Além de RJ e SC, Pernambuco é o estado mais vulnerável às alterações no Oceano Atlântico
Os oceanos consomem 1/3 do CO2 lançado na atmosfera, aumentando a sua acidez e temperatura Foto: Alexandro Auler |
Uma das máximas da megalomania pernambucana é que o Oceano Atlântico "nasceu" do encontro entre os rios Capibaribe e Beberibe. Apesar do orgulho no imaginário popular, a população e o Governo do Estado parecem ignorar os graves problemas provocados pelo aquecimento das águas do Atlântico. Nesta quartafeira (8), quando se comemora o Dia Internacional dos Oceanos, o pesquisador Moacyr Araújo apresenta no Recife uma pesquisa com informações sobre as consequências do aumento de temperatura e do nível do Oceano Atlântico, além do que pode acontecer na RMR até o ano 2100.
Estudos climáticos mostram que até 2100 o nível do mar
deve aumentar entre 90cm e 1m
Moacyr Araújo é coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças ClimáticasFoto: divulgação/UFPE |
Coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças
Climáticas (Rede Clima) e professor da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Moacyr Araújo alerta que Pernambuco, Rio
de Janeiro e Santa Catarina são os estados brasileiros mais
vulneráveis às alterações no oceano, pela localização geográfica.
“Muitos cometem o equívoco de achar que o oceano não tem
relevância em relação às mudanças climáticas, mas é o
exatamente contrário. Os oceanos consomem 1/3 do CO2 lançado
na atmosfera, aumentando a sua acidez e temperatura, afetando a
vida marinha e a interação entre ‘oceanoatmosfera’”, explica o
especialista que também é membro do Conseil d´Orientation
Stratégique e Scientifique de la Flotte Océanografique Française
(COSSFLOTTE).
De acordo com o professor, o prolongamento da seca e das áreas
de desertificação no Sertão pernambucano; o avanço do mar e da
erosão no Litoral (que atinge seriamente os municípios de Paulista,
Olinda, Recife e Jaboatão) e a maior frequência de fenômenos
raros como os fortes ventos que atingiram o Grande Recife em
janeiro deste ano possuem relação direta com o aumento de temperatura e de nível do oceano.
“Pernambuco possui uma extensão de 800 km, com reflexos distintos no semiárido, como o aumento
da desertificação, e o sério problema do avanço do mar no litoral. O aquecimentos das águas
também provoca o aumentos de ventos extremos”.
NÍVEL DO MAR
Segundo especialista, estudos mostram que até 2100 o nível do mar deve
aumentar entre 90cm e 1m. “Hoje, o Grande Recife está 4 metros acima do nível do oceano, o que é
muito pouco. O avanço em um metro deve inundar várias áreas da RMR, como mostra a pesquisa
que vou apresentar nesta quarta”, adianta o especialista.
Com o tema “Oceanos e Mudanças Climáticas: Impactos e vulnerabilidades do Estado de
Pernambuco, a palestra será realizada às 10h desta quarta na sede da Secretaria de Meio Ambiente
do Estado (Semas), que fica na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, n. 1339, Jaqueira. O evento, que
é aberto ao público, integra a programação do Mês do Meio Ambiente de Pernambuco.
Fonte: JC
Comentários
Postar um comentário