Engenheiro propõe uso de pedras para solucionar problema de Ponta Negra (RN)
Prefeitura quer apresentar na próxima semana ao ministério novo projeto para reconstruir calçadão; alternativa agora é fazer "enrocamento", com pedras de granito, mas prazo para conclusão ainda é de seis meses
Equipe do engenheiro costeiro Luiz Parente Maia, que não quis ser fotografado, fez medições ontem em Ponta Negra | Foto: Argemiro Lima/NJ. |
A Prefeitura de Natal quer um plano B pronto para o calçadão de Ponta Negra até esta sexta-feira. A solução para a estrutura passa por um processo chamado enrocamento de pedras arrumadas, já realizado em Fortaleza e Recife, e comandado pelo engenheiro costeiro pernambucano Luiz Parente Maia, contratado pela Prefeitura de Natal para elaborar um plano alternativo a ser entregue na semana que vem no Ministério da Integração Nacional. Colocar sacos de areia como foi sugerido pelo laudo pericial elaborado pelos pesquisadores da UFRN está fora de cogitação.
O engenheiro chegou a Natal segunda-feira passada e no mesmo dia se reuniu com técnicos da Secretaria Municipal de Obras Públicas, que corre contra o tempo para solucionar o problema que se arrasta há quase um ano. Desde julho do ano passado foi decretado calamidade na região de Ponta Negra onde está localizado o calçadão destruído pela força das marés.
Depois de percorrer todo o calçadão e se debruçar sobre o estudo da UFRN e demais pesquisas da geografia do local, Parente chegou à conclusão que o enrocamento de pedras é a melhor solução para o calçadão, mas ainda é uma medida provisória.
A situação é definida por ele como “gravíssima”. “O que Natal não tem é tempo”, registra. Em contato telefônico com o Ministério da Integração Nacional feito ontem pela manhã, Parente diz que o desejo do órgão é que se chegue a uma solução que dê estabilidade à estrutura, que possa ser feita em um prazo máximo de seis meses – tempo máximo que dura o decreto de calamidade pública – e depois possa ser remanejada, reutilizada ou até mesmo substituída. O enrocamento de pedras, já realizado em cidades vizinhas, seria a solução mais viável e será apresentada em Brasília na semana que vem.
“Uma idéia seria fazer o revestimento da estrutura e colocar essas pedras, que pelas condições de energia das ondas que calculamos, deverão ser pedras de no máximo 3,4 toneladas. Elas seriam dimensionadas e colocadas em formato triangular na parte de baixo do calçadão. Isso daria estabilidade à estrutura enquanto se faz o engordamento da praia”, explica. O engordamento também é necessário e defendido pelo engenheiro, mas pode demorar até nove meses somente no processo para concretizá-lo, já que será preciso retirar areia do fundo do mar, realizar licenciamento, licitação da empresa a ser contratada e realizar os estudos de impacto ambiental.
O especialista ainda não sabe, porém, quanto isso custará. É certo que os valores das obras deverão ser alterados, mas ainda não se sabe se para mais ou para menos. Inicialmente o Ministério da Integração Nacional disponibilizou R$ 1,5 milhão para recompor o calçadão de maneira emergencial com a colocação de areia – alternativa descartada pelo engenheiro contratado.
O enrocamento das pedras seria uma solução provisória para Natal, mas no caso de Recife, foi elencada como temporária na época e se tornou definitiva. Começou com dois quilômetros de extensão em Boa Viagem e hoje já atinge oito quilômetros da praia. Segundo Parente, é uma solução barata, com um bom custo-benefício e que pode ser executada em no máximo seis meses. “Consultamos cinco empresas especializadas e elas nos disseram que podem fazer o serviço nesse prazo”, diz. Os valores, porém, só se tornarão conhecidos hoje ao meio dia, quando Parente entregar o parecer à Semopi.
Para engenheiro, situação é “seríssima”
A estrutura seria composta apenas de pedras de granito, sem utilizar concreto. As rochas precisam estar em bom estado, com as características preservadas, de forma que estejam resistentes para absorver o impacto das águas. É preciso também que essas pedras possam ser compradas aqui mesmo no Rio Grande do Norte, para baratear o custo do frete.
As obras de enrocamento seriam uma maneira de ganhar tempo enquanto se dá andamento ao processo de engordamento da faixa de praia, também solicitado pelo Ministério da Integração e definido tanto pela Prefeitura quanto pelo engenheiro como fundamental para Ponta Negra. O processo inteiro, segundo Parente, levará de nove meses a um ano, porque será preciso retirar areia do fundo do mar.
