Engorda eleva risco de ataque de tubarões (PE)

Na SBPC o pesquisador Fábio Hazin diz que aumento da faixa de areia aproxima banhistas dos animais
 
Especialista explicou que a poucos metros da costa há um canal com 10m de profundidade e 1km de extensão | Arte/Folha de Pernambuco
O projeto de engorda das praias do litoral do Grande Recife foi alvo de uma análise crítica do professor do Departamento de Pesca da UFRPE e coordenador do Protuba, Fábio Hazin, durante a conferência que ele proferiu, ontem, na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no campus da UFPE. Isto porque, se mal estudada, a intervenção para o crescimento da faixa de areia das praias poderá aproximar ainda mais os banhistas dos tubarões.

O especialista explicou que a poucos metros da costa existe um canal com até dez metros de profundidade e um quilômetro de extensão. Ele vai do Pina, no Recife, a Candeias, em Jaboatão, trecho onde foi registrado o maior número de ataques de tubarão. “Se essa engorda vai resultar numa aproximação do canal com os banhistas, o que é possível que ocorra, poderá haver um aumento do risco de ataques de tubarão. Não sei se isto vai acontecer, mas é preciso extremo cuidado”, explicou Hazin. A medida prevê um aumento de 30 a 40 metros da faixa de areia.

Conforme o especialista, o instrumento científico para prever a resposta do ecossistema marinho a uma intervenção antrópica (do homem sobre o meio ambiente) é limitada. Por isso, ele destaca a necessidade de análises aprofundadas do projeto de engorda. “Há lições demais para isso”, enfatizou. Como exemplo disso, o especialista citou o Porto de Suape, que acabou causando transtornos à população. Inaugurado em meados da década de 1980, mas funcionando plenamente a partir dos anos 1990, o porto aumentou o tráfego de navios na região. Com isso, os tubarões passaram a ser atraídos pelas embarcações, aproximando-se da costa. Em Jaboatão, a engorda deverá ser concluído no início de setembro deste ano. Já Recife, Olinda e Paulista estão com o projeto executivo de engorda em fase de finalização.
 
Fonte: FolhaPE

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