ALAGOAS DE OLHO NO LITORAL
Coastwatch Alagoas
Em 2009, realizamos em Alagoas a primeira campanha “Alagoas de Olho no
Litoral”, organizado pela ONG ATA, em parceria o Governo do Estado de Alagoas e
outros parceiros do projeto. Participaram de campanha professores estaduais e
municipais, alunos das escolas públicas e membros das comunidades litorâneas. Mais
de 700 participantes se engajaram na companha que contou com a participação
de 9 dos 15 municípios litorâneos.
Campanha ALAGOAS DE OLHO NO LITORAL - São Miguel dos Milagres
Campanha ALAGOAS DE OLHO NO LITORAL - Ilha da Croa - Barra de Santo Antonio
Campanha ALAGOAS DE OLHO NO LITORAL - Jaraguá - Maceió
Campanha ALAGOAS DE OLHO NO LITORAL - Praia do Peba - Piaçabuçu
O projeto Coastwatch surgiu na Irlanda há mais de 20 anos,
onde anualmente voluntários fazem uma campanha varrendo 10.000 quilômetros de
litoral, desde os Fiordes na Noruega até as Ilhas Gregas, para verificar as
condições que se encontram o litoral da Europa.
Essa Campanha mostra a necessidade de criar formas de intervenção
que visem disciplinar o uso e ocupação do litoral. A intervenção do poder
público ocorre naturalmente nessas áreas, mas há a necessidade de permitir a
participação das populações e das sociedades civis organizadas, junto aos
órgãos envolvidos, pois o litoral é um patrimônio público de todos.
Com as mudanças climáticas
que estão em curso, é necessário ação para levar à população educação e
consciência ambiental, e o projeto Coastwatch é um exemplo vivo disso.
No lançamento do livro Gestão do Litoral e Cidadania
Ambiental (2009) da professora Lurdes Soares, ela fez uma síntese do Projeto
Coastwatch na seguinte frase: “No litoral, como em tudo, é preciso conhecer
para amar e é preciso amar para cuidar”.
Segue abaixo o Relatório
Final da Campanha “DE OLHO NO LITORAL”
Relatório da I Campanha Coastwatch 2009
Tema: Alagoas de Olho no Litoral
Agradecimentos
Agradecemos a todos os parceiros e participantes da Campanha. Contamos novamente com o apoio de todos os parceiros que tiveram um papel decisivo para obtenção do Relatório Final da Campanha.
Para finalizar deixamos as duas frases vencedoras da campanha realizada em 2009 escritas pelos participantes.
“Vamos preservar as riquezas naturais de nossas praias”
Vanessa Silva dos Santos
Aluna da E. Municipal Luiz Verçosa de Albuquerque
“Nosso Litoral depende de nós”
. Jeferson Santos de Limas
Aluno da E. E. Professor Sebastião Felisberto de Carvalho
1. RESUMO DAS
ATIVIDADES
Durante a Semana Integrada do Meio Ambiente de Alagoas em 2009, foi
realizada a I Campanha Coastwatch 2009 no litoral de Alagoas com o Tema
“Alagoas de olho no litoral” através da Secretaria de Estado da Educação e do
Esporte de Alagoas e da ONG ATA – Amigos da Terra e da Água, com apoio da
SEMARH, IMA, IBAMA e UFAL.
As atividades de campo foram realizadas nos dias 3,4 e 5 de junho
respectivamente na seguinte ordem Litoral Centro, Litoral Norte e Litoral Sul.
Participaram da Campanha os municípios de Japararinga, Porto Calvo, São Miguel
dos Milagres, Passo do Camaragibe, Barra de Santo Antônio, Paripueira, Maceió,
Barra de São Miguel, Piaçabuçu e Penedo.
Foram levantados 55 km de litoral com um total de voluntários de 730
participantes, dentre eles estudantes das redes estadual e municipal,
professores, pescadores, jangadeiros e moradores interessados.
Os questionários da Campanha foram preenchidos pelos voluntários sob a
orientação e supervisão dos professores, onde foram abordados aspectos do nosso
litoral tais como a caracterização do tipo de costa, a acessibilidade das
praias, a identificação de erosão costeira nos trechos levantados, de descargas
líquidas no mar, da fauna e da flora existentes, do lixo encontrado, da pressão
imobiliária e turística, com a percepção de riscos de degradação ambiental nos
trechos levantados.
2. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS EM CAMPO
ITEM
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COMENTÁRIOS
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A
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O levantamento
feito tanto em Área de Preservação Ambiental como em outras áreas
apresentaram 100% de acessibilidade a pé, sendo que em 20% dessas áreas o
acesso pode ser feito com veículo motorizado. Foram observadas construções
irregulares obstruindo o acesso e avançando na linha de maré, escombros de
obras de defesa costeira.
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B
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Na caracterização
do tipo de costa, há predominância não rochosa com tipo de sedimento arenoso
e areno-argiloso em sua maioria areias médias, tendo sido observadas também
pequenas ocorrências de areias finas.
20% dos trechos
levantados foram considerados não urbanizados
20% dos trechos
levantados foram considerados pouco urbanizados
60% dos trechos
levantados foram considerados urbanizados
O uso do solo até
Foram
identificadas diversas descargas líquidas no mar onde cerca de 3% delas
apresentaram coloração escura com presença de espuma e peixe morto.
