Contratação da USP para estudar erosão ocorrerá até novembro
O contrato será firmado entre a instituição de ensino e a Codesp
A contratação da Universidade de São Paulo (USP) para a realização dos estudos sobre os impactos da dragagem do Porto de Santos na orla da Cidade, em especial no processo de erosão da faixa de areia, ocorrerá nas próximas semanas, possivelmente até o mês que vem. A medida foi debatida quarta-feira(7), na reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), na sede da Prodesan, em Santos.
A pesquisa também indicará medidas para reduzir a erosão nas praias e identificará quais os maiores navios que devem escalar no cais santista nos próximos anos e o quanto o canal de navegação do complexo pode ser aprofundado.
O termo de referência para o trabalho foi entregue à USP na semana passada. Ele foi elaborado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), com a participação da Prefeitura de Santos e de empresários do Porto. O contrato será firmado entre a instituição de ensino e a Codesp.
Segundo o secretário municipal de Assuntos Marítimos e Portuários, José Eduardo Lopes, o próximo passo é a universidade definir o preço da pesquisa e a forma de contrato. “Vamos produzir um estudo único, que vai levar em conta o desenvolvimento do Porto de Santos e o impacto ambiental”, afirmou.
Lopes acredita que o contrato seja firmado até o mês que vem. A USP trabalha com o mesmo prazo, como informou sua assessoria de imprensa.
A pesquisa também é defendida pelo promotor do Meio Ambiente Daury de Paula Júnior, do Ministério Público Estadual. Segundo ele, o avanço do mar na Ponta da Praia foi causado, principalmente, por intervenções no canal do porto. “Não há dúvidas de que o problema é a dragagem”, disse.
Essa também é a opinião de Eduardo Lustoza, diretor da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS) no Comdema. “A erosão (na Ponta da Praia) vem do alargamento da calha e do aprofundamento do canal. É uma questão matemática e óbvia”, diz.
Pesquisa irá avaliar impactos da dragagem na erosão da Ponta da Praia |
A Codesp, responsável pela manutenção do canal, contesta as afirmações. Desde 2010, ela monitora a dragagem e o acúmulo de sedimentos na Baía de Santos. “Ainda temos que entender por que a Ponta da Praia ficou daquele jeito. Já sabemos, por exemplo, que 65 rios que vêm do continente trazem sedimentos para o mar”, explica Márcia Jovito, gerente de Controle Ambiental e representante da Docas no Comdema.
Segundo Márcia, o problema é antigo. “A erosão começou na década de 1940. Temos fotos e levantamentos que provam que a quantidade de ressacas tem aumentado. São diversos fatores que causam o problema e não apenas a dragagem”, explica Márcia.
Soluções
A construção de molhes guia-correntes na Baía de Santos foi uma das soluções discutidas para reduzir a erosão, durante o encontro de ontem. A obra foi tema de reportagem publicada em A Tribuna no último dia 20. A matéria trouxe a opinião de especialistas sobre o empreendimento, um tipo de quebra-mar saindo da margem do canal, na Ponta da Praia, e viria beirando a faixa de areia.
Segundo Eduardo Lustoza, da AEAS, a barreira faria com que a corrente marítima não mude o percurso, como vem acontecendo. “A corrente está se chocando com a parede do talude que, no caso, é a praia”, afirma.
O secretário José Eduardo Lopes, no entanto, afirma que apenas o estudo da USP poderá dar a certeza do que deve ser feito.
Com os resultados em mãos, o Porto poderá, também, planejar seu crescimento, segundo o secretário. “Queremos trazer navios capazes de transportar 20 mil contêineres e precisamos saber como aprofundar o canal sem causar problemas ao meio ambiente”. Hoje, o cais santista tem um canal com 15 metros de profundidade, o que permite a escala de navios de até 10 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).
Fonte: atribuna.com.br
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