Surfistas e ambientalistas defendem no Rio soluções para a Praia da Macumba

O desmoronamento, na Praia da Macumba, que atingiu casas e ameaça imóveis de frente ao mar é uma das preocupações de ambientalistas e moradores no Rio. Eles organizam um ato neste sábado (20) para cobrar políticas públicas de gerenciamento ambiental e intervenções que ampliem a faixa de areia da praia localizada na zona oeste.
Além de ser uma opção de lazer, as praias amortecem impactos das ondas e tempestades no mar. Sem a faixa de areia, na última ressaca, em outubro de 2017, o mar avançou sobre o calçadão na Macumba, quiosques, dois metros da pista de asfalto e parte de uma casa.
Com a previsão de ser entregue em fevereiro, a obra contratada pela prefeitura, no fim de 2017, orçada em R$ 14,5 milhões, não resolve o problema de vez, afirma o ambientalista Sérgio Ricardo. “Essa obra caríssima da prefeitura é uma operação enxuga gelo”, disse ele, idealizador do movimento Baía Viva e um dos organizadores do evento na Praia da Macumba. “O mar, assim como destruiu o calçadão, e avança sobre os quiosques, destruirá essa obra”. Em contraponto, Sérgio Ricardo defende projetos de proteção, como recuperação da restinga nativa e instalação de recifes artificiais, além de políticas públicas.
O principal problema no litoral do estado do Rio, acrescenta, que não se restringe à capital, é a falta planejamento e gestão ambiental. “O estado do Rio de Janeiro é um dos poucos que até hoje não fizeram o zoneamento ecológico e o gerenciamento costeiro, instrumentos previstos em lei desde a década de 1980”, lembrou.
As obras emergenciais na Praia da Macumba começaram em outubro de 2017. A metodologia escolhida consiste em colocar bolsas preenchidas de concreto no calçadão da praia, com o objetivo de proteger as construções na região e devolver tranquilidade aos banhistas.
O acompanhamento está a cargo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, sob coordenação do professor de engenharia costeira Paulo Rosman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele estuda a região há pelo menos 20 anos e já tinha alertado para o perigo de construções no local. Em 2000, concluiu um estudo apontando riscos de ressaca, sem intervenções ambientais que ampliassem a faixa de areia no local, mas que não foram executadas por nenhuma gestão.
Desta vez, o professor foi convidado pela prefeitura para acompanhar a obra. Ele afirma que a técnica escolhida é emergencial, uma das intervenções necessárias. A orientação dele é que a prefeitura estenda os trabalhos, com base em estudos. “Se não colocar areia na praia, essa obra não dura nem três anos”, alertou. “Essas não são obras para brigar com o mar, são obras de contenção [da encosta]”. A prefeitura, por outro lado, afirma que  são definitivas e não confirma etapas subsequentes.
FONTE: ISTOÉ

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