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C
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A largura da Zona Supratidal localizada entre a linha normal de maré
cheia e a linha máxima atingida pelas ressacas variou de 5 a 50 metros. Os
principais representantes da flora e da fauna dessa zona, foram o Planta de
Dunas e andorinhas e gaivotas respectivamente.
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D
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A largura da Zona Intertidal localizada entre a linha normal de maré
cheia e de maré vazia, variou entre 5 e
Os principais representantes da fauna da Zona Intertidal foram
Ouriços do mar, Caranguejos, Camarões, Mexilhões, Estrela do Mar, peixes e
gatos. Foram identificadas pequenas quantidades de aves conhecidas como
lavadeiras e urubus.
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E
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Os resíduos e a poluição encontrados no trecho foram resíduos de
construção, lixo doméstico em sacos e destroços de barcos.
Em todos os trechos a maior quantidade de resíduos encontrada foi:
Plástico (garrafas de bebida), sacos plásticos e pontas de cigarro – acima de 100 unidades
por km.
Metal (garrafas de bebida), pneus, aparelhos de pesca, artigos de
vestuário e sapatos – entre 6 e 50 unidades por km.
Vidro (lâmpadas) – entre 1 e 5 unidades por km.
Foram encontrados ainda, restos de peixe, ossos, fezes humanas, fezes
de mamíferos e restos de utensílios domésticos.
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F
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Observou-se o risco de degradação ambiental com a seguinte situação:
Erosão Costeira – 100% dos trechos apresentaram sinais de erosão
costeira.
Extração de Inertes – foi observado extração de areia em cerca de 20
% dos trechos levantados
Pressão Imobiliária e Turística excessiva em 80% dos trechos.
Perda de qualidade ambiental foi observada, com desmatamento de
mangue e mata atlântica para fins de expansão imobiliária, houve registro de pesca
predatória com uso de explosivos sem
nenhuma fiscalização.
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3. CONCLUSÃO DO
RELATÓRIO
Diante da análise dos dados retirados dos questionários preenchidos em
cada trecho, podemos concluir o seguinte:
- A acessibilidade das áreas é possível em todos os trechos sendo feita
a pé, existem locais onde as construções irregulares avançaram limitando o
acesso, porém não interrompendo, há necessidade de medidas junto aos órgãos
fiscalizadores fazer cumprir a legislação no tocante as áreas edificantes.
- A característica principal do tipo de costa predomina a não rochosa
com tipo de sedimento arenoso em sua maioria areias finas, com altura da
encosta baixa e inclinação vertical.
- As áreas levantadas apontam para um crescimento da urbanização, com
pressão imobiliária e turística excessiva.
- O uso do solo até 50
metros da linha de costa a vegetação predominante é
rasteira e coqueiral, praticamente a mata atlântica inexiste, seria
interessante desenvolver projetos de reflorestamento em áreas não urbanizadas.
- Os resíduos de poluição encontrados nos trechos indicam a necessidade
de efetuar um trabalho educativo mais eficaz junto à população para reduzir a
quantidade de lixo na praia.
- Os riscos de degradação ambiental encontrados foram a erosão costeira
e a pressão imobiliária e turística excessiva, há necessidade de cada município
elaborar um Zoneamento Costeiro para disciplinar o uso do solo, e garantir um
crescimento sustentável para a população local.
Maceió/AL, 05 de junho de 2010.
Marco Antonio de Lyra Souza
Presidente da ONG ATA
É preciso mudar de atitude com relação ao meio
ambiente. Precisamos entender que para sobrevivência da nossa espécie e das
outras, que também fazem parte da grande cadeia alimentar do planeta, temos que
deixar o nosso egoísmo de lado e pensar no coletivo, pois ações que degradam o
meio ambiente afetam a todos nós habitantes da Terra.
Nunca pense que o problema dos outros não é seu,
veja a situação existente atualmente na grande São Paulo, uma das maiores
cidades do mundo, com toda sua grande infraestrutura, vivendo os primeiros
sinais do caos do clima. Fortes temporais descarregados em pequenas áreas em
terrenos impermeabilizados pelo asfalto, tendo como consequência direta
enxurradas e enchentes. Tivemos lá também no ano passado vendaval e tremor de
terra.
Precisamos ser mais solidários com o nosso próximo, que pode estar ao nosso lado, no Havaí, em Machu Picchu, ou em qualquer parte do mundo. Enquanto não alimentarmos em nossos corações o amor ao próximo, e o espírito coletivo de solidariedade humana, nós habitantes do planeta Terra corremos o risco do desaparecimento predatório.
“Em 2021, voltaremos a realizar as campanhas DE OLHO NO LITORAL, sob a
coordenação da ONG ATA, cujos objetivos são promover a educação e a conscientização ambiental
a seus participantes. A forma abordada na Campanha, levam os voluntários, a
assumirem seus papéis como atores no processo de mudança de comportamento para
preservação do ecossistema costeiro, desenvolvendo o conceito de cidadania
ambiental.”
Marco Lyra
FONTE: ONG ATA - AMIGOS DA TERRA E DA ÁGUA
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