Beira Mar está parcialmente interditada (SE)

SMTT cumpre ordem judicial em virtude do avanço das águas do Rio Sergipe sobre mureta de proteção que pode desabar
 
Parte da avenida Beira Mar está parcialmente interditada desde a madrugada de hoje, 4, Isso porque a Superintendência Municipal de Trânsito e Transporte de Aracaju (SMTT) proibiu o tráfego de veículos no local, obedecendo a determinação de uma liminar emitida pela juíza Simone de Oliveira Fraga, da 3" Vara Cível em virtude do avanço das águas do Rio Sergipe sobre a mureta de proteção que pode desabar. O trânsito está sendo desviado para outras vias, e segundo Nelson Felipe, superintendente da SMTT, vários agentes do órgão estão no local orientando os condutores.

"Os veiculas que vem das praias, sentido Zona Sul para Zona Norte, quando chegarem à avenida Beira Mar, logo depois da ponte da 13 de Julho, terão que fazer uma transferência de faixa, passando da faixa de cima para a de baixo, como se fosse pela contramão. Logo a frente, retornarão para a faixa normal, em frente ao late Clube de Aracaju. Já os condutores que vem do Centro da Cidade cm direção às praias, pegarão a rua Celso Oliva seguindo até a Anízio Azevedo e entrando a esquerda para voltar à Beira Mar. Os que preferirem voltar para o Centro da capital poderão pegar a rua Cedro, depois a rua Vila Cristina, seguindo em direção ao Centro, Estamos com agentes da SMTT no local para fazer a devida orientação aos condutoras", explica.

Ainda de acordo com ele, a SMTT colocou mais de 90 placas sinalizadoras para indicar o desvio e direcionar os motoristas, "Colocamos diversas placas em toda a região e estaremos com agentes para orientar os condutores. Ainda não temos uma data definida para o início das obras de contenção do avanço do mar, mas provavelmente, o trânsito ficará interditado em torno de seis meses, período que dura a reforma. Peço que as pessoas entendam que o desvio do trânsito e a obra são medidas necessárias para minimizar os riscos de acidentes e desabamento dá avenida", conta.

Já segundo Georlize Oliveira, secretária de Defesa Social do Município, apesar de a intervenção ser emergencial. A SMTT vem pensando em um pré-plano desde o Pré-Caju deste ano. "O problema é antigo, mas a SMTT já vinha pensando nesse plano de ação. Então, foi uma decisão estudada e pensada, por isso, conseguimos chegar numa solução para o desvio do trânsito", disse.

E a secretária completa dizendo que, a Prefeitura de Aracaju está resolvendo judicialmente a situação do início das obras de contenção e assim que a justiça liberar a reforma os trabalhos começarão. "Acredito que ajuíza determinou o fechamento da avenida para que a obra fosse feita, Sabemos que é impossível interditar uma via sem causar transtornos, mas a proibição foi feita para evitar que alguma tragédia aconteça", informa.

• Obra
A Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) já entregou a Administração Estadual do Meio- Ambiente ( Aderna) o projeto da obra de contenção na Avenida Beira Mar, porém, o órgão ainda não emitiu a licença ambiental, documento obrigatório para o inicio da reforma. Segundo Luiz Durval, secretário da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), o problema da via é prioridade desde o dia que a nova gestão do município tomou posse, já foi verificado o risco de desabamento, mas apesar da urgência, a licença não foi liberada. "Já apresentamos projeto, fizemos reuniões e, no entanto, a Adema não liberou a licença. Então, partimos para o processo judicial porque há o risco de desabamento. Não posso dizer quando vai cair a avenida, mas baseado nos laudos feitos por profissionais, de fato, a via pode desmoronar. A cada dia o mar avança mais e fica mais forte. Só queremos manter a segurança da população., fazendo a devida obra', declara.

• Consequências
Com a intervenção de parte da avenida Beira Mar, os transtornos para quem reside na área e para quem tem comércio na região serão inevitáveis. Para Regina Chagas, moradora de um condomínio que fica em frente ao late Clube, o desvio do trânsito é um contratempo, porém, é uma medida necessária para que não aconteça nenhuma tragédia.

"Sei que vou ter dor de cabeça porque preciso passar pela Beira Mar diariamente. Mas sou a favor da interdição porque moro aqui e vejo como está o avanço do mar, Moramos aqui com medo. Vou passar por transtornos, mas é melhor do que acontecer um acidente'', disse.

O comerciante Antônio dos Santos, que tem uma padaria na região, não ficou satisfeito com a proibição do tráfego na via, no entanto, admite que há risco de acidentes na área. “Tenho uma padaria aqui há mais de dez anos e vejo como está a situação. O mar fica cada vez mais forte e estamos com medo de tudo aqui desabai'. Acho que vou ficar prejudicado porque o trânsito vai ficar complicado. Porém, sei que os transtornos vão ser temporários e prefiro que a população fique cm segurança", ressalta.

• Problema antigo
O avanço do mar na região da avenida Beira Mar não é um problema recente. E de acordo com Luiz Carlos Pontes, geólogo e coordenador do laboratório Geo Rio e Mar da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Rio Sergipe está com mais força nessa região, devido à obra de contenção que foi feita anos atrás no bairro Coroa do Meio.

"Fizeram a obra na Coroa do Meio e o problema foi transferido para a 13 de Julho. A água que balia lá tinha que ir para outro local E ali na Beira Mar não é só o risco de desabamento de parte da via. Na região, há mais dois problemas: a morte do mangue- zal e o risco de desmoronamento do late Clube de Aracaju, que também está sendo at ingido pela força das águas", explica.

Ainda segundo ele, o projeto elaborado pela Prefeitura de Aracaju c grande e organizado, mas, por causa da falta do estudo ambiental da região, esta obra, provavelmente, não resolverá todo O problema da Beira Mar. "A obra é só para resolver a questão do avanço do mar na via. Mas a região também apresenta outros problemas. Além disso, antes de elaborar um projeto é preciso o estudo ambiental para que fique claro quais serão os impactos dessa obra. Se o projeto for executado da maneira que está, o manguezal do 13 de Julho, por exemplo, pode sofrer sérias consequências. Sou a favor sim de que a Prefeitura torne medidas emergenciais naquela região, mas e preciso cautela", conta.
 Fonte: Correio de Sergipe

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