Aumento da faixa de areia em Canasvieiras custaria cerca de R$ 25 milhões, diz oceanógrafo
A avaliação que ainda não é um projeto concluído foi apresentada ao prefeito e para outras autoridades em Florianópolis MICHAEL GONÇALVES, FLORIANÓPOLIS - ATUALIZADO EM 01/10/2017 ÀS 21H08
A praia de Canasvieiras sofre com a ressaca que castiga a Ilha de Santa Catarina desde maio. Em determinados pontos da praia, quando a maré sobe, a faixa de areia desaparece. Em situação normal, o espaço para os banhistas oscila entre cinco a 15 metros de comprimento. O oceanógrafo e sócio-diretor da Atlântico Sul Consultoria, Maurício Torronteguy, fez uma avaliação preliminar do quanto custaria e de como funcionaria o processo de engordamento da praia do Norte da Ilha. O valor é de R$ 25 milhões, com uma variação de 20% para mais ou menos.
A avaliação, que não é o projeto concluído, foi apresentada durante o evento de comemoração dos 20 anos da regional da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis) de Canasvieiras com a presença do prefeito Gean Loureiro (PMDB) e outras autoridades.
“A faixa de areia pode ser recuperada, mas precisamos superar o descaso e a falta de informação. Precisamos adotar uma postura mais propositiva. Em 2000, a professora Janete Abreu de Castilho já indicava o avanço do mar na praia da Armação, que foi atingida em 2010”, observou Maurício.
Em alguns pontos da praia de Canasvieiras quase não há mais faixa de areia para os banhistas - Flávio Tin/ND
Para o oceanógrafo, um dos problemas é a falta de monitoramento do nível do mar, que não acontece na Ilha de Santa Catarina e nem no Brasil. Ele afirmou que a perda é de 50 centímetros por ano de faixa de areia e alerta que a situação não deve melhorar.
A areia para recompor a praia seria dragada do fundo do mar. “Precisamos de um projeto de recuperação ambiental, que possa estar de acordo com as correntezas e em sintonia com a natureza. Hoje, o plano prevê a fixação de dunas ou vegetação. O cálculo estima a necessidade de 600 mil m³ de areia e a fixação de molhes para o engordamento da praia. Assim, poderíamos ter uma faixa de areia com 45 metros de comprimento pelo custo aproximado de R$ 25 milhões”, disse.
Como sugestão para arrecadar a quantia, o oceanógrafo sugeriu a criação de uma taxa para os visitantes.
Processo recupera áreas degradadas
O engordamento da faixa de areia é um recurso utilizado para recuperar as praias em diversas regiões do Brasil. O oceanógrafo Maurício Torronteguy lembrou que a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é um exemplo bem sucedido. “Já tivemos praias com reposição de areia como Copacabana e a Curva da Jurema, em Vitória (ES). Em Copacabana, o engordamento foi feito na década de 70 e não precisou ser refeito. Normalmente, a obra tem uma durabilidade de dez anos”, contou.
Esta semana, a Prefeitura de Balneário Camboriú anunciou que o alargamento da faixa de areia da praia Central estará pronto até o verão. Serão de dois a três milhões de m³ de areia, que serão retirados de uma jazida e levados para a praia. O custo da obra passa de R$ 100 milhões.
Maurício explicou que a faixa litorânea é a grande defesa que a terra tem sobre o mar. Ele informou que a obra deve durar seis meses, após a liberação das licenças ambientais. “A erosão vai continuar se nada for feito. Além do engordamento, também fizemos a previsão de um molhe no rio do Brás. Precisamos colocar esse tema em debate para que o poder público não tome apenas medidas emergenciais”, afirmou.
>> Custos do engordamento da faixa de areia
- Estudo de viabilidade e projeto básico: R$ 1 milhão
- EIA-Rima: R$ 1,5 milhão
- Contratação e gerenciamento da obra: R$ 2,5 milhões
- Estruturas de fixação (molhes): R$ 2 milhões
- Engordamento - 600 mil m³: R$ 18 milhões
- Total: R$ 25 milhões (com margem de erro de 20%)
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