Prefeitura (Natal - RN) usa sacos de areia para tentar minimizar impacto das ondas com mais de 2 metros de altura
Estudo elaborado pelo Inpe prevê que as marés mais altas e intensas do ano acontecerão quinta e sexta. Foto: José Aldenir |
A madrugada desta quinta-feira, 2 de agosto, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), deverá registrar a maré mais alta e de maior intensidade do ano, com 2,5 metros, podendo chegar aos 2,6 metros, por volta das 4h30 da manhã. Se a previsão for confirmada, o nível atingido será acima do da maré que destruiu parte do calçadão de Ponta Negra no início de julho. Nesta quarta-feira (1), a maré chegou a 2,4 metros, e as ondas voltaram a atingir o calçadão, no entanto não causou maiores prejuízos, pois os sacos de areia que foram colocados pela Prefeitura de Natal conseguiram minimizar o impacto.
Outro problema em relação às marés de agosto é a associação com as fases da lua e os ventos durante este mês propiciam o aumento e a intensidade das marés. Amanhã, por volta das 16h58, também está prevista uma maré de 2,3 metros. Na sexta-feira (3), por volta das 5h09 deve-se registrar uma nova maré de 2,5 metros e de 2,3 metros às 17h39. No sábado (4) e domingo (5), as marés devem variar entre 2,3m e 2,4m.
De acordo com Gilmar Bistroit, meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), o mês de agosto é marcado pela incidência de ventos fortes em todo Nordeste. O fenômeno ocorre tanto no litoral como no interior da região. “A explicação para presença desses ventos é que ocorre um aumento da pressão do Atlântico Sul, favorecendo o deslocamento do ar para cá”, disse. Segundo o meteorologista, a porta de entrada desses ventos é o Sudeste e a velocidade pode aumentar em 100%. “Praticamente dobra a velocidade dos ventos nesta época do ano aqui no NE”, explica.
O coordenador da Defesa Civil de Natal, secretário Carlos Paiva, disse que os sacos que foram colocados e as barreiras de contenção ajudaram a impedir mais prejuízos ao calçadão. “Não houve avanço do ponto de vista da destruição e os sacos colaboraram para não piorar a situação. A grande diferença é que estas marés de agosto são depositárias de sedimentos e não de retirada. Hoje vamos dar continuidade ao trabalho de enchimento dos sacos com vistas às marés de amanhã e sexta-feira”. O secretário disse ainda que técnicos da Prefeitura irão monitorar o calçadão de Ponta Negra 24 horas durante esta semana.
Comerciantes e frequentadores estão temerosos
Diante das marés altas, a população e os comerciantes temem mais prejuízos. A funcionária pública, Tereza Nilda, que sempre caminha pela praia de Ponta Negra, acredita que os sacos que foram colocados são insuficientes para conter o avanço do mar. “Já espero que o pior aconteça. Os sacos são insuficientes para impedir a ação da maré alta. É necessária uma ação mais eficaz”, disse ao fazer referência à previsão do Inpe para esta quinta-feira.
O comerciante Adriano Marcelino da Silva criticou a colocação dos sacos e teme que uma nova destruição cause ainda mais prejuízos às vendas. “A maré que vem é forte e pode destruir tudo, pois esses sacos são insuficientes para conter a força da água. Por isso estamos esperando que o pior aconteça. A situação está ruim e temo que possa ser pior ainda”, observou.
Ainda à espera da relocação, a proprietária do quiosque k-18, Rosineide Lima de Souza, teme que a maré possa levar o resto do calçadão e derrubar a estrutura do quiosque, pois a base de sustentação já foi bastante danificada pela a última maré. “Tenho medo de chegar quinta-feira e ver tudo perdido, pois a maré alta será na madrugada. O estrago já foi grande da outra vez, agora pode ser pior e nada de eficaz está sendo feito”, desabafou a comerciante. O titular da Semsur, Luiz Antônio Lopes disse que o quiosque de Rosineide não será relocado, mas garantiu que será feito um reforço para calçar a base e impedir a destruição.
Pouca efetividade das ações
No entanto, 18 dias após a Prefeitura de Natal decretar o estado de calamidade pública no calçadão de Ponta Negra, quase nada foi feito para resolver o problema na área. As medidas paliativas não surtiram o efeito desejado, pois os poucos sacos de areia que foram colocados foram soterrados pela areia da praia diante do avanço das águas do mar. A interdição e isolamento da área afetada, feita por recomendação judicial, duraram apenas um dia, pois, segundo a Defesa Civil de Natal, os populares retiraram os tapumes e as telas de proteção que cercavam a área. O efetivo da Guarda Municipal é insuficiente para garantir a segurança 24 horas da região e os poucos agentes da Defesa Civil que se encontram no local diariamente são poucos para fazer o trabalho de orientação aos transeuntes.
