SÃO OS DISSIPADORES DE ENERGIA A RESPOSTA PARA EROSÃO COSTEIRA?
ARE ENERGY DISSIPATORS
THE ANSWER TO COASTAL EROSION?
Em
Alagoas, foram construídos dissipadores de energia de ondas desde 2003 para
proteção costeira, cujos resultados positivos, indicam a necessidade de
expandir a experiência para outras praias.
Dissipador
de Energia Sandbag contém erosão costeira e recupera praia recreativa em
Ipioca, Maceió/AL. Foto: Autoral
Atualmente
muito se discute sobre a eficácia das obras de defesa costeira, principalmente
considerando os efeitos das mudanças
climáticas nas cidades costeiras, com a provável intensificação dos processos
de erosão e inundação, o que aumentará a demanda por essas obras. Com esse
cenário, se faz necessário uma nova abordagem exigindo novos conceitos na
definição de obras de defesa costeira com o objetivo de promover a recuperação
de praias.
No
ambiente costeiro, os ventos são os grandes responsáveis pela dinâmica
costeira, seu papel não se restringe a originar ondas, e por conseqüência, as
correntes litorâneas. As ondas e as correntes marítimas transportam grandes
quantidades de grãos de areia que são parcialmente depositados na praia. A
areia acumulada e exposta ao ar, após seca, é transportada por ventos
dominantes para locais mais elevados da praia. Grandes quantidades de areia se
deslocam ao longo das linhas de costa.
Já
reparou nas formas do litoral? Será que existem ilhas quadradas?
A modelagem da linha de costa deve-se a um conjunto de forças complexas que atuam no ambiente costeiro, formando o padrão existente.
A modelagem da linha de costa deve-se a um conjunto de forças complexas que atuam no ambiente costeiro, formando o padrão existente.
A
linha de costa é a fronteira da intercessão do ar, do mar e da terra. As
interações físicas, que ocorrem nesta fronteira são por isso únicas, complexas,
e difíceis de compreender. A linha da costa como um todo, e como parte
integrante desta costa, as praias em particular, são sistemas extremamente
dinâmicos e de uma variação continua no tempo e no espaço.
As
praias e as zonas costeiras são as regiões onde se faz sentir a ação energética
do mar sobre os continentes. É como se a costa fosse um atrator caótico. Em
regra, é a costa o obstáculo sobre o qual a onda acaba por dissipar a
totalidade da sua energia, num processo extremamente complexo, genericamente
designado por rebentação. A praia é o grande dissipador de energia das ondas,
essa é a concepção básica dos dissipadores de energia numa praia com erosão.
O dissipador de energia funciona como
um anteparo que contém o avanço do mar no local da erosão, dissipando a energia
do trem de ondas que incide sobre sua estrutura, reduzindo sua velocidade, e
com isso promovendo a recuperação do perfil da praia no local da intervenção.
Dissipador de Energia
Bagwall contém erosão costeira na ilha da Croa desde 2011, Barra de Santo Antônio. Foto: Autoral
Na Teoria dos Sistemas Dissipativos, a
dissipação revela o caráter auto-organizativo de qualquer sistema vivo e
aberto. Ou seja, a utilização de uma estrutura dissipativa, permite que uma
nova ordem surja. A ordem vem do caos!
Para estudar sistemas Caóticos
é necessário conhecimento em três estruturas matemáticas geralmente usadas na
análise de sistemas dinâmicos : o espaço
de fase que é o espaço matemático de variáveis dinâmicas de um sistema; a seção de Poincaré é um “instantâneo” do movimento no espaço de fase, tomado
a intervalos regulares; e o espectro de
potência que utiliza a análise de Fourier para demonstrar a composição das
frequências na variação temporal das variáveis dinâmicas.
O sistema
dissipativo, é todo e qualquer sistema onde haja transformação de
energia em outras modalidades, seja de cinética para potencial, de
gravitacional para elástica, ou qualquer que seja o modelo que se esteja
trabalhando.
Os resultados positivos obtidos na
recuperação de oito praias em Alagoas, com o uso de dissipadores de energia, sendo todas elas em
condições completamente distintas do ponto de vista geográfico, geológico, morfológico
e hidrodinâmico, onde o resultado final foi a contenção do avanço do mar sem
transferir o processo erosivo para áreas adjacentes, a recuperação da
praia com a recomposição do perfil devido à engorda natural, e a facilitação do
acesso da população à praia natural recreativa.
As coincidências constantes em
todas as praias onde essas obras foram construídas, nos levam a admitir que o
uso dos dissipadores de energia numa praia com erosão, é uma solução de
engenharia que não interfere na dinâmica
sedimentar, é resistente e durável, contem o avanço do mar, dissipa a energia
do trem de ondas, facilita o acesso da população a praia recreativa, harmoniza
a obra com o ambiente de forma a torná-la menos impactante, não transfere o
processo erosivo para áreas adjacentes, promove a recuperação do perfil praial,
e tem baixo custo de manutenção.
FONTE: MARCO LYRA
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