Ventania e ondas fortes danificam enrocamento da Praia de Boa Viagem




O desarranjo das pedras causa desníveis na faixa de areia e revira placas de concreto. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.) O desarranjo das pedras causa desníveis na faixa de areia e revira placas de concreto. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)

Quem anda pela Praia de Boa Viagem, entre o Clube da Aeronáutica e o edifício Castelinho, se surpreende com a situação do enrocamento de pedras, feito para conter o oceano. Nas últimas duas semanas, ventos e ondas mais fortes danificam o arranjo. Há rochas reviradas e desníveis em várias partes da faixa de areia, o que aumenta o risco de quedas e tropeços.

Diario foi até o trecho, de pouco mais de dois quilômetros de extensão, na tarde dessa quarta-feira (29). Equipes da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) estavam reorganizando o equipamento. Mas considerando o  alerta de mau tempo emitido pela Marinha também nesta quarta, o serviço terá de ser refeito várias vezes, até que a situação se estabilize.

Proprietário de um quiosque na praia há cinco anos, o comerciante Paulo Batista afirma que essa é uma situação que se repete sempre. “É um serviço perdido. A prefeitura vem, conserta, fica bonito e bem feito. Mas com dois ou três dias tá tudo bagunçado de novo. Faz uns dois meses que a ventania está muito forte”, comenta. Já a professora Karina Barbosa evita de passear com seu cachorro no arrocamento. “Acredito que a prefeitura poderia dar uma atenção maior a essa situação, porque está muito feio. E a Praia de Boa Viagem é o cartão-postal da cidade”, opina.

O professor Marcus Silva, do departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), conta que o enrocamento de pedra não pode ser levado como uma solução definitiva para a contenção do mar. “Ele é paliativo. Você não consegue manter uma estrutura rígida dessas levando impactos fortes, como os do mar, toda hora. É como diz aquele ditado: ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’”, aponta.

Manutenção do enrocamento é feita pela Emlurb. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)
Manutenção do enrocamento é feita pela Emlurb. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)


“É comum, entre julho e agosto, ter uma intensificação dos ventos. E isso fortalece o transporte litorâneo de sedimentos, que envolve areia. A praia em si já é o sistema natural de amortecimento. A areia reduz a energia das ondas. Mas as pedras barram esse processo e intensifica o processo erosivo. Além disso, o nível da praia em relação à avenida já demonstra que há um perfil de desequilíbrio”.
Marcus defende que se faça uma intervenção mais duradoura na praia. “A onda vai sempre arrebentar e desgastar a pedra. E o custo de ficar recuperando é muito alto. Então, é melhor utilizar esse recurso para fazer uma obra de maior durabilidade, estudar como garantir a reposição natural da faixa de areia, do que só jogar pedra”, pontua.
Em nota, a Emlurb informa que “possui um contrato permanente para a manutenção da orla de Boa Viagem e sempre realiza serviços nos equipamentos quando necessário. O órgão já está com uma ação de enrocamento (rearranjo das pedras de contenção) e aguarda melhores condições da maré para providenciar a execução do serviço”.

FONTE: DIÁRIO DE PERNAMBUCO



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