Durante os últimos dias, o que se viu em Ponta Negra foi uma retroescavadeira criando barreiras de areia em frente ao calçadão destruído, no entanto, menos de 24 horas depois do trabalho paliativo, o mar levou parte da areia posta para proteger o calçadão.
Hoje, as barreiras são quase imperceptíveis. Em parceria com o trade turístico, foi tomada a decisão de encher mais de 400 sacos de areia para tentar conter a ação do mar. Os primeiro sacos que foram colocados foram soterrados poucas horas depois.
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Carlos Paiva, afirma que cerca de 30 pessoas estão trabalhando diariamente no local e que será montado um esquema especial na próxima semana. “Já na madrugada do próximo dia 2 de agosto, estaremos com uma equipe de plantão no local para monitorar a situação e orientar os banhistas”.
A Cruz Vermelha também está auxiliando o trabalho da Prefeitura, com um grupo de 16 voluntários. “Todas estas pessoas são formadas no Curso Básico em Proteção de Defesa Civil (CBPDC), oferecido pela própria Cruz Vermelha. Além de ajudar a organizar, os sacos de proteção, orientam os banhistas quanto à segurança no local”, informou o coordenador operacional do Departamento de Resposta a Desastres da Cruz Vermelha de Natal, Gerson Gomes.
Os voluntários da Cruz Vermelha Brasileira no RN estão em Ponta Negra fazendo um cordão de isolamento para orientar as pessoas sobre a melhor maneira de descer à praia e também auxiliando na construção da contenção, com o enchimento dos sacos de areia. A equipe também disponibiliza um socorrista com prancha como medida preventiva. Esta é a primeira vez que a Cruz Vermelha trabalha em conjunto com a Defesa Civil Municipal.
Relocação de quiosques
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) realizou, na semana passada, a remoção do quiosque 13 para o ponto 30, a exemplo do quiosque 14 que foi removido para outra área do calçadão. Segundo o chefe de Engenharia da Semsur, Rubens Ciro Costa, mais três quiosques (15, 16 e 17) serão relocados até a próxima amanhã. Os locais para onde os quiosques estão sendo relocados é indicação da Associação dos Quiosqueiros e a expectativa dos comerciantes é de que mais equipamentos sejam relocados até a próxima semana.
No momento, a Prefeitura espera a liberação dos recursos do Ministério da Integração Nacional para as obras de recuperação emergencial do calçadão. Porém, não há expectativa ou previsão para elaboração de um estudo que aponte uma solução definitiva para o calçadão de Ponta Negra. Carlos Paiva ressalta que há o compromisso do Ministério do Turismo de liberar R$ 500 mil para elaboração de um projeto neste sentido, mas observa que neste momento a prioridade da Prefeitura é garantir a obra emergencial.
“Precisamos recuperar, para ter certeza de que não cairá novamente e possa segurar até que seja feita a obra de forma definitiva. Não tivemos tempo ainda para pensar nesse projeto, mas a Prefeitura também está preocupada quanto à solução definitiva”, afirmou Carlos Paiva.
Recursos ainda não foram liberados
O Ministério da Integração irá liberar, inicialmente, R$ 1 milhão para as obras emergenciais de reconstrução do calçadão de Ponta Negra. O valor corresponde a 25% dos R$ 4 milhões, solicitados pela prefeita Micarla de Sousa, após o reconhecimento do decreto de calamidade pública pela União, na quarta-feira (25). Os recursos são oriundos do Orçamento Geral da União (OGU) e por se tratar de obras de recuperação em situação calamitosa é dispensada a contrapartida por parte do Município.
O secretário Carlos Paiva explicou que é comum o Governo Federal liberar recursos em etapas. Até esta quarta-feira (1), o recurso ainda não havia sido liberado. “É normal que o dinheiro seja liberado em parcelas, à medida que o projeto está sendo executado e comprovado, o restante do dinheiro vai sendo liberado. Esperamos que a liberação da parcela inicial aconteça o quanto antes. O que tinha que ser feito já foi feito, agora é esperar a liberação dos recursos para darmos início às obras”, afirmou.
