Avanço do mar no Açu não é obra do acaso (RJ)
Implantação do Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu pode ser uma das causas dos impactos ambientais que vêm acontecendo na região
Na última terça-feira (23 de setembro), o mar invadiu a Avenida Atlântica, no Açu, e os moradores antigos do lugar disseram nunca ter visto as casas serem tomadas pela água com tamanha agressividade. O fato chamou a atenção do ambientalista Aristides Soffiati e, para ele, a implantação do Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu pode ser uma das causas desses impactos ambientais que vêm acontecendo na região.
O ambientalista disse que existem pareceres técnicos de estudiosos da área que analisaram o fenômeno do avanço do mar no Açu. Segundo Soffiati, um desses estudos – elaborado pelo geógrafo especializado em engenharia costeira e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Bulhões – foi feito a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e nele foi apontada a possível explicação para os últimos “fenômenos da natureza” no Açu.
De acordo com Soffiati, o avanço do mar nesta época do ano é comum, mas a significativa perda da faixa de areia da praia – cerca de quinze metros nos últimos quatro anos – é preocupante.
Ele explicou que existem duas correntes marinhas: a Norte, que retira a areia da praia e transporta para o mar; e a Sul, que repõe a areia para a praia. No parecer técnico de Eduardo Bulhões, o geógrafo afirma que para a instalação do estaleiro no Complexo Portuário do Açu, foram construídos dois espigões de pedra, um em cada margem do canal. Esse procedimento foi feito porque as correntes na região são fortes e, se não houver proteção, a areia poderia invadir o estaleiro.
Os espigões obstruem a passagem da areia para o Sul e para o Norte. De acordo com o parecer técnico, o espigão do Sul segura a areia que sai do Açu em direção ao mar; já o espigão do Norte, impede o retorno da areia para a praia. Isso faz com que a praia perca areia e o mar avance com facilidade.
“A ligação entre o estaleiro e o avanço do mar é nítida. O fenômeno aconteceu de forma semelhante no Canal das Flechas com a instalação do Complexo de Barra no Furado: em Quissamã a faixa de areia aumentou e, em Campos, a praia foi erodida. Portanto, a erosão da praia do Açu já estava prevista”, disse.
Soffiati afirmou que o mar pode continuar invadindo as casas: “A localidade do Açu cresceu muito nos últimos anos, mas eu pude notar que não foi a localidade que avançou em direção à praia, mas sim o mar que ultrapassou a avenida litorânea”.
O ambientalista disse ainda que a instalação desses espigões também pode interferir no rio Paraíba do Sul. “Inclusive acho que isso já está acontecendo, porque os espigões estão causando consequências no curto prazo” , alarmou.
Para Soffiati, não é possível identificar o causador desses impactos ambientais, já que diversos órgãos estão envolvidos no processo. “A empresa que iniciou a construção do estaleiro foi a LLX, posteriormente comprada pela Prumo Logística; e para construir um complexo portuário desta magnitude, é preciso que a Comissão Estadual de Controle Ambiental aprove. Mas essa comissão ouve a opinião do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para conceder a licença. Ou seja: todos estão envolvidos. A Prumo foi a última a chegar, mas quando comprou a LLX, ela também comprou as consequências. O problema é que quando acontece um impacto ambiental como esse, é criado um programa de compensação, mas só fizeram um programa de monitoramento, o que não é suficiente para remediar o problema que está acontecendo naquela localidade. O que eu posso afirmar é estão por vir grandes transformações”, finalizou.
Inspeção do Ministério Público Federal
Na quarta-feira (24 de setembro), uma equipe do MPF foi até o Açu para averiguar as consequências do avanço do mar. A equipe recolheu amostras que serão analisadas.
O ambientalista disse que existem pareceres técnicos de estudiosos da área que analisaram o fenômeno do avanço do mar no Açu. Segundo Soffiati, um desses estudos – elaborado pelo geógrafo especializado em engenharia costeira e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Bulhões – foi feito a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e nele foi apontada a possível explicação para os últimos “fenômenos da natureza” no Açu.
De acordo com Soffiati, o avanço do mar nesta época do ano é comum, mas a significativa perda da faixa de areia da praia – cerca de quinze metros nos últimos quatro anos – é preocupante.
Ele explicou que existem duas correntes marinhas: a Norte, que retira a areia da praia e transporta para o mar; e a Sul, que repõe a areia para a praia. No parecer técnico de Eduardo Bulhões, o geógrafo afirma que para a instalação do estaleiro no Complexo Portuário do Açu, foram construídos dois espigões de pedra, um em cada margem do canal. Esse procedimento foi feito porque as correntes na região são fortes e, se não houver proteção, a areia poderia invadir o estaleiro.
Os espigões obstruem a passagem da areia para o Sul e para o Norte. De acordo com o parecer técnico, o espigão do Sul segura a areia que sai do Açu em direção ao mar; já o espigão do Norte, impede o retorno da areia para a praia. Isso faz com que a praia perca areia e o mar avance com facilidade.
“A ligação entre o estaleiro e o avanço do mar é nítida. O fenômeno aconteceu de forma semelhante no Canal das Flechas com a instalação do Complexo de Barra no Furado: em Quissamã a faixa de areia aumentou e, em Campos, a praia foi erodida. Portanto, a erosão da praia do Açu já estava prevista”, disse.
Soffiati afirmou que o mar pode continuar invadindo as casas: “A localidade do Açu cresceu muito nos últimos anos, mas eu pude notar que não foi a localidade que avançou em direção à praia, mas sim o mar que ultrapassou a avenida litorânea”.
O ambientalista disse ainda que a instalação desses espigões também pode interferir no rio Paraíba do Sul. “Inclusive acho que isso já está acontecendo, porque os espigões estão causando consequências no curto prazo” , alarmou.
Para Soffiati, não é possível identificar o causador desses impactos ambientais, já que diversos órgãos estão envolvidos no processo. “A empresa que iniciou a construção do estaleiro foi a LLX, posteriormente comprada pela Prumo Logística; e para construir um complexo portuário desta magnitude, é preciso que a Comissão Estadual de Controle Ambiental aprove. Mas essa comissão ouve a opinião do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para conceder a licença. Ou seja: todos estão envolvidos. A Prumo foi a última a chegar, mas quando comprou a LLX, ela também comprou as consequências. O problema é que quando acontece um impacto ambiental como esse, é criado um programa de compensação, mas só fizeram um programa de monitoramento, o que não é suficiente para remediar o problema que está acontecendo naquela localidade. O que eu posso afirmar é estão por vir grandes transformações”, finalizou.
Inspeção do Ministério Público Federal
Na quarta-feira (24 de setembro), uma equipe do MPF foi até o Açu para averiguar as consequências do avanço do mar. A equipe recolheu amostras que serão analisadas.
Fonte: jornalterceiravia.com.br
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