“Quando vier o engordamento, melhor solução para Ponta Negra, o calçadão estará protegido. Se isso não for feito, podemos ter toda uma desestabilização da encosta afetando as ruas vizinhas. A situação é seriíssima e requer posições imediatas e fortes da Prefeitura e da sociedade”, comenta.
De acordo com Luiz Parente, a única solução apresentada pelo estudo da UFRN é o engordamento da praia, que levaria pelo menos nove meses para ser implementada. “Entramos em contato com o terceiro Distrito Naval e tem que ter autorização da Marinha, estudo de impacto ambiental, consultoria e chancela de órgãos especializados do Sudeste, autorização da Secretaria de Patrimônio da União e no mínimo nove meses se tudo correr tudo favorável. Fortaleza passou quase três anos para conseguir isso”, diz.
Os planos da Prefeitura estão sendo elaborados com base nos desejos da população. Segundo o engenheiro, o natalense quer o calçadão, a faixa de praia, a estrutura de dentro do calçadão para águas pluviais e manutenção da estrutura dos hotéis e pousadas que estão às margens do calçadão. “Se o calçadão for embora, vai embora tudo. É um prejuízo econômico incalculável a um ano da Copa do Mundo. Se essa obra não for executada, vamos pagar um preço muito caro”, avisa. Se a proposta apresentada pela Prefeitura for acatada pelo Ministério e as obras finalmente começarem, Natal não corre o risco de estar com o calçadão em ruínas durante o Mundial, na opinião do engenheiro.
A solução definitiva, porém, só viria em pelo menos dois anos. Seria necessário mais um estudo técnico para descobrir de que forma a degradação da estrutura da praia poderia ser evitada de uma maneira permanente. Enquanto isso, Ponta Negra contaria com o enrocamento das pedras e o engordamento da faixa de praia já teria sido feito.
Professor de Engenharia Costeira do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Luiz Parente assinou as obras de reurbanização, reestruturação e engordamento da maioria das praias das capitais nordestinas. Todas as obras das praias urbanas de Fortaleza tiveram sua assinatura, inclusive o mais recente projeto de urbanização da praia do Meireles. Projetou o engordamento das praias em Jaboatão dos Guararapes (PE), que iniciou em fevereiro passado, assim como em Olinda e Paulista. Em João Pessoa, assinou o projeto de recuperação da Ponta do Seixas. Engordamento, enrocamento, construção de espigão e aterros estão no portfólio profissional do engenheiro.
“Não se pode jogar R$ 500 mil no mar toda semana”
O estudo da UFRN também sugere que seja feita uma barreira com sacos de areia para conter a maré. De outra vez, a Prefeitura realizou o procedimento e gastou R$ 500 mil, mas não adiantou. “Não se pode insistir nesse tipo de proteção, ficar jogando R$ 500 mil no mar a cada duas semanas”, critica o especialista. O laudo pericial foi elaborado por uma equipe de seis pessoas lideradas pelo professor doutor Venerando Eustáquio Amaro, associado do Departamento de Geologia da UFRN.
Na conversa que teve com o Ministério da Integração na manhã de ontem, Parente explicou o fracasso da alternativa. “Colocar sacos de areia não é aplicável, até porque a população não absorveu. Explicamos isso e eles entenderam que não é mais viável”, conta.
O secretário adjunto de Obras Públicas, Tomaz Pereira Araújo Neto, disse ontem ao NOVO JORNAL que espera ter o novo plano pronto até o fim da semana para no início da próxima estar em Brasília junto ao analista do Ministério da Integração Nacional, o engenheiro Cássio Rampinelli, e apresentar uma nova alternativa para a reconstrução do calçadão. De antemão, o adjunto adiantou que Luiz Parente concordou com o posicionamento da Prefeitura de Natal.
Nas conversas que teve com o engenheiro, Tomaz diz que se mantém a idéia do engordamento da faixa de praia, mas não com os 90 mil metros cúbicos apontados pelo laudo pericial da UFRN. “Segundo Luiz Parente, é um volume insignificante para engordar a praia. Só serve para proteger o calçadão provisoriamente. Precisaremos com certeza fazer uma obra de proteção costeira e desvio de corrente marítima”, emenda.