De acordo com o relatório apresentado pela Defesa Civil de Natal, o valor pleiteado pela Prefeitura foi de R$ 4.050.800,00. Dos quais, R$ 3.674 milhões para a recuperação de 700 metros de trecho danificado pela erosão costeira. Carlos Paiva explica que, após análise do plano de trabalho apresentado pelo Município ao Departamento de Engenharia, o valor dos recursos será definido e repassado. A quantia solicitada é para obras de recuperação e requalificação dos espaços urbanos destruídos pela força do mar na praia de Ponta Negra.
“Essas são obras paliativas. As obras estruturantes, definitivas, estão orçadas em cerca de R$ 80 milhões”, lembrou Micarla de Sousa. A Prefeitura retomou o contato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na tentativa de firmar parceria entre a instituição financeira e o Ministério do Turismo para disponibilizar estudos realizados em 2008, para ordenação da orla de Ponta Negra. “O convênio de R$ 77 milhões, recusado pela Prefeitura na época, gerou um impasse diplomático com o BID, que estamos tentando reverter”, disse.
Após avaliação do Ministério da Integração, o projeto executivo volta para a Prefeitura de Natal. A entrega é a ultima etapa no processo de decreto de calamidade pública, mas não é, segundo a secretária de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi) Teresa Cristina Vieira Pires, fator condicionante para que o Município tenha acesso ao recurso. No caso de execução de ações de recuperação, explica Carlos Paiva, o Município deverá apresentar plano de trabalho no prazo máximo de 90 dias da ocorrência do desastre. Em Natal, o processo decorreu em 15 dias.
Em busca de mão de obra qualificada
A Prefeitura pleiteou ainda, junto ao Ministério da Defesa, a execução de obras via batalhão de engenharia do Exército de outros estados, pois, segundo informações do secretário Carlos Paiva, o batalhão de engenharia no RN declarou não ter experiência nesse tipo de construção, tendo pessoal especializado em construção de estradas e pontes. O Exército informou ainda que não dispõe de engenheiros especializados em reconstrução proveniente de erosão marinha.
“Buscamos o Exército por entender que a burocracia seria menor entre os dois entes federais. E pela larga experiência em obras de reconstrução”, disse Micarla de Sousa. A Prefeitura de Natal busca parceria com o Exército para realização da obra para dar mais credibilidade e celeridade no processo de reconstrução do calçadão.
Em caso de impossibilidade dos militares tocarem a obra, a Semopi irá coordenar o processo de seleção de empresa especializada, por meio de comprovação de qualificação técnica para realizar o serviço. Carlos Paiva explicou que a ideia é que se contrate mais de uma empresa para dar celeridade à reconstrução, sob a coordenação dos técnicos da Semopi.
Carlos Paiva explica que o projeto emergencial não contempla os possíveis danos causados após o fenômeno das marés do dia 2 de agosto. O valor pedido se baseia nos estragos e prejuízos materiais e ambientais diagnosticados após os últimos desabamentos no calçadão de Ponta Negra, os quais foram registrados nos dois relatórios entregues pela prefeita em Brasília, na última segunda-feira, 23. Os documentos apontam uma área de 500 metros para reconstrução e outro trecho de 200 metros para reparação de danos. Caso a previsão de nova destruição seja confirmada, esclarece Carlos Paiva, a Prefeitura poderá “pedir novo aporte de recursos”.
Sacos de areia
O enchimento dos 420 sacos de areia de 1,5 tonelada previsto para ser concluído na semana passada, ainda não tem previsão. Do total, somente 120 foram colocados, até a manhã de ontem. Parte das ‘big bags’ instaladas na sexta-feira passada, em frente ao Hotel Manary, está aterrada e no nível do mar. “Não houve a erosão, mas do jeito que está não evita que maré venha e atinja o calçadão”, observa o barraqueiro Francisco Dias.
Cerca de 60 metros adiante, em frente Blue Marlin e King’s Hotel, cerca de 30 sacos foram sobrepostos formando uma barreira maior. “A dificuldade no avanço do trabalho é a falta de experiência por parte dos operários da Prefeitura e da Marinha, além da limitação de tempo para o uso de retroescavadeiras, devido às marés”, explica a secretária de obras Teresa Cristina Vieira.
O diretor da Defesa Civil de Natal, Irimar Matos do Nascimento não será possível concluir o enchimento dos sacos até a maré do dia 2 de agosto. “Mas conseguiremos encher pelo menos a metade, o que será suficiente para conter a ação da maré”, afirmou.
