Mar avança em trechos da orla e chama atenção em Maceió Ouvir




No Pontal da Barra, o calçadão e a ciclovia da orla foram destruídos pela força das águas do mar; Prefeitura de Maceió diz que está aguardando licitação para começar obras do trecho que compreende o bairro (Foto: Sandro Lima)

O avanço do mar em alguns trechos da orla de Maceió tem chamado a atenção. No Pontal da Barra, por exemplo, até a calçada foi destruída pela violência das águas. Já na Praia de Ponta Verde, o muro de contenção também foi afetado.
O comerciante Pedro Inácio, de 75 anos, tem uma barraca na Praia do Sobral há mais de 30 anos. Ele conta que há pouco mais de 12 anos o avanço do mar tem sido observado por moradores, mas reclama da falta de investimentos no local.
“O mar tem avançado, mas ninguém tem feito nada aqui. Só olham para a Ponta Verde e Pajuçara. As pessoas precisam saber que no Pontal também mora gente. O mar vem destruindo tudo isso. Quando o mar destruir a pista é que vão colocar pedras ou fazer alguma coisa”, diz.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura de Maceió (Seminfra), atualmente os dois pontos citados pela reportagem da Tribuna Independente e outro na Jatiúca foram afetados pelo avanço do mar. Na Ponta Verde e Jatiúca, as obras serão iniciadas em breve.
Já no Pontal falta licitação. É o que afirma o secretário adjunto de obras da Seminfra Disney Pinto. “Tem um recurso do Ministério do Turismo que já chegou e a gente está aguardando que seja feito a licitação do trecho para o Pontal da Barra. A gente está tendo um problema em frente ao Hotel Ponta Verde que desmoronou. A obra não foi nem entregue e já apresentou problemas. Já notificamos a empresa para que identifique o problema e resolva. Aqui na Secretaria nomeamos uma comissão de três engenheiros para acompanhar a situação e identificar o problema para comunicar à empresa. O secretário IB está aguardando o parecer técnico para encaminhar à Procuradoria e notificar a empresa”.
Segundo Disney Pinto, a Seminfra e a Sedet estão desenvolvendo um Programa de Recupera- ção de Áreas Degradadas (Prad) para mapear toda a orla da capital a fim de identificar pontos críticos. “A Sedet está desenvolvendo o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, o Prad, nos 23km de orla, que compreende depois de Ipioca até o Pontal da Barra. Este programa que iremos executar serve para que vejamos quais são os pontos atingidos para fazer o levantamento do que será necessário fazer e revitalizar. Por enquanto, estamos fazendo de alguns pontos. Próximo a Avenida Jatiúca, perto do Posto 7 até que o Prad seja aprovado. Temos um problema porque o MPF não está permitindo novas obras de recuperação costeira até a conclusão do Prad”, pontua o secretário adjunto.
O coordenador de gerenciamento costeiro do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ricardo César acrescenta que o avanço ocorre em toda a orla marítima de Maceió, e em alguns pontos isto é percebido com mais intensidade. “Então, praticamente nós temos erosão do fim de Sauaçuhy ao antigo Detran, no Pontal. Do limite Norte Sauaçuhy ao limite Sul que é o Detran. Todos esses pontos estão com processo de erosão. Mas agravado ainda nas áreas que estão ocupadas. Pajuçara, Ponta Verde… Em vários pontos da Ponta Verde. Pajuçara do Alagoinha ao pedra virada também apareceu [erosão]. Por trás do Carlito foi construída uma contenção, mas está desmoronando. Tem uma ação na Prefeitura para que se faça uma recuperação de área degradada e para que aquela estrutura seja toda refeita”, explica.
 Ricardo César diz ainda que diversos fatores contribuem para essa elevação, principalmente a ação do aquecimento global e eventos ambientais de grande magnitude. “A tendência é de elevação para os próximos 50, 60 anos de 80 cm no nível do mar. Isso é muito. Porque as alturas de ondas também vão mudando, some isso com os eventos climáticos extremos com a área de baixa pressão onde também vamos ter ondas maiores, com maiores frequência incidido sobre a costa”, detalha.
 Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

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