Entulho e metralha afastam turistas

Deterioração do calçadão traz impactos negativos para o turismo. Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press
A quantidade de entulho e lixo que se espalhou pela orla com a destruição do calçadão de Ponta Negra visivelmente afetou o fluxo de pessoas na praia de Ponta Negra. Athier Ferreira da Silva, gerente do King's Hotel Flat, disse que a taxa de ocupação atual é de 50%, e já tem 18% de reservas para agosto. "Os turistas que vêm se decepcionam. Não há acessos à praia. Eles precisam tomar café, almoçar, com esse fedor. Quem desce para a praia reclama das pedras e ferros. Na maré alta, é um risco. O esgoto também deixa a praia imprópria para banho", reclamou. O gerente conta que o hotel recebe muitos turistas, e inclusive Pelé, atleta que fez história no futebol mundial, tem alguns apartamentos na unidade que ele administra.

O empresário reclama da morosidade do poder público. "Se tivessem feito obras de contenção antes, evitariam cair a primeira base. Agora a água da maré alta bate diretamente na areia. A gente até se assusta e corro risco de deixar a empresa por causa da queda do númerode hóspedes", lamentou. Não apenas os hotéis contabilizam prejuízos. Na praia mesmo há quem tenha sentido a perda no movimento do comércio informal. A comerciante Rosângela Souza, que tem um ponto de venda na areia da praia, onde serve petiscos e bebidas, reclamou da queda no fluxo de pessoas e da fedentina provocada pela presença de ligações clandestinas de esgoto na orla.

"Dificilmente eles vêm fazer alguma obra. Quando vêem, deixam pela metade. Veja ai esse buraco, foi a Caern quem abriu. Eram uns oito homens, vieram na sexta-feira, colocaram um cano e deixaram o estrago. Nem taparam o buraco, ficou as pedras no calçadão, as pessoas tropeçando. Com todo esse transtorno, passei o sábado inteiro sem vender uma cadeira sequer por causa do fedor", contou Rosângela. Já o professor de geografia da UFRN, Aldo Dantas, que frequenta o local para fazer caminhadas, criticou as autoridades que colocaram a culpa no desabamento no aquecimento global. "A geomorfologia costeira explica como um movimento natural do mar. Culpar mudanças climáticas é bobagem. É preciso estabelecer uma forma de se conviver com isso. O Rio de Janeiro fez isso, no Aterro do Flamengo. Aqui seria preciso uma engorda da praia, talvez", supõe.

O juiz Otto Bismarck está ciente dos problemas que acarretam a interdição no calçadão, mas justificou que os efeitos negativos no comércio e no setor turístico "são irrelevantes diante do risco concreto de acidentes graves, com perda de vidas, e na prática já são vivenciados pelos empresários com atuação na região, haja vista que independentemente da interdição formal, as áreas atingidas já se acham intransitáveis", colocou. 

Fonte: Diário de Natal

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