O presidente da ABIH-RN, Habib Chalita, disse que 15 hoteleiros de Ponta Negra investiram R$ 6 mil na aquisição de sacos de armazenagem de sal, para enchê-los de areia na tentativa de bloquear os impactos da maré alta. O dirigente reclama, porém, que a Prefeitura de Natal não cumpriu o acordo, já que não encheu os sacos de areia.
Outro problema em relação às marés de agosto é a associação com as fases da lua e os ventos durante este mês propiciam o aumento e a intensidade das marés. Amanhã, por volta das 16h58, também está prevista uma maré de 2,3 metros. Na sexta-feira (3), por volta das 5h09 deve-se registrar uma nova maré de 2,5 metros e de 2,3 metros às 17h39. No sábado (4) e domingo (5), as marés devem variar entre 2,3m e 2,4m.
De acordo com Gilmar Bistroit, meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), o mês de agosto é marcado pela incidência de ventos fortes em todo Nordeste. O fenômeno ocorre tanto no litoral como no interior da região. “A explicação para presença desses ventos é que ocorre um aumento da pressão do Atlântico Sul, favorecendo o deslocamento do ar para cá”, disse. Segundo o meteorologista, a porta de entrada desses ventos é o Sudeste e a velocidade pode aumentar em 100%. “Praticamente dobra a velocidade dos ventos nesta época do ano aqui no NE”, explica.
O coordenador da Defesa Civil de Natal, secretário Carlos Paiva, disse que os sacos que foram colocados e as barreiras de contenção ajudaram a impedir mais prejuízos ao calçadão. “Não houve avanço do ponto de vista da destruição e os sacos colaboraram para não piorar a situação. A grande diferença é que estas marés de agosto são depositárias de sedimentos e não de retirada. Hoje vamos dar continuidade ao trabalho de enchimento dos sacos com vistas às marés de amanhã e sexta-feira”. O secretário disse ainda que técnicos da Prefeitura irão monitorar o calçadão de Ponta Negra 24 horas durante esta semana.
Comerciantes e frequentadores estão temerosos
Diante das marés altas, a população e os comerciantes temem mais prejuízos. A funcionária pública, Tereza Nilda, que sempre caminha pela praia de Ponta Negra, acredita que os sacos que foram colocados são insuficientes para conter o avanço do mar. “Já espero que o pior aconteça. Os sacos são insuficientes para impedir a ação da maré alta. É necessária uma ação mais eficaz”, disse ao fazer referência à previsão do Inpe para esta quinta-feira.
O comerciante Adriano Marcelino da Silva criticou a colocação dos sacos e teme que uma nova destruição cause ainda mais prejuízos às vendas. “A maré que vem é forte e pode destruir tudo, pois esses sacos são insuficientes para conter a força da água. Por isso estamos esperando que o pior aconteça. A situação está ruim e temo que possa ser pior ainda”, observou.
Ainda à espera da relocação, a proprietária do quiosque k-18, Rosineide Lima de Souza, teme que a maré possa levar o resto do calçadão e derrubar a estrutura do quiosque, pois a base de sustentação já foi bastante danificada pela a última maré. “Tenho medo de chegar quinta-feira e ver tudo perdido, pois a maré alta será na madrugada. O estrago já foi grande da outra vez, agora pode ser pior e nada de eficaz está sendo feito”, desabafou a comerciante. O titular da Semsur, Luiz Antônio Lopes disse que o quiosque de Rosineide não será relocado, mas garantiu que será feito um reforço para calçar a base e impedir a destruição.
Pouca efetividade das ações
No entanto, 18 dias após a Prefeitura de Natal decretar o estado de calamidade pública no calçadão de Ponta Negra, quase nada foi feito para resolver o problema na área. As medidas paliativas não surtiram o efeito desejado, pois os poucos sacos de areia que foram colocados foram soterrados pela areia da praia diante do avanço das águas do mar. A interdição e isolamento da área afetada, feita por recomendação judicial, duraram apenas um dia, pois, segundo a Defesa Civil de Natal, os populares retiraram os tapumes e as telas de proteção que cercavam a área. O efetivo da Guarda Municipal é insuficiente para garantir a segurança 24 horas da região e os poucos agentes da Defesa Civil que se encontram no local diariamente são poucos para fazer o trabalho de orientação aos transeuntes.
