VULNERABILIDADE E RISCOS DE OBRAS COSTEIRAS: PRAIA DO CABO BRANCO

 

VULNERABILITY AND RISKS OF COASTAL WORKS: CABO BRANCO BEACH

No dia 09/11/2022, participamos de uma mesa redonda com o tema “Gestão de zonas costeiras: Desafios e casos exitosos”, no XII Congresso Internacional da Rede BRASPOR, onde após o evento, tivemos a oportunidade de visitar a orla da praia do Cabo Branco e literalmente constatamos:

As pedras invadiram um dos mais belos cartões postais de João Pessoa/PB. Lastimável.”


Pedras graníticas espalhadas no estirâncio, telas de gabião expostas na areia, demonstram o forte impacto ambiental e o impacto visual das intervenções ora implementadas, sem planejamento e gestão.    Foto Autoral 

A diversidade de obras de engenharia, que desequilibraram o balanço sedimentar com a construção de portos, espigões, quebra-mares, enrocamentos, muros verticais, ..., não consideram o equilíbrio morfológico da costa no sentido mais amplo, e essas obras de proteção costeira geralmente desencadeiam processos erosivos.

Gabiões colapsados na praia com telas rasgadas, pedras graníticas espalhadas e pedaços de tela de gabião expostas na praia, colocando em riso de acidentes a população local.   Foto Autoral 

No caso da praia do Cabo Branco, após a construção do enrocamento no sopé da falésia do Cabo Branco, surgiu um forte processo erosivo induzido, destruindo a praça Iemanjá e parte do calçadão. É o conhecido efeito dominó.

Para conter o processo erosivo optou-se pelo uso do Gabião e de muro vertical. As intervenções não aumentam a capacidade de resiliência da praia, o processo erosivo não está controlado, provavelmente veremos no Cabo Branco o mesmo que ocorre em Boa Viagem e Olinda.

Enrocamento no sopé da falésia do Cabo Branco: pedras desarrumadas e espalhadas no estirâncio.    Foto Autoral 

Tela de gabião exposta na areia colocando em risco as pessoas que transitam na praia. Foto Autoral 

Vista panorâmica da estrutura construída do mirante e da escada de acesso à praia.   Foto Autoral 


Gabiões tombados e colapsados na praia devido as ações das marés no local.    Foto Autoral 

Muro vertical com rampa de acesso para banhistas, presença de tela de gabião enterrada na praia.    Foto Autoral

 

Pedras espalhadas no terraço de praia, inclusive sobre os recifes.                                 Foto Autoral

As cidades litorâneas estão mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, portanto, é obrigatório maior rigor nos projetos e controle das obras de engenharia para o controle da erosão costeira, sendo imperativo incluir nesses projetos um planejamento de longo prazo.   

A avaliação da vulnerabilidade da praia e das estruturas costeiras é de fundamental importância, principalmente para o caso de acontecer um dano estrutural em consequência de uma ressaca, colocando-se em questão se as condições ocorridas foram excepcionais ou se houve degradação da estrutura.

Os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) devem incluir a vulnerabilidade dessas obras de acordo com cenários estabelecidos regionalmente. Nestas condições, os modelos utilizados atualmente para a previsão de cenários permitem a visão de grandes áreas e aplicam-se a uma grade planetária. Por este motivo, eles são inadequados para a previsão de fenômenos em uma faixa tão estreita como a zona costeira, que é representada no mapa como uma linha ao invés de uma superfície. Portanto, é necessário incluir no EIA/RIMA dessas obras o monitoramento contínuo antes, durante, e depois das intervenções, para garantir o êxito do investimento.


FONTE: BLOG MARCO LYRA









 








 





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