Após ressaca, especialista analisa eficácia de bags em Santos, SP
Ressaca do fim de semana alagou a avenida da praia e destruiu 25 metros de mureta na Ponta da Praia.
Por G1 Santos
Ressaca destruiu parte da mureta da orla de Santos, na madrugada de domingo — Foto: Reprodução/TV Tribuna
Após uma forte ressaca atingir o litoral de São Paulo, muitos moradores de Santos, que teve ruas alagadas e muretas quebradas por conta da força das ondas, questionaram a eficácia do projeto piloto que foi anunciado em dezembro de 2017 para conter a erosão e minimizar os efeitos da ressaca na cidade. Especialistas ouvidos pelo G1 dizem que as bags funcionam apenas para ressacas menos intensas.
O nível do mar elevado, as altas ondas e o forte vento resultaram em uma intensa ressaca que atingiu algumas cidades da Baixada Santista no último fim de semana. O pico da maré chegou a 2,48 metros, índice nunca antes registrado em Santos.
Por conta disso, várias ruas ficaram tomadas pela água e 25 metros da mureta da orla de Santos ficaram destruídos. A Defesa Civil e a Prefeitura de Santos contabilizam os prejuízos nesta segunda-feira (8).
De acordo com a engenheira civil Alexandra Sampaio, coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas na Unisanta (NPH-Unisanta), nesta última ressaca o sensor da Praticagem de São Paulo registrou próximo da Ilha das Palmas altura significativa das ondas de 2,43 metros às 16h40 de sábado (6), sendo que o pico da altura ocorreu na madrugada as 06h40 com 2,63m.
Já o nível do mar registrado na estação da Praticagem localizada na Ponta da Praia apresentou seu pico no sábado, às 19h10, com 2,10m de altura. No interior do estuário a maré chegou a 2,48m neste mesmo horário.
"Com relação a Ponta da Praia, no último sábado, a semelhança desta ressaca que danificou as muretas em comparação a ressaca intensa que ocorreu em agosto de 2016, se dá quando comparamos as alturas da maré. Em 2016, o pico de maré na Ponta da Praia foi 2,07m e, neste sábado, foi 2,14m, ligeiramente maior. No entanto, com relação a altura significativa das ondas, neste sábado elas foram muito menores, 2,43m, e em agosto de 2016 atingiu 4,10m", explica.
Para a coordenadora, as bags podem ter atenuado um pouco da energia das ondas, mas não foi suficiente devido à conjugação de ondas com a altura da maré muito elevada, fazendo com que a propagação das ondas se dessem em uma altura da maré favorável a atravessar as estruturas.
Parte da orla de Santos está interditada para a reconstrução da mureta, na Ponta da Praia — Foto: Reprodução/TV Tribuna
"Para ressacas menos intensas, os geobags aparentemente funcionaram bem até agora, entretanto, nos extremos já não é possível afirmar sua eficiência pelo que foi observado. É necessário reavaliar e pensar na viabilidade de um projeto definitivo de proteção para esta região compartilhado com a atividade portuária."
Para a prefeitura, os eventos, no entanto, apresentaram características que poderiam levar a estragos ainda maiores, não fossem os sacos de areia submersos. Por atuar na diminuição da força das ondas, a barreira atenuou o efeito da ressaca, apesar do índice recorde de elevação da maré, o que tornou inevitável o alagamento em alguns trechos.
De acordo com a engenheira civil Alexandra Sampaio, coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas na Unisanta (NPH-Unisanta), nesta última ressaca o sensor da Praticagem de São Paulo registrou próximo da Ilha das Palmas altura significativa das ondas de 2,43 metros às 16h40 de sábado (6), sendo que o pico da altura ocorreu na madrugada as 06h40 com 2,63m.
Já o nível do mar registrado na estação da Praticagem localizada na Ponta da Praia apresentou seu pico no sábado, às 19h10, com 2,10m de altura. No interior do estuário a maré chegou a 2,48m neste mesmo horário.
"Com relação a Ponta da Praia, no último sábado, a semelhança desta ressaca que danificou as muretas em comparação a ressaca intensa que ocorreu em agosto de 2016, se dá quando comparamos as alturas da maré. Em 2016, o pico de maré na Ponta da Praia foi 2,07m e, neste sábado, foi 2,14m, ligeiramente maior. No entanto, com relação a altura significativa das ondas, neste sábado elas foram muito menores, 2,43m, e em agosto de 2016 atingiu 4,10m", explica.
Para a coordenadora, as bags podem ter atenuado um pouco da energia das ondas, mas não foi suficiente devido à conjugação de ondas com a altura da maré muito elevada, fazendo com que a propagação das ondas se dessem em uma altura da maré favorável a atravessar as estruturas.
Parte da orla de Santos está interditada para a reconstrução da mureta, na Ponta da Praia — Foto: Reprodução/TV Tribuna
"Para ressacas menos intensas, os geobags aparentemente funcionaram bem até agora, entretanto, nos extremos já não é possível afirmar sua eficiência pelo que foi observado. É necessário reavaliar e pensar na viabilidade de um projeto definitivo de proteção para esta região compartilhado com a atividade portuária."
Para a prefeitura, os eventos, no entanto, apresentaram características que poderiam levar a estragos ainda maiores, não fossem os sacos de areia submersos. Por atuar na diminuição da força das ondas, a barreira atenuou o efeito da ressaca, apesar do índice recorde de elevação da maré, o que tornou inevitável o alagamento em alguns trechos.
Moradores
Moradores da Ponta da Praia, que frequentemente enfrentam problemas com alagamentos em dias de ressaca, estão divididos. Alguns acreditam que os impactos na região diminuíram, já outros esperam mais do projeto.
Mário José Júnior é motorista e, para ele, o projeto tem sido bastante eficaz. "Adiantou muito, com certeza. Antes foi muito pior, carros ficaram embaixo d'água, a ressaca de agora foi muito forte também e isso protegeu."
"Olhando de cima, a onda estourava no bag e perdia força, tanto que a mureta não quebrou aqui na frente", disse a professora Cristina Mirisola.
Já a aposentada Flora Muradas diz que as bags não aguentam a força do mar. "O pessoal tá teimando com as forças da natureza. Essas bags não aguentam, na minha opinião".
Projeto
A proposta, embasada em nota técnica desenvolvida pelos professores Tiago Zenker Gireli e Patrícia Dalsoglio Garcia, da Unicamp, foi disponibilizada para a Prefeitura por intermédio de convênio sem custos e consiste na construção de um muro submerso feito com sacos de tecido geotêxtil preenchidos com areia da praia.
Projeto visa projeto piloto para diminuir os efeitos da ressaca e erosão na Ponta da Praia de Santos — Foto: Andressa Barboza/G1
A ideia dos sacos cheios de areia foi sugerida com base em um modelo matemático que considerou a força das ondas que incidem na região. O projeto planeja montar duas estruturas submersas: uma a partir da mureta da orla, na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima, que segue mar adentro por 275 metros, e outra paralela ao muro, em direção ao Canal 6, com 240 metros de extensão.
Os sacos serão posicionados em formado de 'L' e travados no solo. Essa estrutura formará um muro submerso que diminuirá a energia das ondas que chegam à praia, reduzindo os impactos que são causados pela força das ondas que chegam à Ponta da Praia.
FONTE: G1 SANTOS
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