Avanço do mar aflige moradores da Camuxiba (Angola)
Uma boa parte dos moradores do bairro da Camuxiba, no distrito da Samba, município de Luanda, na província com o mesmo nome, ficou em aflições devido às marés altas, que chegam a destruir compartimentos de suas casas, apurou O PAÍS, através de uma ronda efectuada nessas paragens, Quinta-feira, 24.
Maria Maurício é a moradora cuja residência se encontra agora ligada às águas do mar, uma situação que já a fez perder o quintal, para além de ter visto outros sectores do domicílio caírem por água abaixo.
“Essa casa era muito grande, mas hoje está assim sem o quintal, alguns quartos e não sabemos a que horas podemos ser engolidos pelo mar”, desabafou, tendo revelado que, em 1992, quando para ali veio viver, a sua casa se encontrava no meio do bairro, uma situação que até a sujeitava, assim como aos vizinhos mais próximos, a muitas ginásticas para chegarem à entrada.
Para não encontrar a habitação destruída depois das vendas que efectua numa das ruas não muito distante da sua, Maria Maurício obrigou o marido a comprar restos de obras de construção, a fim de entulhar no espaço antes ocupado pelo quintal, na tentativa de criar uma barreira.
A nossa reportagem constatou a existência desse barreiro, formado por varões, pedras, blocos e tijolos, reforçados com sucatas de motorizadas e viaturas, armações de geradores e outros ferros, de espaço em espaço, compactados com betão armado, também comprados aos motoristas de empresas de construção.
Apesar de tanta engenhoca, são visíveis os efeitos da força das águas que vão penetrando por baixo de tanto amontoado, fazendo cair aos poucos os componentes da barreira.
Face a esta situação, Maria Maurício e o esposo reuniram-se com os vizinhos, que também têm as casas situadas à beira-mar, para envidarem esforços no sentido de construírem uma barreira na mesma direcção, de modo a não haver possibilidades de manobra para a água salgada.
Maria Maurício é a moradora cuja residência se encontra agora ligada às águas do mar, uma situação que já a fez perder o quintal, para além de ter visto outros sectores do domicílio caírem por água abaixo.
“Essa casa era muito grande, mas hoje está assim sem o quintal, alguns quartos e não sabemos a que horas podemos ser engolidos pelo mar”, desabafou, tendo revelado que, em 1992, quando para ali veio viver, a sua casa se encontrava no meio do bairro, uma situação que até a sujeitava, assim como aos vizinhos mais próximos, a muitas ginásticas para chegarem à entrada.
Para não encontrar a habitação destruída depois das vendas que efectua numa das ruas não muito distante da sua, Maria Maurício obrigou o marido a comprar restos de obras de construção, a fim de entulhar no espaço antes ocupado pelo quintal, na tentativa de criar uma barreira.
A nossa reportagem constatou a existência desse barreiro, formado por varões, pedras, blocos e tijolos, reforçados com sucatas de motorizadas e viaturas, armações de geradores e outros ferros, de espaço em espaço, compactados com betão armado, também comprados aos motoristas de empresas de construção.
Apesar de tanta engenhoca, são visíveis os efeitos da força das águas que vão penetrando por baixo de tanto amontoado, fazendo cair aos poucos os componentes da barreira.
Face a esta situação, Maria Maurício e o esposo reuniram-se com os vizinhos, que também têm as casas situadas à beira-mar, para envidarem esforços no sentido de construírem uma barreira na mesma direcção, de modo a não haver possibilidades de manobra para a água salgada.
O estado de aflição avançada parece ter engajado outros moradores para o espírito de solidariedade, ao ponto de se lançarem na empreitada, uma atitude reprovada pelo pescador Jacinto Hélder de 43 anos de idade, segundo o qual não há barreira que o mar não possa vencer.
“Eu reprovo isso como solução, porque quando o mar tiver de avançar para as nossas casas, isso vai acontecer”, considerou, considerando que a situação que ele e seus vizinhos actualmente enfrentam é consequência das obras em curso na marginal e noutros lugares costeiros de Luanda, onde os operadores insistem em recuperar partes do mar.
Explicou que quando se impedem as águas do mar de preencher um espaço a si destinado, há compensação noutro, ainda que tal processo tenha de consumir obstáculos.
Há 15 anos na Camuxiba, Jacinto Hélder conta que antes que o bairro fosse atingido por uma segunda calamidade, em 2007, altura em que as calemas destruíram mais de uma centena de residências, vivia a mais de 100 metros do mar, sendo que à frente da sua ainda existiam mais de 15 casas.
