Moradores do Açu culpam Porto pelo processo de erosão (RJ)

“Antes de existir o porto, existia o Açu e esta localidade empresta o nome ao empreendimento. Como é possível virar as costas para tudo o que está acontecendo?”. A indagação é de Denis Toledo, morador e comerciante da Praia do Açu, no município de São João da Barra (SJB), que há anos acompanha as mudanças ocorridas na Avenida Atlântica. Para ele, os efeitos do avanço do mar em relação à costa, provocando erosão para além das dunas frontais da praia, tem relação direta com o Complexo Portuário do Açu.

Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, Adriano de Assis, uma forte ressaca atingiu a região semana passada a ponto de levar à interdição de três residências. “A Defesa Civil e o Centro de Referência Assistência Social (Cras) ofereceram abrigo a essas famílias, mas houve resistência. Desde domingo o mar recuou e não há previsão de nova ressaca”, disse.

Denis explicou que os impactos ambientais com a construção dos quebra-mares do Estaleiro (Terminal 2), em 2011, vem se agravando ano a ano. Tanto que, a partir dos registros, é possível observar a destruição próximo da então orla, hoje inexistente.
“Com a construção dos quebra-mares e início da dragagem houve interrupção no fluxo natural de sedimentos da praia, causando o ‘engordamento’ (acúmulo de areia) junto ao quebra-mar sul e, subsequente ao acúmulo, houve a erosão na parte central da localidade”, disse.

O morador lembrou que os efeitos já eram previstos pela empresa responsável pelo Porto, na época a OSX. Isso porque em janeiro de 2011 foi apresentado o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do empreendimento, durante audiência pública em SJB. “Na ocasião, a OSX se comprometeu a fazer a ‘engorda’ (reposição de areia) se houvesse a erosão”. Fato que hoje não é assumido pelos atuais gestores”, lamentou.

Empresa pondera – Em nota, a atual responsável pela construção do Porto do Açu, a Prumo Logística, informou que um estudo complementar sobre o avanço do mar está sendo desenvolvido. “O estudo, elaborado com base nos entendimentos mantidos com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Prefeitura Municipal de SJB e Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (Inph) avaliará possíveis medidas a serem adotadas para proteger a linha de costa na localidade afetada pelo avanço do mar”, esclareceu a empresa.
ameaça. Muitas construções de comerciantes entre a avenida e a orla estão sendo destruídas (Carlos Emir)
Ameaça. Muitas construções de comerciantes entre a avenida e a orla estão sendo destruídas (Carlos Emir)
Fonte: O Diario

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