Promotora pede à Justiça interdição do calçadão de Ponta Negra (Natal - RN)

"Ponta Negra pede socorro", afirma promotora | Foto: Frankie Marcone/DF
Na manhã deste sábado (7), a promotora do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, Gilka da Mata, compareceu ao prédio da Justiça Estadual e entregou, na sala do plantão cível, uma ação cautelar pedindo a interdição urgente do calçadão de Ponta Negra, que vem sendo fortemente degradado com a ação das marés altas, desde fevereiro de 2012. "Ponta Negra está pedindo socorro. Esse passo é determinante para que possamos contemplar uma solução para a desordem instalada e para que tenhamos garantido o futuro da nossa orla e do turismo na capital", afirma Gilka.

Segundo consta no documento entregue pela promotora Gilka da Mata, no último dia 4 de julho foi detectada na cidade de Natal uma nova alteração significativa da dinâmica marinha, o que acarretou o aumento exagerado das marés, que acabaram por atingir a faixa de areia da Praia de Ponta Negra, o “calçadão” e as escadarias de acesso à praia, deixando o local em estado de completa desordem urbanística e ambiental, com exposição de risco à saúde e à vida das pessoas que passam pelo local.

Saiba mais sobre os problemas de Ponta Negra

A visita do Ministério Público foi feita em companhia do professor e doutor em Geologia e Erosão Marinha Venerando Eustáquio, que alertou paro o avanço natural do mar e para o trabalho em vão que estava sendo realizado pela prefeitura. A petição da promotora é de que seja feita a completa interdição do local e que sejam iniciados trabalhos que recuperem o calçadão em longo prazo, visto que as obras já iniciadas pela empresa contratada pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, a Vecon, estão começando a apresentar rachaduras, o que mostra que o lugar restaurado deverá ceder novamente.

"De nada adianta fazer medidas paliativas. É desperdício de dinheiro e de tempo. É visível o desgaste do calçadão a cada nova maré. Postes e coqueiros estão à mercê de uma nova intempérie e podem ceder a qualquer momento. Chegou o momento de reagir", colocou Gilka.

As obras definitivas dependem, portanto de estudos aprofundados sobre a erosão costeira no local e sobre outros processo existentes, tais como o de progradação, que é um processo natural de ampliação das praias provocada pelo mar. Segundo Gilka, no momento da audiência com a Semsur, os técnicos da prefeitura alegaram que não havia sido feito nenhum estudo para que a situação fosse analisada e soluções fossem definidas. "Sem estudos e decisões pautadas nas análises dos especialistas não podemos dar um passo sequer para recuperar esse patrimônio público", finaliza.

Praia agoniza com poluição e destroços

A equipe do DeFato.com foi até a praia de Ponta Negra na manhã deste sábado (7) e constatou os novos trechos que cederam durante a madrugada. Efluentes de esgoto jorravam dos canos rompidos abaixo do calçadão e desembocavam direto na praia. Turistas e banhistas que caminhavam pela praia tapavam as narinas por causa do mau cheiro. Cada vez menos espaço é possível ver no calçadão, que fica acumulado com a concentração de vendedores informais ao longo da orla.

Para o comerciante Otávio Silva, de 26 anos, a situação é de descaso. As vendas decresceram sobremaneira e não há quem queira sentar-se ao lado do esgoto. "Cada dia a situação piora. Já não bastava a péssima aparência de destruição e descuido do calçadão; vem o esgoto para colaborar com o nosso prejuízo", lamentou.
 
Fonte: Jornal de Fato

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