Técnicos da UFRN e Idema constatam nova irregularidade no enrocamento de Ponta Negra (RN)

Pedras apresentam peso inferior ao estabelecido no projeto oficial da obra. Peso mínimo dessas rochas deveria ser de 1,3 tonelada e chegar até 2,3 toneladas

Professores mediram peso das pedras instaladas no enrocamento em Ponta Negra (Foto: Alberto Leandro)
Uma nova inspeção realizada por técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) nesta segunda-feira (27) nas pedras que compõem o enrocamento do calçadão da praia de Ponta Negra constatou uma pesagem inferior à prevista no projeto oficial da obra.

De acordo Ângelo Roncalli, chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRN, a pedra com o maior peso registrado até o momento tem 1.622 quilos, mas que ainda assim não está dentro do peso mínimo previsto no projeto. Segundo ele, o projeto de execução do enrocamento prevê que o peso mínimo dessas rochas deveria ser de 1,3 tonelada e chegar até 2,3 toneladas.

A inspeção desta segunda-feira (27) realizou a pesagem de cinco pedras e todas apresentaram peso inferior ao do projeto. O técnico da UFRN, explica que essa foi apenas uma amostra, que não necessariamente corresponde ao todo e que, portanto, nenhuma conclusão pode ser tirada até que todo o processo de pesagem seja concluído. “Visivelmente já dá pra ver que as pedras não seguem os padrões de peso estabelecido”, disse.

Ainda de acordo com Roncalli, a não execução da obra de acordo com o previsto no projeto pode representar a fragilidade do enrocamento, fazendo com que ele não suporte a ação de ondas mais agressivas e o efeito de marés mais altas. “Sendo assim, a obra não atenderia as demandas esperadas”, acrescentou.

O técnico da UFRN informou também que a pesagem deverá continuar por mais seis dias. O trabalho avaliará o peso das rochas a cada 400 metros da estrutura, ao longo de 2 km da orla de Ponta Negra. Estão sendo utilizadas balanças de precisão para a medição. Depois dessa perícia, os professores vão elaborar um relatório com o resultado da inspeção.

O que motivou esse serviço foram as diversas denúncias feitas ao Ministério Público Estadual de que as pedras utilizadas no enrocamento estariam deslizando. De acordo com a promotora de Justiça do Meio Ambiente Gilka da Mata, no ano passado o órgão ministerial recebeu um parecer feito pela empresa CB&I indicando que o peso das pedras que foram instaladas está abaixo do previsto no projeto autorizado, o que implicaria na diminuição da durabilidade e na eficiência da obra.
 
Fonte: Portal no Ar

 

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