SOS GUAXINDIBA: AÇÃO PARA CONTENÇÃO DA EROSÃO COSTEIRA

SOS GUAXINDIBA BEACH: ACTION FOR COASTAL WORKS

A praia de Guaxindiba, localizada no município de Conceição da Barra, no estado do Espírito Santo, encontra-se atualmente com forte processo erosivo instalado, colocando em risco pessoas e bens.

HISTÓRICO DA OBRA DE CONTENÇÃO NA PRAIA DA BUGIA

Foi adotada na vizinha praia da Bugia uma solução clássica de engenharia, trata-se de um grupo de cinco espigões em série no formato de ferradura, com engorda artificial de praia nos trechos localizados entre eles. Os espigões estão entre as obras de proteção costeira das mais utilizadas para o controle da erosão marinha. Eles podem ser utilizados isoladamente, em grupo e associados a outras obras longitudinais aderentes, destacadas e alimentação artificial de praias.

Imagem do Google Earth mostra os cinco espigões em forma de ferradura construídos na Bugia.

Imagem do Google Earth - O trecho em vermelho a partir do ultimo espigão, indica a extensão da erosão costeira na praia da Guaxindiba, ocorrida após a construção da obra da Bugia,

A obra na Bugia foi para conter a devastação registrada por cerca de 20 anos na região. Em 2006, o bairro da Bugia chegou a ter 80% do seu território destruído pela erosão. 

O Projeto


O projeto do DER/ES previu a Construção de um grupo de espigões em forma de ferradura e engorda artificial da praia para contenção da erosão costeira. Os dados referentes a obra são os seguintes:

Custo da obra: R$ 54 milhões
Extensão da obra: 1,7 km
Conclusão da Obra: dezembro/2010

Efeitos colaterais da obra
Em 2011 logo após a construção da obra, a força do mar destruiu parte da obra da Bugia e, pela primeira vez, atingiu com gravidade a vizinha praia da Guaxindiba, que desde então sofre os efeitos devastadores, provocando sérios danos as estruturas existentes da rede hoteleira, restaurantes e residências.
Desde então, moradores, empresários e comerciantes começaram a cobrar das autoridades constituídas nas esferas municipal, estadual e federal, uma solução para resolver o problema da erosão costeira após a construção da obra da Bugia.

         Enrocamento construído para proteção das instalações de hotel na praia de Guaxindiba. Foto: Marco Lyra

   Contenção costeira emergencial com uso de Sandbag para proteção do patrimônio edificado. Foto: Marco Lyra

Audiência Pública 

Em março de 2015, foi realizada uma Audiência Pública promovida pelo Ministério Público Federal no Espírito Santo - MPF/ES, com o objetivo de discutir propostas para contenção da erosão marinha na praia da Guaxindiba, município de Conceição da Barra, com todos os atores envolvidos dos setores público, privado e moradores.
Naquela oportunidade, foram apresentadas duas alternativas para controle da erosão costeira de forma complementar as obras da Bugia, conforme segue abaixo:

Projeto do DER/ES – Construção de Enrocamento aderente.
Custo da Obra: R$ 4,8 milhões
Extensão: 1km

Projeto da Comunidade – Dissipador de Energia Bagwall.
Custo da Obra: R$ 8 milhões
Extensão: 1 km

Os moradores e empresários presentes na Audiência alegaram que gostariam de discutir a possibilidade da utilização de uma solução de engenharia para contenção do avanço do mar, e que criasse um menor impacto ao meio ambiente, no caso a orla da praia, principalmente nas questões da acessibilidade da população à praia e da recuperação da praia natural recreativa.
Foram apresentadas as experiências positivas com o uso do Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall no litoral do Nordeste do Brasil, uma obra de engenharia costeira aderente e longitudinal a linha de costa, utilizando formas geotêxteis preenchidas com concreto usinado e bombeado com taxa de compressão controlada, sendo uma alternativa eficaz para resolver os problemas de erosão costeira em áreas urbanizadas, protegendo a propriedade agredida pela erosão marinha, recuperando o perfil da praia com tendência ao equilíbrio, garantindo o acesso da população à praia recreativa e otimizando o custo-benefício através do binômio durabilidade/baixo custo de manutenção ( ver Tabela 1).

