Municípios não detêm erosão

Segundo estudo do Ministerio do Meio Ambiente 58,8 km de praias paraibanas estão ameaçadas pelo avanço do mar.

Oito meses após o Ministério do Meio Ambiente divulgar um estudo que constatou que quase metade das praias da Paraíba está ameaçada pelo avanço do mar, as prefeituras das três cidades mais atingidas ainda não iniciaram nenhuma obra para deter a erosão. Falta de recursos e entraves burocráticos são apontados como as principais causas.

Segundo o estudo 'Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro', divulgado em setembro do ano passado, a Paraíba possui 140 quilômetros (km) de praias. Destes, 58,8 estão ameaçados pelo processo de erosão. As áreas mais atingidas são as praias de Lucena, Intermares, Campina e Poço (em Cabedelo); Cabo Branco, Ponta do Seixas, Jacarapé (em João Pessoa); Jacumã, Carapibus, Praia Bela e Coqueiro (no Conde).

Em Cabedelo, o último projeto criado para conter o avanço do mar ocorreu na década de 90, como explica o atual secretário do Meio Ambiente da cidade, Walber Farias. Segundo ele, na época, foram implantadas no mar algumas estruturas chamadas de “gabiões”, usadas para reduzir a intensidade das ondas e evitar que a maré alta provoque erosão na praia.

No entanto, devido à falta de recursos, não houve manutenção e esses acessórios perderam a utilidade. “Os gabiões se fragmentaram, o que é um processo natural. Seriam necessárias novas intervenções, à base das tecnologias que dispomos hoje.

Mas isso exige muitos recursos, porque precisam ser feitos por empresas e equipes especializadas”, observa.

Atualmente, Cabedelo não tem nenhum projeto em estudo ou em execução para deter o avanço do mar. “Cabedelo não tem verbas para isso. São projetos que precisam de dinheiro federal, que foi encaminhado apenas para João Pessoa. Ainda estamos aguardando o envio de emenda parlamentar, mas, até agora, não recebemos nada. Por isso, não temos projeto e nem previsão de elaborar um”, completou Walber.

Segundo o secretário, a área mais atingida na cidade é a praia do Poço, mas a degradação não se deve apenas ao avanço do mar.

“Nesses locais, o processo erosivo ocorre também por causa da invasão da área. Em locais, onde havia praia, duna e vegetação, agora, existem casas, construídas de forma irregular.

O Patrimônio da União e o Ministério Público Federal têm atuado, numa ação constante, mas essa situação ainda é preocupante”, observou.

No Conde, distante 19 quilômetros de João Pessoa, a situação é a mesma. Apesar do turismo ser a principal fonte de renda da cidade, a prefeitura não tem nenhum projeto para deter a erosão dos principais pontos turísticos do local. De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente, Saulo Barreto, o motivo é a falta de recursos financeiros.

“Temos várias falésias vivas, que vivem em constante mudança em virtude do tempo. Qualquer intervenção nessas áreas exige projetos caríssimos, que exigem contratação de geólogos, urbanistas e outros profissionais especializados. Sabemos do perigo e da necessidade de um projeto como esse, mas não temos dinheiro para isso. Estamos à mercê dos governos estadual e federal", disse Saulo Barreto.

Apesar da falta de recursos, o secretário destaca que a prefeitura realiza ações preventivas para reduzir o grau de devastação. “Cumprimos todas as normas dos órgãos de defesa do meio ambiente na hora de fazer a liberação de construção nas proximidades das falésias”, ressaltou. 
 
Nathielle Ferreira
(Colaborou Luzia Santos)
http://jornaldaparaiba.com.br
 

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