Para o secretário adjunto da Semopi, a experiência profissional de Luiz Parente fará a diferença na hora de apresentar um novo plano ao Ministério da Integração Nacional. “Ele tem uma bagagem de obras de proteção marinha e costeira e é dono da tecnologia necessária porque trabalha no setor na área teórica e prática. Acreditamos no posicionamento do profissional dessa envergadura”, registra.
O gestor acredita que pode convencer o Ministério da Integração a realizar as obras em caráter emergencial enquanto trabalha em um plano definitivo para Ponta Negra, que incluiria a construção de um espigão parecido com o de Areia Preta.
O engenheiro chegou a Natal segunda-feira passada e no mesmo dia se reuniu com técnicos da Secretaria Municipal de Obras Públicas, que corre contra o tempo para solucionar o problema que se arrasta há quase um ano. Desde julho do ano passado foi decretado calamidade na região de Ponta Negra onde está localizado o calçadão destruído pela força das marés.
Depois de percorrer todo o calçadão e se debruçar sobre o estudo da UFRN e demais pesquisas da geografia do local, Parente chegou à conclusão que o enrocamento de pedras é a melhor solução para o calçadão, mas ainda é uma medida provisória.
A situação é definida por ele como “gravíssima”. “O que Natal não tem é tempo”, registra. Em contato telefônico com o Ministério da Integração Nacional feito ontem pela manhã, Parente diz que o desejo do órgão é que se chegue a uma solução que dê estabilidade à estrutura, que possa ser feita em um prazo máximo de seis meses – tempo máximo que dura o decreto de calamidade pública – e depois possa ser remanejada, reutilizada ou até mesmo substituída. O enrocamento de pedras, já realizado em cidades vizinhas, seria a solução mais viável e será apresentada em Brasília na semana que vem.
“Uma idéia seria fazer o revestimento da estrutura e colocar essas pedras, que pelas condições de energia das ondas que calculamos, deverão ser pedras de no máximo 3,4 toneladas. Elas seriam dimensionadas e colocadas em formato triangular na parte de baixo do calçadão. Isso daria estabilidade à estrutura enquanto se faz o engordamento da praia”, explica. O engordamento também é necessário e defendido pelo engenheiro, mas pode demorar até nove meses somente no processo para concretizá-lo, já que será preciso retirar areia do fundo do mar, realizar licenciamento, licitação da empresa a ser contratada e realizar os estudos de impacto ambiental.
O especialista ainda não sabe, porém, quanto isso custará. É certo que os valores das obras deverão ser alterados, mas ainda não se sabe se para mais ou para menos. Inicialmente o Ministério da Integração Nacional disponibilizou R$ 1,5 milhão para recompor o calçadão de maneira emergencial com a colocação de areia – alternativa descartada pelo engenheiro contratado.
O enrocamento das pedras seria uma solução provisória para Natal, mas no caso de Recife, foi elencada como temporária na época e se tornou definitiva. Começou com dois quilômetros de extensão em Boa Viagem e hoje já atinge oito quilômetros da praia. Segundo Parente, é uma solução barata, com um bom custo-benefício e que pode ser executada em no máximo seis meses. “Consultamos cinco empresas especializadas e elas nos disseram que podem fazer o serviço nesse prazo”, diz. Os valores, porém, só se tornarão conhecidos hoje ao meio dia, quando Parente entregar o parecer à Semopi.
Para engenheiro, situação é “seríssima”
A estrutura seria composta apenas de pedras de granito, sem utilizar concreto. As rochas precisam estar em bom estado, com as características preservadas, de forma que estejam resistentes para absorver o impacto das águas. É preciso também que essas pedras possam ser compradas aqui mesmo no Rio Grande do Norte, para baratear o custo do frete.
As obras de enrocamento seriam uma maneira de ganhar tempo enquanto se dá andamento ao processo de engordamento da faixa de praia, também solicitado pelo Ministério da Integração e definido tanto pela Prefeitura quanto pelo engenheiro como fundamental para Ponta Negra. O processo inteiro, segundo Parente, levará de nove meses a um ano, porque será preciso retirar areia do fundo do mar.
“Quando vier o engordamento, melhor solução para Ponta Negra, o calçadão estará protegido. Se isso não for feito, podemos ter toda uma desestabilização da encosta afetando as ruas vizinhas. A situação é seriíssima e requer posições imediatas e fortes da Prefeitura e da sociedade”, comenta.
