Elevação do nível do mar leva 500 famílias a abandonarem casas no MA

Populações ribeirinhas abandonaram Ilha do Cajual, em Apicum-Açu.
Avanço do mar no litoral do estado vem sendo monitorado pela UFMA.


A força das marés vai lentamente desmanchando as ilhas. Imensas florestas e manguezais vão ficando submersas. As populações ribeirinhas foram obrigadas a procurar refúgio no continente. Cerca de 500 famílias viviam na Ilha de Cajual, em Apicum-Açu, no norte do Maranhão. Deixaram uma vida inteira para trás e um vilarejo em ruínas. A igreja, o posto médico, a escola.

À medida em que o mar foi invadindo a ilha, pouco a pouco, os moradores foram deixando as casas. Hoje, Cajual é uma ilha sem ninguém. A rua onde o pescador Sebastião de Souza morava ficou embaixo d'água. "O mar destruiu, acabou com tudo. Aí ficou do jeito que tá", lamentou.

O vilarejo foi um dos maiores entrepostos de pescado da região. Pescadores por lá, agora, só de passagem. "Era ritmo de cidade aqui. Todo mundo vivia bem aqui. Hoje em dia, todo mundo se mudou", contou Josenilson Amorim.

O avanço do mar fez desaparecer a Coroa de Santo Antônio, um imenso viveiro de iguanas gigantes que, há cinco anos, existia no local. Os animais usavam os bancos de areia para fazer as tocas. A ilha inteira sumiu do mapa.

As ilhas mais ameaçadas ficam em uma região conhecida como Reentrâncias Maranhenses, que compreende toda a área que vai do Golfo do Maranhão até a Baía de Turiaçu, na divisa com o Pará. As correntes que vêm do Atlântico Norte inundam o continente, criando centenas de ilhas e igarapés.

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) vem monitorando o avanço do mar na costa do estado há cinco anos. Para isso, conta com a ajuda de moradores e das populações ribeirinhas da região. "São as mudanças climáticas que vêm ocorrendo em alguns lugares do mundo e aqui é onde vem acontecendo a maior mudança desse tipo no nosso ambiente. Houve uma elevação do nível do mar e nos canais de passagem de barcos, que tão sendo soterrados", explicou o ambientalista Francisco Gonçalves.
 
Fonte: G1

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