ANA autoriza aumento da vazão em hidrelétrica no São Francisco para conter avanço do óleo

Medida só será adotada caso Ibama identifique avanço das manchas e risco de contaminação. Objetivo é evitar que óleo se espalhe no rio e direcionar o material para o mar.

Por Letícia Carvalho, TV Globo — Brasília

Agência Nacional das Águas (ANA) autorizou nesta sexta-feira (11) o aumento da vazão de água liberada na Usina Hidrelétrica de Xingó, no Rio São Francisco.

A medida busca evitar que as manchas de óleo que atingiram a foz do rio – na divisa de Alagoas e Sergipe – se espalhem e direcionar esse material de volta para o mar.

Como a água do mar avança rio adentro nos horários de baixa, a ideia é liberar maior volume de água pela hidrelétrica para evitar esse deslocamento.

Porém, a medida só será adotada caso o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identifique o avanço do petróleo na região com risco de contaminação da água do rio.

A usina fica a 179 quilômetros da foz do Rio São Francisco. A estratégia é aumentar a vazão da bacia de 800 para 1,3 mil metros cúbicos por segundo, limitada a 1% do volume total da hidrelétrica.

Como o fluxo de água leva mais de dois dias para sair do reservatório de Xingó e chegar à foz, os órgãos federais decidiram adotar um plano estratégico em caso de emergência.

A ANA explica que, para aumentar a vazão em Xingó, a água precisará ser liberada pela barragem da hidrelétrica de Sobradinho (BA), a maior na calha do rio São Francisco, que está a 747 quilômetros da foz.

Segundo a diretora-presidente da ANA, Christianne Dias Ferreira, hoje, o rio São Francisco não está em um "cenário de crise”. A Marinha do Brasil informou que as manchas identificadas na última quarta-feira (9) na foz do São Francisco não foram vistas em inspeções nesta quinta (10) e sexta-feira (11).

“Imagina uma avalanche. Então, acreditamos que o ponto crítico da foz do rio já passou”, explicou o vice-almirante do comando do 7º distrito naval, Wladmilson Borges.

A estratégia foi definida durante reunião na tarde desta sexta-feira (11) entre os ministérios do Desenvolvimento Regional, de Minas e Energia e do Meio Ambiente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Marinha do Brasil, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (Cbhsf), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba.

Óleo no litoral


Desde o fim de agosto diversas manchas de óleo têm aparecido em praias do Nordeste. Segundo o último balanço do Ibama, divulgado na quinta-feira (10), 150 localidades foram atingidas.

No total, 68 municípios foram afetados em todos os 9 estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Uma investigação do governo federal aponta que o óleo que está poluindo as praias têm a mesma origem, mas ainda não é possível afirmar de onde ele vem. Segundo a Petrobras, trata-se de óleo cru, que não é produzido no Brasil.

FONTE: G1 Brasília

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