço do mar. Daí o perigo”, explica Gabriel Campion.
Fora o dano ambiental, o constante lançamento de esgoto no mar também pode provocar várias doenças na população e não somente de quem vive na região litorânea de Maceió ou mesmo quem se banha nas praias maceioenses.
“O esgoto no mar pode provocar de micoses à hepatite. Também podem ocorrer problemas viróticos na medula óssea que podem causar paralisia e pneumonia por baixar a imunidade. Eu mesmo tive pneumonia quando morei na Jatiúca, próxima a uma língua suja que existe lá. Além disso, o spray provocado pelas ondas pode adentrar no continente entre 50 a 100 quilômetros e com o mar contaminado, são doenças que se espalham”, diz o oceanógrafo.
Gabriel Le Campion destaca que não é possível saber ao certo os impactos da poluição no mar de Maceió por causa da falta de estatística que auxilie nesse levantamento, como por exemplo, quantas pessoas estão com hepatite ou contraíram pneumonia.
“Esse problema é muito grave e não vem ocorrendo de hoje. Desde que a cidade começou a crescer, deixaram que isso se desse de forma desordenada e sem planejamento algum. Maceió cresceu sem rede de esgoto e alguns locais foram urbanizados sem água. Vários prédios da orla fizeram ligação clandestina e de outros bairros também, cujo esgoto desce para os bairros litorâneos. Além disso, não há manutenção adequada na rede, provocando seu entupimento e extravasando para a galeria pluvial”, diz.
GESTÃO
Para Gabriel Le Campion há um histórico problema de gestão nos órgãos ambientais em todas as esferas de governo. E para resolver o problema do saneamento é necessário pensar em médio e longo prazo.
“É claro a responsabilidade do esgoto é da Companhia de Saneamento de Alagoas, mas é preciso que todos os atores envolvidos atuem em conjunto e planejem em longo prazo. Obras de esgoto são caras e demoram, mas possuem financiamento com juro baixo e precisam ser feitas. Por isso afirmo que há problema de gestão”, diz.
Fonte: tribunahoje.com
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