Mar continua avançando na praia de Pirambu (SE)

As pedras não estão conseguindo conter o avanço do mar e casas e ruas são destruídas. Pescadores também enfrentam dificuldades.
As pedras não estão conseguindo conter o avanço do mar e casas e ruas são destruídas

Há alguns anos, a população da cidade de Pirambu, litoral Norte do Estado, distante 30 quilômetros da capital, tem assistido o avanço do mar, sem nada poder fazer. Moradores ou aqueles que possuem casas de veraneio ou algum tipo de comércio em frente à praia, na avenida Oceânica, estão apreensivos com a proximidade do mar, que já destruiu alguns imóveis e estabelecimentos comerciais.

A rotina da população também tem sido alterada nos últimos dias, pois parte da principal avenida está interditada. Segundo especialistas, a causa do problema tem sido a mudança do curso do rio Japaratuba. Uma parceria entre a Prefeitura de Pirambu e a Defesa Civil do Estado assentou pedras no local.

O secretário executivo da Defesa Civil, tenente-coronel Matheus, explicou que há um problema de reconfiguração natural da foz do rio Japaratuba. Como o rio encontrou bancos de areia no seu curso normal, teve que fazer uma curva, então, quando a maré sobe, bate no paredão da pista, causando destruição. "Pedras estão sendo colocadas, mas continuamos temerosos que a maré avance cada vez mais. Se continuar assim vou perder um imóvel que recentemente investi mais de R$ 100 mil", contou o morador Vânio Moura.

A Prefeitura de Pirambu usou uma máquina escavadeira para tentar abrir o caminho do banco de areia que mudou a foz do rio Japaratuba, no entanto, a operação foi cancelada por recomendações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O rio Japaratuba perdeu força e o mar avançou e fechou o canal que ligava o rio ao mar e por onde passavam as embarcações. A foz do rio mudou de lugar. A situação faz com que os pescadores não cheguem até o mar para pescar.

Especialistas - O prefeito de Pirambu, Hélio Martins (PSC) recebeu especialistas na área de meio ambiente para avaliar a situação. Técnicos da Universidade Federal de Sergipe (UFS), do projeto Tamar, um hidrogeólogo e um consultor do Ibama avaliaram o problema. Para Roberto Cardoso Rezende, a solução deve começar com a limpeza do rio Japaratuba, que a cada dia perde força. "Fazer a limpeza da calha do rio, pois há barragens que estão impedindo a descida do rio. O rio está perdendo competência, ao invés dele trazer sedimento, está erodindo e modificando o estuário", analisou o hidrogeólogo.

"É um processo dinâmico, então, no futuro o rio vai voltar a ter o leito original, mas até lá, os homens, o acesso ao rio e a pesca são prejudicadas. O canal é muito raso, o que impede a entrada de barcos. Já era difícil antes, agora se tornou impossível a entrada de barcos maiores no rio Japaratuba", comentou o geólogo da UFS, Luiz Carlos Fontes.

"Realmente é um prejuízo grande para as pessoas que trabalham com camarão, donos de barcos. Uma solução, se não for pensada, dará um prejuízo muito maior, do que uma ação que seja feita com respaldo técnico", observou César Coelho, coordenador do Projeto Tamar.
Mesmo com tantos transtornos, há quem pense que o mar está tomando o espaço dele. O pescador Josenildo dos Santos acredita que o mar nada mais está fazendo do que assumindo o que é dele. "Antigamente a maré vinha até próximo às casas e nunca houve nada. O homem que modificou o curso com construções, pontes e aterros, fazendo com que a natureza também modificasse seu destino natural".

Os prejuízos do avanço do mar impedem a pesca. Mais de 10 barcos estão ilhados. Os pescadores relatam que já são 20 dias sem trabalho. "Estamos sofrendo muito porque quem pesca está descarregando seu produto no porto de Aracaju, aqui a economia já parou. Os gestores precisam encontrar uma solução, que se faça alguma coisa por nós. Somos uma comunidade de pesca e vivemos da pesca", solicitou o pescador Eduardo Soares.

O prefeito Hélio Martins disse que está protocolando na Defesa Civil do Estado um pedido de auxílio ao Governo Federal. "O município não tem condições de arcar com essa despesa. Chegamos ao nosso limite", avisou.

Litoral sergipano - Nos últimos anos, vários pontos da costa sergipana sofreram com erosões, a exemplo das praias da Atalaia Nova (Barra dos Coqueiros), Saco (Estância), 13 de Julho (Aracaju) e Caueira (Itaporanga D'Ajuda).

A foz do rio São Francisco, mais precisamente em povoados do município de Brejo Grande, também é um local que sofre bastante com as intempéries da natureza.
Em Aracaju, a Prefeitura proibiu a passagem de trios e aglomerações no período do Pré-Caju na avenida Beira Mar, por conta da erosão sofrida no denominado cais da "Curva do Iate". Na Caueira, o período de maré alta destruiu recentemente parte da orla da cidade.
 
Fonte: jornaldodiase.com

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