Município (Natal - RN) afirma que MP fez avaliação equivocada da obra do enrocamento

Argemiro Lima / NJ
A Prefeitura acusou o golpe do Ministério Público e rebateu à altura os questionamentos do órgão e seus assessores técnicos sobre a obra de enrocamento na praia de Ponta Negra. Após uma inspeção iniciada no dia 20 do mês passado, o MPE e MPF, juntamente com a uma comissão técnica formada por membros do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apontaram que as pedras de granito colocadas para proteger o calçadão estariam com o peso abaixo do previsto no projeto da obra tocada pela Prefeitura do Natal. 
 
“Fizeram uma avaliação equivocada do projeto. As pessoas envolvidas nessa análise não são especialistas em obras de defesa costeira. A obra foi muito bem executada e está cumprindo seu propósito”, resumiu o titular da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semov), Tomaz Pereira Neto.
 
As especificações técnicas do projeto, segundo Pereira Neto, apontam que as pedras, a depender do trecho do enrocamento, podem ter de 40 kg a 2,3 toneladas. A informação foi reforçada sobre o tamanho e peso das pedras pelo engenheiro da empresa pernambucana Camillo Collier, responsável pela obra na praia, Luis Augusto de Góes. 
 
“O MP está se apegando a uma informação genérica sobre as sessões da obra. Existe uma diferença que não foi observada: a altura da praia para o calçadão. Essa altura torna o tamanho e o peso das pedras utilizadas diferentes, até por questão de segurança”, completou Góes. O engenheiro ainda reforçou que as pedras de granito mais leves não são mais baratas. “Pelo contrário, são mais caras. Elas levam mais dinamite para serem produzidas”, disse ele. 
 
O secretário Tomaz Neto ainda destacou que a obra não foi contratada pelo tamanho ou peso das pedras colocadas. “A contratação foi pelo metro cúbico de enrocamento”, explicou o titular da Semov. 
 
Surpreso com a situação relatada pelo MP, na semana passada o próprio prefeito Carlos Eduardo contatou o secretário de Obras Públicas e Infraestrutura para coletar as devidas informações. Junto com o gestor também foram para a reunião três especialistas ligados ao projeto e à execução da obra.
 
O que o time técnico da administração municipal apresentou ao prefeito, rechaçando as informações apontadas pelos MP’s, foi explicado ontem em coletiva realizada na sede da Procuradoria Geral do Município (PGM). 
 
Além de Tomaz Neto e do procurador geral do município Carlos Castim, também integraram a equipe os geólogos Luiz Parente Maia, vindo do Ceará, e Eugênio Cunha (professor da UFRN), ambos responsáveis pelo projeto da obra, e o engenheiro civil Luis Augusto de Góes.
 
O grupo contestou todas as afirmações do Ministério Público na análise do enrocamento e no peso das pedras. De acordo com Luis Augusto, o questionamento, apesar de errôneo, foi importante para referendar a obra.
 
“O relatório foi feito por pessoas sem qualificação necessária para tratar de obras desse tipo. No entanto, eles apontavam que as pedras já pesam até mais do que duas toneladas, como está no projeto”, disse o responsável pela execução do enrocamento.
 
O procurador geral do município destacou que é preciso ter cuidado com a divulgação de certas informações. “Não pode haver exploração de informações, principalmente se os peritos envolvidos não tenham a devidas especialização”, pontuou Carlos Castim. 
 
Para Tomaz Neto, a situação ainda vai além. “Fizeram terrorismo com essa obra. Acordei muitas vezes com ligações dizendo que as pedras tinham rolado. Agora fizeram essa leitura equivocada”, disse o secretário. 
 
Ainda de acordo com Carlos Castim, o prefeito Carlos Eduardo acionou o seu gabinete para convocar o MPE-RN e o MPF-RN. O chefe do Executivo municipal quer reunir-se com os órgãos para repassar os dados e informações contidas no projeto, esclarecendo a situação.

Fonte: www.novojornal.jor.br

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