Litoral engolido por eventos extremos, e sem políticas
Litoral engolido por eventos extremos, e nada de políticas públicas para a zona costeira
O aquecimento global e os eventos extremos, uma desforra da natureza para nossas ações insustentáveis, estão comendo os litorais mundo afora. No Brasil não é diferente. ‘Litoral engolido por eventos extremos, e sem políticas públicas’, procura alertar para o fato de que até agora não há qualquer ação governamental para amenizar o problema.
O pior não é apenas o avanço da erosão na costa ameaçando milhares de pessoas. Os animais marinhos, que já estão em xeque, têm seus mais importantes ecossistemas nesta faixa sensível onde começa 90% do ciclo de vida. E ainda tem muito de mar pra subir. De 2006 até 2019, o nível do mar aumentou 3,6 mm por ano. Se continuar assim, até 2100 estará 1 metro acima do normal. E, aí?
Litoral engolido por eventos extremos
“Mar invade cidades litorâneas do RN” é a manchete da Tribuna do Norte; O G1 engrossa o caldo, “Mar invade ruas de Galinhos, no litoral norte potiguar”; o Diário do Nordeste vem com “Avanço do mar preocupa moradores e afeta economia de Icapuí”; engana-se quem pensa que o problema se resume ao Nordeste. “Avanço do mar em Florianópolis e região” foi a manchete do https://ndmais.com.br/; já, o site https://www.nsctotal.com.br/ põe o dedo na ferida, “O aquecimento global e a elevação do mar; cidades de SC podem ter problemas.” Enquanto isso, em Brasília…
Prejuízos dos eventos extremos: de R$ 180 bilhões, a R$ 335 bilhões
Este site já fez inúmeras matérias, há muitos anos, alertando para o problema que, para evitar polarização, reiteramos não ter sido criado pela atual administração. Mas ela, como as anteriores, ainda não acordou para a urgente necessidade de políticas públicas para o litoral.
Estudos da academia procuram precificar os desastres naturais. Um deles, ‘Valorando tempestades-Custo econômico dos eventos climáticos extremos no Brasil nos anos de 2002- 2012‘, produzido pelo Instituto de Economia da UFRJ, com base no cruzamento de dados do ‘Atlas Brasileiro de Desastres Naturais‘ com uma estimativa média para o Brasil de custo econômico por pessoa afetada diz que,
"Há danos ou custos diretos à infraestrutura social e econômica e à produção, a interrupção de serviços essenciais e também efeitos secundários macroeconômicos."
Segundo CEPED (2013), 35% dos desastres climáticos registrados no Brasil no período de 1991 a 2012 foram diretamente relacionados com a ocorrência de fortes precipitações.
Segundo CEPED (2013), 35% dos desastres climáticos registrados no Brasil no período de 1991 a 2012 foram diretamente relacionados com a ocorrência de fortes precipitações.
O problema não se resume só a omissão dos governos
A erosão no litoral é fator natural e conhecido. Mas acirrado na zona costeira pelo mau uso por parte de cidadãos incautos e egoístas (além do aquecimento). Veja-se acima, os custos desta omissão. São bilhões de reais que já estão contribuindo para secar os cofres públicos. Não seria o caso de chamar quem de direito, especialistas da academia que passam a vida estudando estes problemas, e dar-lhes voz? O problema é mais grave no País porque, conforme publicou o IBGE, ‘o Brasil é povoado no litoral e vazio no interior’.
Litoral brasileiro ao deus-dará
Este tem sido nosso mantra desde a primeira viagem pela costa brasileira, entre 2005-2007. De lá pra cá, logramos algumas vitórias. O plástico no mar, que até certo tempo só era mencionado pelo Mar Sem Fim, finalmente ganhou as manchetes dos jornais e TVs. A imprensa acordou, e hoje já há até estudantes brasucas ganhando prêmios em concursos da Nasa com propostas para mitigar o problema.
Algumas questões relacionadas
Como já dissemos, o problema não se resume apenas à falta de políticas públicas para o menosprezado litoral. Há uma terrível e generalizada falta de educação. Seja na questão da poluição humana, como mostramos nas praias em que houve festas pela virada do ano, ou no seio do ministério da Educação, onde o atual ministro não consegue escrever uma frase sem cometer erros grosseiros até mesmo na mídia social. O primeiro ministro, Vélez Rodrigues, se notabilizou por declarações como “o brasileiro parece um canibal quando viaja ao exterior”; o segundo, escreve ‘imprecionante’, em vez de impressionante!!
Assim, fica difícil esperar melhoras na educação em prazo curto. Já, no ministério do Meio Ambiente, há uma terrível, e custosa, inversão. Procede-se ao desmonte do pouco que funcionava. Para culminar, tanto no Palácio do Planalto, como no MMA, há uma descabida ojeriza à ciência e tecnologia. O ministro faz parte do que se convencionou chamar de ‘negacionistas’, aqueles que não acreditam no aquecimento global. No Planalto, a birra é contra a ciência. O triste episódio da demissão do cientista Ricardo Galvão é apenas mais uma prova. Enquanto isso, o litoral desmorona.
O Brasil terá mais uma despesa enorme que poderia ser minimizada se houvesse humildade dos atuais caciques políticos.
Imagem de abertura: Reprodução: NSC/TV)
FONTE: ESTADÃO - https://marsemfim.com.br/litoral-engolido-por-eventos-extremos-e-sem-politicas/#.X_oRRw2pW6E.whatsapp
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