Bagwall: estudo comprova eficácia da obra na praia do Icaraí – CE
Bagwall: Study proves the effectiveness on the coastal work in Icaraí beach - Ceará
No final de agosto de 2010, a Prefeitura de Caucaia tomou a decisão de construir 1,4 km de uma obra de engenharia inovadora na proteção costeira em áreas urbanizadas, trata-se do Dissipador de Energia Bagwall, uma obra aderente, rígida e articulada construída longitudinalmente à costa, funcionando como um anteparo que contém o avanço do mar, dissipando a energia das ondas no local da intervenção, promovendo a engorda natural da praia com tendência ao equilíbrio e acumulo de sedimentos no local da intervenção. A sua estrutura assemelha-se a uma escadaria (degraus), projetada para dissipar a energia das ondas e evitar que o espraio máximo das ondas (wave run-up) atinja a frente urbana marítima e provoque prejuízos econômicos, sociais e patrimoniais. A estrutura construída na Praia do Icaraí é composta por 11 (onze) degraus e utiliza formas geotêxteis preenchidas com concreto.
Nas três ultimas décadas do século XX, ocorreu uma grande expansão urbana que transformou o litoral de Caucaia na principal estância de veraneio do Ceará. A construção de estradas, calçadas, condomínios de apartamentos, casas de veraneio, hotéis e barracas de praia trouxeram desenvolvimento para região e também promoveram a antropização das dunas e falésias. Paralelo a isso a construção de sucessivos espigões em Fortaleza intensificaram a erosão costeira no Icaraí, criando o chamado “efeito dominó”.
Nos últimos 15 anos, mais de duzentas barracas de praia foram destruídas pelo avanço do mar, enchendo de pedras e escombros a praia do Icaraí. Antes do início da construção do Bagwall o cenário era de destruição provocando um forte impacto negativo na economia local.
No final de agosto de 2010, a Prefeitura de Caucaia tomou a decisão de construir 1,4 km de uma obra de engenharia inovadora na proteção costeira em áreas urbanizadas, trata-se do Dissipador de Energia Bagwall, uma obra aderente, rígida e articulada construída longitudinalmente à costa, funcionando como um anteparo que contém o avanço do mar, dissipando a energia das ondas no local da intervenção, promovendo a engorda natural da praia com tendência ao equilíbrio e acumulo de sedimentos no local da intervenção. A sua estrutura assemelha-se a uma escadaria (degraus), projetada para dissipar a energia das ondas e evitar que o espraio máximo das ondas (wave run-up) atinja a frente urbana marítima e provoque prejuízos econômicos, sociais e patrimoniais. A estrutura construída na Praia do Icaraí é composta por 11 (onze) degraus e utiliza formas geotêxteis preenchidas com concreto.
Nas três ultimas décadas do século XX, ocorreu uma grande expansão urbana que transformou o litoral de Caucaia na principal estância de veraneio do Ceará. A construção de estradas, calçadas, condomínios de apartamentos, casas de veraneio, hotéis e barracas de praia trouxeram desenvolvimento para região e também promoveram a antropização das dunas e falésias. Paralelo a isso a construção de sucessivos espigões em Fortaleza intensificaram a erosão costeira no Icaraí, criando o chamado “efeito dominó”.
Nos últimos 15 anos, mais de duzentas barracas de praia foram destruídas pelo avanço do mar, enchendo de pedras e escombros a praia do Icaraí. Antes do início da construção do Bagwall o cenário era de destruição provocando um forte impacto negativo na economia local.
Cenário de destruição na praia do Icaraí antes da construção do Bagwall. |
Destroços de construções e pedras espalhadas impedindo o uso da praia. |
Depreciação imobiliária devido ao forte processo erosivo na praia. |
Foi realizado um estudo da evolução da obra a partir da avaliação morfo-sedimentar da praia. Foram escolhidos cinco pontos numa extensão de 2,5 km, sendo dois fora da área de influencia da obra, um a jusante e outro a montante, e três pontos dentro da área de influencia direta da obra. Foram realizados levantamentos mensais durante um ano e meio, dos perfis de praia, das coletas de sedimentos, também foi observada a variação do nível de areia nos degraus, permitindo observar o funcionamento da obra após sua instalação.
Analisando o sistema dissipativo induzido na praia do Icaraí após a construção do Bagwall, poderíamos levantar as seguintes questões: O que leva um sistema a quebrar e o outro a reagir? Quanto de mudança um sistema é capaz de absorver, sem perder a integridade e o propósito? Quais as características tornam um sistema adaptável à mudança? Como incorporar mecanismos melhores de absorção de choques em obras de proteção costeira?
A resposta a todas essas perguntas está na capacidade de resiliência do sistema, no caso a praia. Em engenharia “resiliência” se refere ao grau em que uma estrutura consegue retornar ao seu estado original após uma perturbação. No caso da praia do Icaraí onde o Bagwall foi construído, indica que a rapidez com que a situação crítica da erosão foi restaurada, recompondo o perfil de praia, evitou a degradação do ambiente.
Os principais instrumentos de resiliência sistêmica são: loops fechados de feedback, reorganização dinâmica, diversidade, modularidade, simplicidade e aglomeração.
A resiliência nem sempre equivale ao retorno de um sistema ao seu estado inicial. Ainda que certos sistemas resilientes possam de fato regressar ao estado original após uma ruptura ou mudança brusca de condições de seu ambiente.
Os sistemas resilientes podem não ter um ponto fixo de restauração, eles podem reconfigurar-se de maneira contínua e fluida, adaptando-se as circunstancias mutáveis sem deixar de atingir seus objetivos.
