Contenção do mar em Paulista (PE)

Até sexta-feira, governo federal deverá liberar R$ 14 milhões para serem investidos nas áreas críticas da orla

A área do bairro do Janga apresenta a pior situação de desgaste no município. Imagem: ARTHUR DE SOUZA/ESP. DP/D.A PRESS
O município de Paulista passará a contar com um plano específico de gestão integrada para regular o uso e a ocupação do solo na área costeira. É o passo seguinte à adesão ao Projeto Orla, do governo federal, firmada em julho deste ano. Uma varredura será feita nos 12 quilômetros da costa para identificar problemas de natureza variadas. O plano deve se tornar lei em março do próximo ano e passará a nortear as ações, fixando multas e processos ambientais para quem desrespeitar as regras. Até sexta-feira, o Ministério da Integração Nacional também deve liberar R$ 14 milhões, que serão usados para  conter o avanço do mar em trechos críticos da orla da cidade.

Uma área de 300 hectares da faixa litorânea de Paulista, o equivalente a 300 campos de futebol, será vistoriada por 60 técnicos. Em largura, a área-alvo fica entre o mar e a Avenida Cláudio Gueiros Leite. Cinco equipes farão visitas por terra e outra fará vistorias por mar, a bordo de um catamarã. A previsão é que até o fim da semana os técnicos tenham uma radiografia atualizada da situação da orla, identificando novos trechos atingidos pela erosão marinha. O avanço do mar é apontado pelo secretário de planejamento, Jorge Carreiro, como um dos problemas mais graves de Paulista. 

As equipes avaliarão se muros e píeres estão dentro dos limites permitidos. A coleta de resíduos sólidos e o descarte do esgoto também serão vistoriados. “A nossa ideia não é criar um documento coercitivo, mas sim uma proposta de reeducação”, acrescentou o secretário Jorge Carreiro. Na prática, a elaboração do plano de gestão integrada só deve começar em fevereiro, após a apresentação à sociedade. 

Ontem, o prefeito da cidade, Ives Ribeiro, classificou o novo plano de gestão como complexo, mas necessário. “Não é um projeto fácil, mas fundamental à sociedade. Precisa ser feito com cuidado. Iremos respeitar o meio ambiente”, explicou. “Fazemos a sensibilização para que exista adesão dos municípios. As cidades passam a ter segurança maior na liberação dos repasses”, garantiu o chefe da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) em Pernambuco, Paulo Ferrari. 

Um dos locais mais afetados pelo avanço do mar fica no cruzamento da Avenida Beira-mar com a Rua Betânia, no Janga. Lá, o Bar do Bebeto ameaça fechar as portas. Desde a sua fundação, há 25 anos, a dono já recuou a barraca em 50 metros. “Nos últimos anos tivemos uma queda de 80% no número de clientes”, garantiu o proprietário José Roberto da Silva, de 55 anos. Com o projeto,  Paulista se tornará o terceiro município da Região Metropolitana do Recife a contar com mapeamento nestes moldes. O Cabo de Santo Agostinho já possui o plano desde 2007 e Itamacará há um ano. Recife fez a adesão, mas ainda não criou o plano.
Cinco paredões serão erguidos
Paulista tem, hoje, cinco pontos críticos de avanço do mar. Todos ficam no Janga, bairro que reúne 50% da população total da orla de Paulista, ou 40 mil moradores. Nos 12 quilômetros da faixa costeira moram 80 mil pessoas. O município aguarda apenas a liberação dos R$ 14 milhões do Ministério da Integração Nacional para assinar a ordem de serviço do projeto de contenção. 

A prefeitura pretende erguer cinco grandes paredões de concreto perto do calçadão, em frente ao trecho do mar onde não existam espigões (cada um com 100m de comprimento, 5m de profundidade e 3m de largura). Os paredões ficarão abaixo do nível da areia, com apenas uma das extremidades exposta. 

A Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) já autorizou a construção de três dos cinco paredões. Um convênio de R$ 4 milhões, deverá ser fechado com o Ministério da Integração Nacional para se utilizar uma tecnologia chamada de bagwall e conter o avanço do mar em frente ao Forte de Pau-amarelo. O local foi atingido pela ressaca de agosto. A tecnologia utiliza grandes bolsas para evitar o avanço do mar. 
Fonte: Diário de Pernambuco | Vida Urbana | 29/11/2011

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