De acordo com o veterano do mar, os primeiros danos materiais causados pelas águas aconteceram no ano 2000, quando as calemas destruíram na área oito casas.
Por seu turno, Marques MBwanji não entende como um fenómeno que coloca em risco a vida de muita gente não preocupa os homens da administração.
“Sinceramente, eu não consigo perceber porque é que a administração da Samba não resolve isso para salvar a nossa vida”, lamentou o jovem, acrescentando que, recentemente, mais quatro casas foram destruídas pelo mar. Assegurou que quase todos os dias, de madrugada, as águas passam pelas barreiras e entram para dentro das casas. “É só ver como as paredes se encontram marcadas pela humidade”, acrescentou para tornar credíveis as suas alegações.
As crianças constituem a principal preocupação dos moradores da zona costeira, pois há ocasiões em que os poucos caminhos para as residências extremas são preenchidos pelas águas.
“Às vezes, isso acontece quando elas regressam da escola, na ausência dos pais”, reforçou o jovem de 28 anos, também conhecido por Avôzinho.
“Eu reprovo isso como solução, porque quando o mar tiver de avançar para as nossas casas, isso vai acontecer”, considerou, considerando que a situação que ele e seus vizinhos actualmente enfrentam é consequência das obras em curso na marginal e noutros lugares costeiros de Luanda, onde os operadores insistem em recuperar partes do mar.
Explicou que quando se impedem as águas do mar de preencher um espaço a si destinado, há compensação noutro, ainda que tal processo tenha de consumir obstáculos.
Há 15 anos na Camuxiba, Jacinto Hélder conta que antes que o bairro fosse atingido por uma segunda calamidade, em 2007, altura em que as calemas destruíram mais de uma centena de residências, vivia a mais de 100 metros do mar, sendo que à frente da sua ainda existiam mais de 15 casas.
De acordo com o veterano do mar, os primeiros danos materiais causados pelas águas aconteceram no ano 2000, quando as calemas destruíram na área oito casas.
Por seu turno, Marques MBwanji não entende como um fenómeno que coloca em risco a vida de muita gente não preocupa os homens da administração.
“Sinceramente, eu não consigo perceber porque é que a administração da Samba não resolve isso para salvar a nossa vida”, lamentou o jovem, acrescentando que, recentemente, mais quatro casas foram destruídas pelo mar. Assegurou que quase todos os dias, de madrugada, as águas passam pelas barreiras e entram para dentro das casas. “É só ver como as paredes se encontram marcadas pela humidade”, acrescentou para tornar credíveis as suas alegações.
As crianças constituem a principal preocupação dos moradores da zona costeira, pois há ocasiões em que os poucos caminhos para as residências extremas são preenchidos pelas águas.
“Às vezes, isso acontece quando elas regressam da escola, na ausência dos pais”, reforçou o jovem de 28 anos, também conhecido por Avôzinho.
Ânsia do Zango
Contrariamente a muitos moradores de zonas de risco da cidade capital, para os quais o Zango constitui um destino indigno, os habitantes da Camuxiba demonstraram claramente a ânsia de viver naquela que já é apontada como a maior zona habitacional de Luanda. Aliás, os próprios referiram que lhes tinha sido garantido por uma equipa da então Administração Municipal da Samba, liderada por Pedro Françony, um realojamento em Viana. A promessa passou por um cadastramento a todos moradores em risco, um processo que não contemplou o consequente registo das casas, o que deixou os moradores tristes e desconfiados por se sentirem enganados. Coordenador sente-se comprometido Desde 2002 na coordenação do bairro, Jacinto José Neto encontrase comprometido com a população que coordena, devido à sua envolvência no processo de cadastramento levado a cabo pelos efectivos do antigo administrador municipal da Samba. “Estou muito comprometido com os moradores da Camuxiba, porque eles acham que eu me beneficiei do processo que Pedro Françony mandou fazer aqui”, queixou-se, tendo realçado que o próprio administrador esteve no bairro em 2010 e fez promessas de realojamento que até hoje não se cumpriram. Para o coordenador, a situação não exige muito esforço da parte do Governo, porque as famílias em causa não são mais de 50. Por isso, o responsável apelou aos novos dirigentes do distrito para reporem o projecto de realojamento no Zango ou Panguila. “O importante é as pessoas viverem seguras”, rematou.
Comentários
Postar um comentário