Nada disso significa que os sistemas resilientes sejam à prova de falhas. Na verdade pequenas falhas periódicas se revelam essenciais, na medida em que permitam ao sistema liberar e reorganizar parte de seus recursos.
De modo mais amplo, os sistemas resilientes falham sem perder a elegância: lançam mão de estratégias para evitar circunstâncias perigosas, minimizar e isolar danos causados por seus componentes, operar em estado reduzido, se necessário, e se auto-organizar para se recuperar de uma ruptura.
O Dissipador de Energia Bagwall instalado numa praia funciona como um sistema essencialmente evolutivo. Essa evolução requer que o sistema esteja sujeito a mudanças, isto é, ele é capaz de apresentar uma instabilidade que lhe permite sofrer mudanças, mas apresenta capacidade de absorver impactos externos, sem comprometer o processo de auto-organização do sistema, no caso a praia.
Considerando os três pontos estudados na praia do Icaraí, o primeiro a montante da obra, o segundo no trecho construído da obra, o terceiro a jusante da obra, eles apresentaram os seguintes resultados:
Trecho a montante da obra – Processo erosivo forte com recuo de três metros e meio da linha de costa.
Analisando o sistema dissipativo induzido na praia do Icaraí após a construção do Bagwall, poderíamos levantar as seguintes questões: O que leva um sistema a quebrar e o outro a reagir? Quanto de mudança um sistema é capaz de absorver, sem perder a integridade e o propósito? Quais as características tornam um sistema adaptável à mudança? Como incorporar mecanismos melhores de absorção de choques em obras de proteção costeira?
A resposta a todas essas perguntas está na capacidade de resiliência do sistema, no caso a praia. Em engenharia “resiliência” se refere ao grau em que uma estrutura consegue retornar ao seu estado original após uma perturbação. No caso da praia do Icaraí onde o Bagwall foi construído, indica que a rapidez com que a situação crítica da erosão foi restaurada, recompondo o perfil de praia, evitou a degradação do ambiente.
Os principais instrumentos de resiliência sistêmica são: loops fechados de feedback, reorganização dinâmica, diversidade, modularidade, simplicidade e aglomeração.
A resiliência nem sempre equivale ao retorno de um sistema ao seu estado inicial. Ainda que certos sistemas resilientes possam de fato regressar ao estado original após uma ruptura ou mudança brusca de condições de seu ambiente.
Os sistemas resilientes podem não ter um ponto fixo de restauração, eles podem reconfigurar-se de maneira contínua e fluida, adaptando-se as circunstancias mutáveis sem deixar de atingir seus objetivos.
Nada disso significa que os sistemas resilientes sejam à prova de falhas. Na verdade pequenas falhas periódicas se revelam essenciais, na medida em que permitam ao sistema liberar e reorganizar parte de seus recursos.
De modo mais amplo, os sistemas resilientes falham sem perder a elegância: lançam mão de estratégias para evitar circunstâncias perigosas, minimizar e isolar danos causados por seus componentes, operar em estado reduzido, se necessário, e se auto-organizar para se recuperar de uma ruptura.
O Dissipador de Energia Bagwall instalado numa praia funciona como um sistema essencialmente evolutivo. Essa evolução requer que o sistema esteja sujeito a mudanças, isto é, ele é capaz de apresentar uma instabilidade que lhe permite sofrer mudanças, mas apresenta capacidade de absorver impactos externos, sem comprometer o processo de auto-organização do sistema, no caso a praia.
Considerando os três pontos estudados na praia do Icaraí, o primeiro a montante da obra, o segundo no trecho construído da obra, o terceiro a jusante da obra, eles apresentaram os seguintes resultados:
Trecho a montante da obra – Processo erosivo forte com recuo de três metros e meio da linha de costa.
Praia do Icaraí trecho a montante do Bagwall - Julho de 2011. |
Praia do Icaraí trecho a montante do Bagwall - Março de 2012. |
Praia do Icaraí trecho a montante do Bagwall - Outubro de 2012 |
Trecho construído da obra – O pendor da face de praia que antes conflitava com a malha urbana, encontra-se a 60 metros do inicio da urbanização.
Praia do Icaraí trecho do Bagwall - Julho de 2011. |
Praia do Icaraí trecho do Bagwall - Março de 2012. |
Praia do Icaraí trecho do Bagwall - Novembro de 2012. |
Trecho a jusante da obra – Processo erosivo forte com recuo de três metros da linha de costa.
Praia do Icaraí trecho a jusante do Bagwall - Julho de 2011 |
Praia do Icaraí trecho a jusante do bagwall - Março de 2012. |
Praia do Icaraí trecho a jusante do Bagwall - Julho de 2012. |
Diante do exposto, pode-se concluir que a erosão costeira que atualmente se faz sentir na praia do Icaraí está controlada apenas na área intervencionada pelo Dissipador de Energia Bagwall, enquanto que nos demais trechos dessa praia, o mar continua a avançar causando prejuízos ao patrimônio público, privado e ambiental. Os resultados obtidos não permitem associar a erosão nas dunas a oeste com a construção da obra, tendo em vista que no mesmo período foram feitas algumas intervenções nos espigões de Fortaleza, fato que no passado, provocou erosão dessa praia. No local da intervenção atividades como as caminhadas, o banhos de mar, o futebol e o surfe, foram retomadas após a construção do Bagwall. A obra comprovou sua eficácia, pois atendeu ao seu objetivo principal, conteve o avanço do mar no trecho onde foi feita a intervenção, não repercutindo no restante do litoral de Caucaia.
Marco Lyra
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