Durante os últimos dias, o que se viu em Ponta Negra foi uma retroescavadeira criando barreiras de areia em frente ao calçadão destruído, no entanto, menos de 24 horas depois do trabalho paliativo, o mar levou parte da areia posta para proteger o calçadão.
Hoje, as barreiras são quase imperceptíveis. Em parceria com o trade turístico, foi tomada a decisão de encher mais de 400 sacos de areia para tentar conter a ação do mar. Os primeiro sacos que foram colocados foram soterrados poucas horas depois.
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Carlos Paiva, afirma que cerca de 30 pessoas estão trabalhando diariamente no local e que será montado um esquema especial na próxima semana. “Já na madrugada do próximo dia 2 de agosto, estaremos com uma equipe de plantão no local para monitorar a situação e orientar os banhistas”.
A Cruz Vermelha também está auxiliando o trabalho da Prefeitura, com um grupo de 16 voluntários. “Todas estas pessoas são formadas no Curso Básico em Proteção de Defesa Civil (CBPDC), oferecido pela própria Cruz Vermelha. Além de ajudar a organizar, os sacos de proteção, orientam os banhistas quanto à segurança no local”, informou o coordenador operacional do Departamento de Resposta a Desastres da Cruz Vermelha de Natal, Gerson Gomes.
Os voluntários da Cruz Vermelha Brasileira no RN estão em Ponta Negra fazendo um cordão de isolamento para orientar as pessoas sobre a melhor maneira de descer à praia e também auxiliando na construção da contenção, com o enchimento dos sacos de areia. A equipe também disponibiliza um socorrista com prancha como medida preventiva. Esta é a primeira vez que a Cruz Vermelha trabalha em conjunto com a Defesa Civil Municipal.
Relocação de quiosques
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) realizou, na semana passada, a remoção do quiosque 13 para o ponto 30, a exemplo do quiosque 14 que foi removido para outra área do calçadão. Segundo o chefe de Engenharia da Semsur, Rubens Ciro Costa, mais três quiosques (15, 16 e 17) serão relocados até a próxima amanhã. Os locais para onde os quiosques estão sendo relocados é indicação da Associação dos Quiosqueiros e a expectativa dos comerciantes é de que mais equipamentos sejam relocados até a próxima semana.
No momento, a Prefeitura espera a liberação dos recursos do Ministério da Integração Nacional para as obras de recuperação emergencial do calçadão. Porém, não há expectativa ou previsão para elaboração de um estudo que aponte uma solução definitiva para o calçadão de Ponta Negra. Carlos Paiva ressalta que há o compromisso do Ministério do Turismo de liberar R$ 500 mil para elaboração de um projeto neste sentido, mas observa que neste momento a prioridade da Prefeitura é garantir a obra emergencial.
“Precisamos recuperar, para ter certeza de que não cairá novamente e possa segurar até que seja feita a obra de forma definitiva. Não tivemos tempo ainda para pensar nesse projeto, mas a Prefeitura também está preocupada quanto à solução definitiva”, afirmou Carlos Paiva.
Recursos ainda não foram liberados
O Ministério da Integração irá liberar, inicialmente, R$ 1 milhão para as obras emergenciais de reconstrução do calçadão de Ponta Negra. O valor corresponde a 25% dos R$ 4 milhões, solicitados pela prefeita Micarla de Sousa, após o reconhecimento do decreto de calamidade pública pela União, na quarta-feira (25). Os recursos são oriundos do Orçamento Geral da União (OGU) e por se tratar de obras de recuperação em situação calamitosa é dispensada a contrapartida por parte do Município.
O secretário Carlos Paiva explicou que é comum o Governo Federal liberar recursos em etapas. Até esta quarta-feira (1), o recurso ainda não havia sido liberado. “É normal que o dinheiro seja liberado em parcelas, à medida que o projeto está sendo executado e comprovado, o restante do dinheiro vai sendo liberado. Esperamos que a liberação da parcela inicial aconteça o quanto antes. O que tinha que ser feito já foi feito, agora é esperar a liberação dos recursos para darmos início às obras”, afirmou.
De acordo com o relatório apresentado pela Defesa Civil de Natal, o valor pleiteado pela Prefeitura foi de R$ 4.050.800,00. Dos quais, R$ 3.674 milhões para a recuperação de 700 metros de trecho danificado pela erosão costeira. Carlos Paiva explica que, após análise do plano de trabalho apresentado pelo Município ao Departamento de Engenharia, o valor dos recursos será definido e repassado. A quantia solicitada é para obras de recuperação e requalificação dos espaços urbanos destruídos pela força do mar na praia de Ponta Negra.