De acordo com Luiz Parente, a única solução apresentada pelo estudo da UFRN é o engordamento da praia, que levaria pelo menos nove meses para ser implementada. “Entramos em contato com o terceiro Distrito Naval e tem que ter autorização da Marinha, estudo de impacto ambiental, consultoria e chancela de órgãos especializados do Sudeste, autorização da Secretaria de Patrimônio da União e no mínimo nove meses se tudo correr tudo favorável. Fortaleza passou quase três anos para conseguir isso”, diz.
Os planos da Prefeitura estão sendo elaborados com base nos desejos da população. Segundo o engenheiro, o natalense quer o calçadão, a faixa de praia, a estrutura de dentro do calçadão para águas pluviais e manutenção da estrutura dos hotéis e pousadas que estão às margens do calçadão. “Se o calçadão for embora, vai embora tudo. É um prejuízo econômico incalculável a um ano da Copa do Mundo. Se essa obra não for executada, vamos pagar um preço muito caro”, avisa. Se a proposta apresentada pela Prefeitura for acatada pelo Ministério e as obras finalmente começarem, Natal não corre o risco de estar com o calçadão em ruínas durante o Mundial, na opinião do engenheiro.
A solução definitiva, porém, só viria em pelo menos dois anos. Seria necessário mais um estudo técnico para descobrir de que forma a degradação da estrutura da praia poderia ser evitada de uma maneira permanente. Enquanto isso, Ponta Negra contaria com o enrocamento das pedras e o engordamento da faixa de praia já teria sido feito.
Professor de Engenharia Costeira do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Luiz Parente assinou as obras de reurbanização, reestruturação e engordamento da maioria das praias das capitais nordestinas. Todas as obras das praias urbanas de Fortaleza tiveram sua assinatura, inclusive o mais recente projeto de urbanização da praia do Meireles. Projetou o engordamento das praias em Jaboatão dos Guararapes (PE), que iniciou em fevereiro passado, assim como em Olinda e Paulista. Em João Pessoa, assinou o projeto de recuperação da Ponta do Seixas. Engordamento, enrocamento, construção de espigão e aterros estão no portfólio profissional do engenheiro.
“Não se pode jogar R$ 500 mil no mar toda semana”
O estudo da UFRN também sugere que seja feita uma barreira com sacos de areia para conter a maré. De outra vez, a Prefeitura realizou o procedimento e gastou R$ 500 mil, mas não adiantou. “Não se pode insistir nesse tipo de proteção, ficar jogando R$ 500 mil no mar a cada duas semanas”, critica o especialista. O laudo pericial foi elaborado por uma equipe de seis pessoas lideradas pelo professor doutor Venerando Eustáquio Amaro, associado do Departamento de Geologia da UFRN.
Na conversa que teve com o Ministério da Integração na manhã de ontem, Parente explicou o fracasso da alternativa. “Colocar sacos de areia não é aplicável, até porque a população não absorveu. Explicamos isso e eles entenderam que não é mais viável”, conta.
O secretário adjunto de Obras Públicas, Tomaz Pereira Araújo Neto, disse ontem ao NOVO JORNAL que espera ter o novo plano pronto até o fim da semana para no início da próxima estar em Brasília junto ao analista do Ministério da Integração Nacional, o engenheiro Cássio Rampinelli, e apresentar uma nova alternativa para a reconstrução do calçadão. De antemão, o adjunto adiantou que Luiz Parente concordou com o posicionamento da Prefeitura de Natal.
Nas conversas que teve com o engenheiro, Tomaz diz que se mantém a idéia do engordamento da faixa de praia, mas não com os 90 mil metros cúbicos apontados pelo laudo pericial da UFRN. “Segundo Luiz Parente, é um volume insignificante para engordar a praia. Só serve para proteger o calçadão provisoriamente. Precisaremos com certeza fazer uma obra de proteção costeira e desvio de corrente marítima”, emenda.
Para o secretário adjunto da Semopi, a experiência profissional de Luiz Parente fará a diferença na hora de apresentar um novo plano ao Ministério da Integração Nacional. “Ele tem uma bagagem de obras de proteção marinha e costeira e é dono da tecnologia necessária porque trabalha no setor na área teórica e prática. Acreditamos no posicionamento do profissional dessa envergadura”, registra.
O gestor acredita que pode convencer o Ministério da Integração a realizar as obras em caráter emergencial enquanto trabalha em um plano definitivo para Ponta Negra, que incluiria a construção de um espigão parecido com o de Areia Preta.
Fonte: Novo Jornal
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