Tabela 1 - Custo Comparativo das Obras de Contenção Costeira.

Tipo de Obra

Impacto Ambiental
    Custo de Implantação
     em R$

Durabilidade

Custo Anual
de Manutenção
    em R$
Custo Total
 (5 anos)
em R$
Enrocamento com pedras
Alto
4.800,00/m
    5 anos
860,00/m
9.100,00/m
Dissipador de Energia
Bagwall

Baixo

8.000,00/m

      5 anos

    _______

8.000,00/m


Situação Atual da Guaxindiba

Analisando o quadro existente na Bugia observa-se que provavelmente os espigões construídos, promoveram a interrupção parcial do transporte litorâneo, provocando a quebra do equilíbrio dinâmico na praia adjacente da Guaxindiba, já que ao provocar a diminuição da carga de sedimentos transportados pelas correntes de deriva litorânea, impossibilita a possibilidade de repor sedimentos em eventuais situações de erosão. Este é um dos mais importantes pontos negativos da solução adotada.
  
As obras costeiras construídas na Bugia não dispõem de nenhum Relatório de Monitoramento da área, antes, durante e depois da construção. Existe um estudo da Universidade Federal do Espirito Santo, através do Departamento de Geologia, com o título “Estudo da efetividade de obas de contenção costeira em Conceição da Barra – ES”, realizado no período de junho de 2013 a julho de 2014, com monitoramento trimestral cuja conclusão foi a seguinte:
Para que as obras de engenharia atinjam um maior grau de eficiência, se faz necessário uma revisão do projeto de concepção e executivo com intuito de corrigir eventuais erros do mesmo, uma vez que as obras de engenharia estão cumprindo parcialmente o objetivo para o qual foram construídas.   

AÇÃO PARA CONTENÇÃO DA EROSÃO COSTEIRA

Após 3 anos da realização da Audiência Pública nada foi resolvido por parte dos atores públicos constituídos para resolver a questão, e a população de Conceição da Barra continua vítima de um processo erosivo indesejado.

Com o resultado obtido após a intervenção na Bugia, seria interessante utilizar uma obra de engenharia diferente da solução utilizada, para corrigir de forma complementar os efeitos causados pelo grupo de espigões lá construídos. Inclusive para evitar a transferência do processo erosivo para o Parque Itaúna a norte da praia de Guaxindiba.

As informações sobre as condições geográficas, geológicas, morfológicas e hidrodinâmicas da praia da Guaxindiba, nos permite assegurar que o Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar Bagwall, é uma alternativa de obra de engenharia para contenção do processo erosivo existente.

Após a instalação do Dissipador de Energia Bagwall numa praia com forte processo erosivo, o sistema interage de maneira que a incidência do trem de ondas sobre as paredes do dissipador forma ondas reativas, que reduzem a velocidade de impacto do trem de ondas subsequente, ocorrendo a deposição de sedimentos no local aumentando o atrito na camada de fundo, promovendo a recuperação do perfil de praia, com tendência ao equilíbrio.

As experiências positivas existentes com uso do Dissipador de Energia Bagwall em diversas obras já realizadas no litoral do Nordeste do Brasil, onde foram construídas obras em mais de 6 km de extensão, em sete praias nordestinas, inclusive duas delas com mais de 14 anos de construídas, sem nenhum custo de manutenção e sem transferência do processo erosivo para áreas adjacentes, indicam que a solução é eficaz.

É preciso ação para conter a erosão costeira na Guaxindiba. A participação e a mobilização da população local são de fundamental importância para sensibilizar o poder público para solucionar o problema.




































Comentários

Anônimo disse…
Excelente matéria, técnica e imparcial. A praia de Guaxindiba continua sendo destruída pela ação das ondas em consequência da transferência do problema. É preciso ações urgentes para mitigar o problema. a prefeitura se limita apenas a fazer relatórios da Defesa Civil e o governos do Estado nada faz...
Triste fim espera a Guaxindiba! :(

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