“Essas são obras paliativas. As obras estruturantes, definitivas, estão orçadas em cerca de R$ 80 milhões”, lembrou Micarla de Sousa. A Prefeitura retomou o contato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na tentativa de firmar parceria entre a instituição financeira e o Ministério do Turismo para disponibilizar estudos realizados em 2008, para ordenação da orla de Ponta Negra. “O convênio de R$ 77 milhões, recusado pela Prefeitura na época, gerou um impasse diplomático com o BID, que estamos tentando reverter”, disse.
Após avaliação do Ministério da Integração, o projeto executivo volta para a Prefeitura de Natal. A entrega é a ultima etapa no processo de decreto de calamidade pública, mas não é, segundo a secretária de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi) Teresa Cristina Vieira Pires, fator condicionante para que o Município tenha acesso ao recurso. No caso de execução de ações de recuperação, explica Carlos Paiva, o Município deverá apresentar plano de trabalho no prazo máximo de 90 dias da ocorrência do desastre. Em Natal, o processo decorreu em 15 dias.
Em busca de mão de obra qualificada
A Prefeitura pleiteou ainda, junto ao Ministério da Defesa, a execução de obras via batalhão de engenharia do Exército de outros estados, pois, segundo informações do secretário Carlos Paiva, o batalhão de engenharia no RN declarou não ter experiência nesse tipo de construção, tendo pessoal especializado em construção de estradas e pontes. O Exército informou ainda que não dispõe de engenheiros especializados em reconstrução proveniente de erosão marinha.
“Buscamos o Exército por entender que a burocracia seria menor entre os dois entes federais. E pela larga experiência em obras de reconstrução”, disse Micarla de Sousa. A Prefeitura de Natal busca parceria com o Exército para realização da obra para dar mais credibilidade e celeridade no processo de reconstrução do calçadão.
Em caso de impossibilidade dos militares tocarem a obra, a Semopi irá coordenar o processo de seleção de empresa especializada, por meio de comprovação de qualificação técnica para realizar o serviço. Carlos Paiva explicou que a ideia é que se contrate mais de uma empresa para dar celeridade à reconstrução, sob a coordenação dos técnicos da Semopi.
Carlos Paiva explica que o projeto emergencial não contempla os possíveis danos causados após o fenômeno das marés do dia 2 de agosto. O valor pedido se baseia nos estragos e prejuízos materiais e ambientais diagnosticados após os últimos desabamentos no calçadão de Ponta Negra, os quais foram registrados nos dois relatórios entregues pela prefeita em Brasília, na última segunda-feira, 23. Os documentos apontam uma área de 500 metros para reconstrução e outro trecho de 200 metros para reparação de danos. Caso a previsão de nova destruição seja confirmada, esclarece Carlos Paiva, a Prefeitura poderá “pedir novo aporte de recursos”.
Sacos de areia
O enchimento dos 420 sacos de areia de 1,5 tonelada previsto para ser concluído na semana passada, ainda não tem previsão. Do total, somente 120 foram colocados, até a manhã de ontem. Parte das ‘big bags’ instaladas na sexta-feira passada, em frente ao Hotel Manary, está aterrada e no nível do mar. “Não houve a erosão, mas do jeito que está não evita que maré venha e atinja o calçadão”, observa o barraqueiro Francisco Dias.
Cerca de 60 metros adiante, em frente Blue Marlin e King’s Hotel, cerca de 30 sacos foram sobrepostos formando uma barreira maior. “A dificuldade no avanço do trabalho é a falta de experiência por parte dos operários da Prefeitura e da Marinha, além da limitação de tempo para o uso de retroescavadeiras, devido às marés”, explica a secretária de obras Teresa Cristina Vieira.
O diretor da Defesa Civil de Natal, Irimar Matos do Nascimento não será possível concluir o enchimento dos sacos até a maré do dia 2 de agosto. “Mas conseguiremos encher pelo menos a metade, o que será suficiente para conter a ação da maré”, afirmou.
O presidente da ABIH-RN, Habib Chalita, disse que 15 hoteleiros de Ponta Negra investiram R$ 6 mil na aquisição de sacos de armazenagem de sal, para enchê-los de areia na tentativa de bloquear os impactos da maré alta. O dirigente reclama, porém, que a Prefeitura de Natal não cumpriu o acordo, já que não encheu os sacos de areia.
Fonte: http://jornaldehoje.com.br
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