Mar avança, destrói e muda paisagem do litoral alagoano.


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Prefeitura de Maceió tenta conter avanços na Praia da Jatiúca
Fiz por várias vezes previsão desses avanços em salas de aula, tanto em Maceió quanto em Penedo depois da minha volta.

A construção de muros e barreiras de contenção vem se tornando frequente no litoral alagoano nos últimos meses. O avanço do mar, que já causou destruição de barracas e do mobiliário urbano na orla de Maceió e em praias turísticos no interior, é registrado tanto na capital, como em pontos dos litorais Norte e Sul do estado, segundo o Instituto do Meio Ambiente (IMA). No último fim de semana de setembro, o fundo de duas barracas da praia de Jatiúca, em Maceió, foi destruído pela força da água.

A prefeitura de Maceió concluiu, no último dia 7, a construção de um muro de contenção emergencial de 300 metros de comprimento – um “enrocamento” erguido em pedra e barro – que vai do hotel Maceió Atlantic Suites até o Edifício Patmos, na Avenida Álvaro Otacílio. Alguns coqueiros, que estavam prestes a cair devido à erosão, foram cortados.
O IMA não considerou a obra adequada, mas entendeu que a construção foi necessária diante da situação de emergência, segundo afirmou o diretor técnico do órgão, Ricardo Oliveira. Foi a emergência em que também se encontra parte da Ilha da Crôa, na Barra de Santo Antônio, que motivou um mandado de segurança expedido pelo juiz de Paripueira, Josemir Pereira de Souza, determinando a concessão da licença prévia para a construção de um muro de contenção no local.

De acordo com o IMA, o mais correto, nesses casos, é a construção dos chamados barramares dissipadores – aquelas escadarias de concreto que dão acesso à praia. “Além de serem mais resistentes à erosão costeira, essas escadarias facilitam o acesso das pessoas à praia”, explicou Ricardo César.

No Pontal da Barra, parte do calçadão, barracas e áreas de lazer foram destruídas pela água. Na Barra Nova, o avanço do mar – que já chegou a danificar residências – um dissipador foi erguido.

Já na Praia do Francês, comerciantes reclamam que nada foi feito até agora, pela prefeitura. O dono de uma barraca teve um prejuízo de R$ 30 mil após uma ressaca marinha no ano passado. O teto do restaurante rachou, e as escadas e colunas foram derrubadas. Alguns colocam sacos de areia para formar uma barreira e evitar mais prejuízos.

O secretário de Infraestrutura de Marechal Deodoro, Fernando Cavalcante, disse que o projeto para a construção de uma barreira de contenção está sendo avaliado, em Brasília, pelo governo federal.

Ocupação desordenada da costa agrava problema

De acordo com levantamentos feitos pelo IMA, o processo erosivo é registrado em todo o litoral alagoano e é causado, principalmente, pela ocupação desordenada da costa e pode ser agravado pelo uso dos recursos costeiros.

Em alguns trechos, a destruição é considerada mais evidente, como as praias da Sereia, Garça Torta, Jatiúca, Ponta verde, Pajuçara e Pontal da Barra, em Maceió. Ainda na região metropolitana, a Barra de Santo Antônio, Barra Nova e a Praia do Francês aumentam a lista de áreas afetadas.

No litoral Norte, registra-se o trecho entre Maragogi e Japaratinga, e também a cidade de São Miguel dos Milagres. Já no litoral Sul, Coruripe, Lagoa Azeda e Piaçabuçu.

Erosão é tendência e deve aumentar

O órgão não tem estudos que meçam quantos centímetros o mar já avançou de fato. “Até porque o avanço do mar não é homogêneo”, disse Ricardo Oliveira. “Mas podemos afirmar que o processo erosivo é uma tendência natural do litoral alagoano, até mesmo em função do déficit de sedimentos”, explicou.

Também influenciam o processo erosivo a própria estrutura natural de cada praia, a presença de recifes de coral e arenito no litoral. “Por exemplo, a gente pode observar que nos últimos anos o impacto na Pajuçara é grande, enquanto na Ponta Verde é diferente”, exemplifica o diretor técnico do IMA.

Um estudo de Monitoramento Ambiental Integrado está em negociação pelas secretarias do Estado e do Município, Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e o Fórum Alagoano de Turismo. “É um trabalho complexo, que requer equipamentos específicos e técnicos qualificados para fazer levantamentos de dados e propor as intervenções mais adequadas a cada região”, explicou Ricardo Oliveira.

Autoria: tudonahora/correiodopovo

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