Pedras no enrocamento de Ponta Negra são pesadas para confirmar projeto

Uma discordância entre empresas concorrentes motivou uma ação capitaneada pelo Ministério Público para investigar supostas irregularidades no enrocamento da praia de Ponta Negra. As pedras utilizadas no serviço estão sendo pesadas para constatar se o resultado condiz com o que fora previsto em projeto.
 
Pedras devem ter pelo menos 1.800 quilogramas
A análise, que deve ser conduzida pelo menos até a próxima sexta-feira, se baseia em dois pilares básicos – denúncias recentes de que as pedras estariam se soltando do enrocamento; e um laudo elaborado pela empresa CB&I, dando conta das “diferenças entre o projeto executivo e o que foi feito, de fato”.
 
A Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semov), entretanto, contesta o relatório apresentado em novembro do ano passado. “A CB&I é concorrente da Collier. Eles tinham o intuito de participar da licitação do enrocamento, mas queriam cobrar muito mais do que nós oferecemos, então nem entraram no certame.
 
O laudo apresentado posteriormente por eles foi totalmente contestado pelos responsáveis técnicos da Collier, inclusive houve uma visita do procurador federal Fábio Nesi Venzon, que se deu por satisfeito com a contra-argumentação apresentada”, afirmou o titular da Semov, Tomaz Neto, em entrevista por telefone ao NOVO JORNAL.
 
Um grupo formado por representações técnicas do Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está mobilizado na perícia. A obra foi entregue a um custo de aproximadamente R$ 6 milhões pela empresa contratada, a Camillo Collier Ltda. 
 
“Pagou-se por pedras com um mínimo de 1800 quilos, mas encontramos exemplares com um terço disso”, disse a promotora de Defesa do Meio Ambiente, Gilka da Matta.O secretário municipal de Infraestrutura, Tomaz Neto, explicou que o projeto original contempla pedras cujo peso poderia variar entre 40 e 2100 quilos, dependendo da aplicação, pois uma estrutura rochosa mais pesada que isso poderia formar um “vazio” entre a sustentação e a cobertura, devido à saída de sedimentos provocada pelo afundamento das pedras na areia. 
 
O relatório da empresa concorrente da que venceu a licitação fala em um peso mínimo de três toneladas nas rochas que formas a “carapaça”, como é chamada a parte da estrutura que dá sustentação ao sistema de enrocamento. Tomaz Neto esclareceu que todas essas contestações já foram devidamente refutadas junto aos órgãos fiscalizadores.
 
Quanto às denúncias de que as pedras estariam sendo carregadas pela força da maré, o titular da Semov negou enfaticamente que o fato seja verídico.“Isso não aconteceu em momento algum, apesar de muita gente ter torcido bastante para que o empreendimento fracassasse. O enrocamento foi concluído de maneira absolutamente satisfatória, a obra foi um sucesso”, defendeu Tomaz Neto. 
 
 PENDÊNCIAS
 
O secretário, contudo, admite que ainda há pendências na execução do projeto de acessibilidade do enrocamento.Duas rampas de acesso à praia que estavam previstas para instalação, uma em cada extremidade do empreendimento, ainda não foram implantadas. Segundo o representante da pasta de obras do Município, o problema será solucionado até o mês que vem.
 
Enquanto as rampas não são instaladas, a população pode acessar a praia por meio de 16 escadas distribuídas ao longo do calçadão de Ponta Negra.Por parte dos órgãos de fiscalização, o foco é confrontar os dados colhidos na perícia iniciada ontem com o projeto original e o relatório da CB&I.
 
Nas duas primeiras pesagens, de fato, os exemplares colhidos pesaram menos do que o que dizem os laudos preliminares – as pedras marcaram 604 e 753 quilos, respectivamente.Conforme relatou Clarisier de Morais, procuradora da República, a ação foi proposta conjuntamente entre as jurisdições Estadual e Federal do Ministério Público, pois os órgãos acreditam que a suposta discrepância na execução do serviço pode reduzir drasticamente a vida útil do enrocamento.
 
“Tanto eu como a promotora Gilka da Matta cuidamos do impacto ambiental, mas caso fique comprovado que a Collier não cumpriu o projeto, o relatório pericial será encaminhado ao Núcleo de Combate á Corrupção (NCC) do MPF, pois a obra utilizou recursos federais”, apontou.A perícia encomendada pelos órgãos fiscalizadores está sendo conduzida por técnicos da UFRN, sob coordenação do departamento de Engenharia Mecânica, e do Idema.
 
Conforme explicou o professor Luís Pedro de Araújo, da Universidade, as equipes estão utilizando um dinamômetro de alta precisão que suporta carga de até cinco toneladas.“Faremos pesagens a cada 400 metros por toda a extensão do enrocamento. O trabalho foi iniciado hoje (ontem) e deve ser concluído na sexta-feira (24), ao que tudo indica”, apontou o especialista. Para ler a matéria completa assine o NOVO JORNAL 
 
Fonte: www.novojornal.jor.br

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