Olinda e municípios litorâneos serão afetados pelo avanço do mar nos próximos 25 anos (PE)
Calor extremo, falta d’água e de energia, queda na produção agropecuária, doenças e prejuízo por ressacas do mar. O cenário, nada otimista, é previsto para todo o país daqui a 25 anos. É o que sugere o maior levantamento já feito sobre impactos do clima, o“Brasil 2040 – Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas”, encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e publicado, sem alarde, na página do órgão. No caso do Recife, o estudo aponta que a capital pernambucana poderá sofrer o aumento do nível do mar e do assoreamento dos estuários.
“Num cenário mais pessimista, 35% da costa pernambucana (Olinda incluída) ficaria em alerta máximo com relação à erosão e às mudanças climáticas”, afirmou o oceanógrafo e professor da UFPE Pedro Pereira, reforçando o que a pesquisa nacional alerta.
A previsão veio a partir de um mapeamento feito pelos departamentos de Oceanografia e de Engenharia Cartográfica da UFPE, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. As consequências dessas alterações no clima poderiam atingir de forma direta cerca de 3,3 milhões de habitantes dos municípios litorâneos. A maior vulnerabilidade está no Recife, em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes.
Para chegar a essa conclusão foram levados em consideração a densidade populacional, urbanização, aumento do nível do mar, ângulo de exposição às ondas e a altura delas. Foram feitas, inclusive, simulações de aumento de ondas de 0,25cm, 0,50cm e um metro.
Durante as pesquisas em campo, o setor Norte, que abrange os municípios de Goiana, Ilha de Itamaracá, Igarassu e Paulista, apresentou o menor risco em relação às mudanças climáticas e à erosão. No entanto, a região vem sofrendo grande pressão no que diz respeito ao processo de urbanização. O setor Sul, onde estão as cidades do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Sirinhaém, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande, é o que se apresenta, mesmo nos cenários mais pessimistas, menos vulnerável por conta do índice baixo de ocupação.
Portos – As infraestruturas portuárias brasileiras também estão expostas a impactos, devido a fenômenos costeiros naturais ou relacionados ao clima. O resultado, segundo o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) – um dos contribuintes no levantamento encomendado pela SAE – aponta que o Porto do Recife, no Bairro do Recife, pode sofrer a redução de borda livre do cais (por aumento de maré) e ação de ondas sobre o quebra-mar, bem como a interferência no sistema viário de acesso ao porto. De acordo com as conclusões do estudo, o possível cenário implica numa maior manutenção dos maciços das obras de defesa, ou seja, no reforço de quebra-mares com blocos artificiais.
Fonte: Folhape
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